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Guia Tóquio 2020: Vela

Guia Tóquio 2020: Vela


FICHA TÉCNICA
Local de disputa: Yacht Clube de Enoshima
Período: 24/07 a 04/08
Número de delegações participantes: 65
Total de atletas: 342 
Brasil: 13 atletas em 8 categorias: Martine/Kahena, na 49erFX; Robert Scheidt, na Laser; Ana/Fernanda, na 470; Jorge Zarif, na Finn; Samuel/Gabriela, na Nacra 17; Marco/Gabriel, na 49er; Patrícia Freiras, na RS:X; e Henrique/Bruno, na 49er.

HISTÓRICO
O barco à vela começou a ser pensado esportivamente no século XVIII, com a criação do primeiro clube de iatismo na Irlanda em 1720, o Royal Cork Yatch Clube. Mas antes, ainda no século 17, um tipo de embarcação chamado de “jaghtstchip” foi criado nos Países Baixos, com o intuito de atender interesses comerciais e treinar marinheiros.

No Brasil, o esporte demorou a chegar e foi trazido por descendentes de europeus apenas no final do século XIX, quando a primeira Olimpíada da Era Moderna estava prestes a começar.

A vela é dos esportes mais tradicionais dos Jogos Olímpicos. Na primeira edição olímpica, em 1896, o iatismo já estava presente no cronograma olímpico. A ideia era ter competição de apenas uma classe, a de barcos da marinha real, mas na verdade nunca aconteceu, já que a disputa não teve barcos inscritos.

A modalidade, então, teve sua estreia na competição em Paris-1900, com sete classes em disputa. A vela permanece regularmente no cronograma olímpico desde 1908, após ficar ausente da competição em 1904, em St. Louis. Em Antuérpia-1920, a vela olímpica teve 16 classes em disputa, até hoje o recorde de uma edição. Em Tóquio, serão dez, sendo cinco masculinas, quatro femininas e uma mista.

O esporte mudou bastante desde sua primeira Olimpíada. Antigamente, a preferência era por embarcações maiores, que chegavam a ter até 12 marinheiros. Entretanto, o passar dos anos priorizou barcos mais modernos, menores e com capacidade para menos tripulantes. Pequim-2008 foi a última vez que a vela teve um evento com mais de dois atletas por barco.

Grã Bretanha comemorando ouro na classe Yngling nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008
Britânicos comemora ouro na classe Yngling em Pequim 2008 (Foto: Divulgação)
Hoje, a prioridade da World Sailing, a federação internacional de vela, é desenvolver disciplinas mais antigas e que possuem grande história na vela mundial, como a Finn e a 470, e trazer classes mais modernas e com grande avanço de design tecnológico, como as 49er/49er FX e a Nacra 17.


BRASIL
Com sete ouros, três pratas e oito bronzes, o Brasil tem a vela como terceiro maior número de medalhas na história olímpica, ficando atrás apenas do judô e dos vôlei de quadra e praia. Das 18 medalhas brasileiras, a primeira saiu na Cidade do México, em 1968, com Reinaldo Conrad e Burkhard Cordes levando o bronze na classe Flying Dutchman.

É também das águas os atletas brasileiros com mais medalhas olímpicas: Torben Grael e Robert Scheidt. Cada um conquistou cinco medalhas em Olimpíadas, e Scheidt ainda terá a chance de conquistar a sexta em Tóquio. Aos 48 anos, ele irá para sua sétima Olimpíada, um recorde junto com a Formiga, do futebol, e Rodrigo Pessoa, do hipismo.

Robert Scheidt em regata na Rio 2016
Scheidt durante regata na Rio 2016 (Foto: Divulgação/COB)
A vela também é o esporte com mais ouros na história olímpica do Brasil. Ao todo, são sete. O último foi com Martine Grael e Kahena Kunze, na classe 49er FX, que conquistaram a medalha dourada em uma Baía de Guanabara lotada, na Rio-2016.


FORMATO DE DISPUTA
A vela é bem fácil de entender. O formato é a corrida de frota, a mais comum da vela competitiva, envolvendo barcos correndo em um circuito. O vencedor ganha um (1) ponto, o segundo colocado recebe dois (2) pontos e assim sucessivamente. Ou seja, a pontuação recebida é de acordo com a posição final de cada regata.

O número de competidores varia de acordo com cada evento. Como exemplo, na Laser Radial, 44 atletas disputarão cada corrida, enquanto na Finn serão apenas 19 competidores.

Também há uma regra para os velejadores/equipes que forem desclassificadas ou não completarem uma regata. Para estes, será dado um (1) ponto a mais do que o número total de competidores. Por exemplo, se houver 30 embarcações numa prova, não completar uma regata resultará em uma pontuação de 31 pontos.

Há também um descarte do pior resultado para cada embarcação. Ganha o torneio olímpico quem somar o menor número de pontos nas 10 ou 12 regatas disputadas, de acordo com cada classe. Na Laser, Laser Radial, Finn, 470 Masculino e 470 Feminino são realizadas dez corridas. Por outro lado, a RS:X Masculino, RS:X Feminino, 49er, 49erFX e Nacra 17 terão 12 séries de corridas.

Em cada classe há também a medal race (corrida da medalha), que é a última corrida da competição e, como o nome já diz, coroa os medalhistas. Ela reúne apenas os 10 melhores competidores/duplas da classificação até então. Nela, os pontos são dobrados, dando dois pontos para o vencedor e 20 pontos para quem terminar em 10º lugar.

Após a regata da medalha são definidos os pódios, já tirando a regata de descarte. Havendo empate entre as definições de posições, tem vantagem quem terminou mais a frente na corrida da medalha.

Guia Tóquio 2020: Curiosidades Vela

ANÁLISE

RS:X MASCULINO
Datas: 25/07, 26/07, 28/07, 29/07 e 31/07
Regata da medalha: 31/07, às 3h33
Competidores: 24 velejadores

Favorito ao ouro: Kiran Badloe (NED)
Candidatos a medalha: Thomas Goyard (FRA), Mattia Camboni (ITA) e Byron Kokkalanis (GRE)
Podem surpreender: Yoav Cohen (ISR) e Pyotr Myszka (POL)
Brasil: Sem representantes

A RS:X é a classe mais radical da vela. A classe utiliza embarcações do tipo windsurf e requer habilidade e força, já que o atleta fica em pé na prancha e apoia diretamente a mão na vela. No masculino a vela é verde e amarela, para fazer uma diferenciação em relação à feminina.

A estreia olímpica do windsurfe foi em Los Angeles-1984 com a classe Windglider. A Mistral foi a classe do windsurfe que esteve dos Jogos de Atlanta-1996 até Atenas-2004, durando três ciclos olímpicos. Em Pequim-2008 estreou a RS:X, após vir em desenvolvimento desde 2004.

O principal nome do windsurfe olímpico é o britânico Nick Dempsey. Ele possui três medalhas olímpicas: um bronze em Atenas-2004 na classe Mistral e duas pratas no RS:X, em Londres-2012 e na Rio-2016

Na prova masculina da RS:X dois grandes nomes farão falta na disputa em Tóquio. Dorian van Rijsselberghe, atual bicampeão olímpico representando o Países Baixos, e Pierre Le Coq, francês que foi bronze na Rio-2016. A boa notícia é que tanto os neerlandeses quanto os franceses podem esperar medalha em Tóquio.

Kiran Badloe foi o escolhido por Países Baixos. Não tinha como não ser convocado, já que trata-se do atual tricampeão mundial da classe RS:X, além de ter ficado com a prata no Campeonato Mundial de vela em 2018, perdendo justamente para seu compatriota. Aliás, van Rijsselberghe foi prata quando Badloe conquistou o ouro nos Mundiais de 2019 e 2020. Em 2021, o bicampeão olímpico nem disputou competições, aceitando que o momento era de Badloe.

Kiran Badloe segurando sua embarcação
Badloe é "o cara" desta prova (Foto: Ayolt Kloosterboer/NOS Studio Sport)
 Já na França, Pierre Le Coq lutou até os instantes finais para representar seu país em mais uma Olimpíada, mas a vaga ficou com Thomas Goyard.

Interessante falar que o pódio olímpico desta Olimpíada será completamente novo na RS:X masculino, já que nenhum dos medalhistas no Rio estarão na corrida em Tóquio. Tom Squires representará a Grã-Bretanha em Tóquio após Nick Dempsey levar duas pratas seguidas em Londres e no Rio.

Na briga pelas medalhas, vem Mattia Camboni (ITA), 10º na Olimpíada do Rio e medalhista de prata no Mundial deste ano, Byron Kokkalanis (GRE), 5º na Rio-2016 e bronze no Mundial disputado em abril deste ano, além do francês Thomas Goyard, que faturou o bronze em 2020 e está entre os principais atletas da classe.

Vale uma menção honrosa a Pyotr Myszka (POL), que bateu na trave no Rio e vem sempre no bolo para brigar por medalha, e ao israelense Yoav Cohen, que assegurou sua vaga olímpica aos 20 anos com a quinta posição no Mundial deste ano, mesmo - em tese -, sendo a quarta força entre os cinco barcos de Israel que disputaram a prova.


RS:X FEMININO
Datas: 25/07, 26/07, 28/07, 29/07 e 31/07
Regata da medalha: 31/07, às 2h33
Competidores: 27 velejadores

Favorita ao ouro: Lilian de Geus (NED)
Candidatas a medalha: Charline Picon (FRA), Katy Spychakov (ISR) e Yunxiu Lu (CHN)
Podem surpreender: Patrícia Freitas (BRA)
Brasil: Patrícia Freitas

O windsurfe feminino até esteve em Los Angeles-1984, mas foi como evento de exibição. Só em 1992, na Olimpíada de Barcelona, que as mulheres entraram de vez na vela olímpica.

A atleta mais condecorada do windsurfe feminino é a italiana Alessandra Sensini, que faturou quatro medalhas olímpicas. Foram dois bronzes e um ouro na Mistral, um bronze em Atlanta-1996 e outro em Atenas-2004, com o ouro sendo conquistado em Sydney-2000. Já na RS:X ela ainda chegou em segundo na competição de Pequim-2008.

Falando só no barco da RS:X feminino nunca houve um campeão olímpico repetido nas três edições em que a classe esteve na Olimpíada. Em 2008, o ouro foi para a China com Jian Yin, enquanto em 2012 a espanhola Marina Alabau levou o título. Da França, Charline Picon é atual medalhista de ouro e pode lutar novamente pela medalha, pois segue entre as melhores do mundo.

A favorita ao ouro, assim como no masculino, é para uma atleta do Países Baixos. Lilian de Geus foi ouro no Campeonato Mundial de Aarhus 2018, bronze no Mundial de 2019 e ouro em 2020 e 2021, sempre com larga vantagem para a medalhista de prata.

A briga pelo pódio deve ficar entre três atletas. A própria Picon, que soma duas pratas em Mundiais no ciclo olímpico e é atual medalhista de bronze no Mundial de 2021, além da jovem israelense Katy Spychakov, prata em 2019 e neste ano, e a chinesa Yunxiu Lu, campeã do mundo em 2019. Lu derrotou uma forte concorrência na própria China, como a medalhista de prata olímpica Peina Chen.

Patrícia Freitas mais uma vez representará a bandeira brasileira em uma Olimpíada. Ela foi 18ª em Pequim-2008, 13ª em Londres-2012 e 8ª na Rio-2016. Neste ciclo olímpico, foi campeã dos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019 e vem de um bom 8º lugar no Mundial deste ano. Encaixando boas regatas, tem chances de surpreender no pódio.

Patrícia Freitas em regata representando o Brasil
Patrícia Freitas pode ser surpresa em Tóquio (Foto: Sailling Energy)

LASER MASCULINO
Datas: 25/07, 26/07, 27/07, 29/07, 30/07 e 01º/08
Regata da medalha: 01º/08, às 2h33
Competidores: 33 velejadores

Favoritos ao ouro: Philipp Buhl (GER) e Matthew Wearn (AUS)
Candidatos a medalha: Robert Scheidt (BRA), Pavlos Kontides (CYP) e Tonci Stipanovic (CRO)
Podem surpreender: Jean Baptiste Bernaz (FRA), Sam Meech (NZL) e Elliot Hanson (GBR)
Brasil: Robert Scheidt

A classe Laser é uma das mais conhecidas do mundo. Não a toa é uma prova que sempre tem as maiores flotilhas nos eventos pelo mundo. O bote para apenas uma pessoa tem fácil acesso pelo mundo, com montagem simples. Por conta disso, desde 1996 a classe está presente no cronograma olímpico.

E se for para falar da história da classe Laser, é óbvio que temos que citar Robert Scheidt, próximo de ir para sua sétima Olimpíada. Ele é um dos três velejadores a levar cinco medalhas olímpicas, três delas oriundas da classe - ouro em Atlanta-1996, prata em Sydney-2000 e ouro em Atenas-2004.

Depois de se aventurar pela classe Star, ele retorna em busca de sua sexta medalha olímpica. Ben Ainslie, da Grã-Bretanha, é quem também tem cinco medalhas e dividiu boas brigas por posições com o brasileiro.

Falando especificamente de Tóquio, a Laser é das classes mais abertas. Para se ter ideia, os últimos três Mundiais tiveram campeões diferentes. O cipriota Pavlos Kontides venceu em 2018, enquanto Tom Burton colocou a Austrália no alto do pódio em 2019 e o alemão Philipp Buhl venceu em 2020.

Philipp Buhl comemora título mundial
Buhl comemorando o título mundial de 2020 (Foto: Jon West)
Tirando Burton - atual campeão olímpico -, os outros dois estarão em Tóquio e brigam por medalha. Kontides ficou com a prata na Olimpíada de Londres, o primeiro atleta do Chipre a conquistar uma medalha olímpica, enquanto Buhl cresceu demais neste ciclo olímpico.

Se Burton não estará presente, caberá a Matthew Wearn representar a escola australiana na Laser. A Austrália venceu as duas últimas Olimpíadas na Laser masculino e chega forte novamente com Wearn, três vezes medalhista de prata neste ciclo olímpico em Campeonato Mundial.

Quarto em Londres e prata na Rio-2016, o croata Tonci Stipanovic é mais um que tem chances de medalha em Tóquio. No Mundial de 2020 ele ficou com bronze.

E claro, não dá pra descartar o lendário Robert Scheidt. O brasileiro conquistou uma prata no Campeonato Europeu deste ano, ficando apenas um ponto atrás de Buhl. Scheidt ainda terminou a frente de nomes como Kontides e Stipanovic.

Corre por fora o atleta da Nova Zelândia, Sam Meech, bronze no Rio à frente do Scheidt, o francês Jean Baptiste Bernaz, quinto colocado na última Olimpíada, e o britânico Elliot Hanson, campeão europeu.


LASER RADIAL FEMININO
Datas: 25/07, 26/07, 27/07, 29/07, 30/07 e 01º/08
Regata da Medalha: 01º/08, às 03h33
Competidores: 44 velejadoras

Favorita ao ouro: Marit Bouwmeester (NED)
Candidatas a medalha: Anne-Marie Rindon (DEN) e Emma Plasschaert (BEL)
Podem surpreender: Paige Railey (USA), Lise Flem Host (NOR) e Alison Young (GBR)
Brasil: Sem representantes

A classe Laser Radial, a versão da Laser no feminino, tem uma pequena e única diferença: o mastro da parte de baixo da vela é mais flexível e um pouco mais curto do que na versão masculina, também apresentando uma área de vela 18% menor para as mulheres. A primeira aparição foi em Pequim 2008 para elas e segue até hoje. Em Tóquio, o número de 44 atletas classificados será o maior da história da Laser Radial em Olimpíada.

O grande nome da prova é a neerlandesa Marit Bouwmeester, prata em Londres e ouro no Rio. Ela é favorita ao ouro em Tóquio, o que a deixaria num seleto grupo de mulheres que medalharam três vezes na vela olímpica.

Marit Bouwmeester com a medalha de ouro no peito
Bouwmeester é atual campeã olímpica (Foto: World Sailling)
Ela foi prata no Mundial de 2018 e 2019, mas venceu o Mundial de 2020. Na cola dela na briga pelo ouro pode ter uma belga, Emma Plasschaert, campeã em 2018, e uma dinamarquesa, a Anne-Marie Rindon, bronze na Rio-2016 e campeã mundial em 2019.

A britânica Alison Young está presente no bolo do top-10, foi assim em duas Olimpíadas até chegar ao pódio do Mundial de 2019. Quem também está neste pelotão é a norte-americana Paige Hailey, mas sem nunca ter medalhado em grandes competições. Flem Host vem de um bronze para a Noruega no Mundial de 2020 e também é outra velejadora que pode surpreender.


FINN MASCULINO
Datas: 27/07, 28/07, 29/07, 31/07, 01º/08 e 03/08
Regata da Medalha: 03/08, às 02h33
Competidores: 18 velejadores

Favorito ao ouro: Josh Junior (NZL) e Zsombor Berecz (HUN)
Candidatos a medalha: Max Salmimen SWE | Nicholas Heiner NED | Joan Cardona ESP
Podem surpreender: Giles Scott GBR e Jorge Zarif (BRA)
Brasil: Jorge Zarif

A classe Finn é a mais antiga que permanece no cronograma atual da vela olímpica. O nome, inclusive, tem a ver com uma tentativa de achar um novo protótipo de barco para a Olimpíada de Helsinque-1952. Foi aí que o sueco Rickard Sarby desenvolveu a classe Finn (Finlandês em tradução literal), a mesma que viria a conquistar a medalha de bronze.

A Grã-Bretanha ganhou as últimas cinco medalhas de ouro desta classe em Olimpíadas. Iain Percy venceu em Sidney-2000, seguido de um tricampeonato olímpico para Ben Ainslie de 2004 a 2012. Já em 2016, no Rio de Janeiro, foi a vez de Giles Scott ficar com o ouro.

Jorge Zarif em treino na Baía de Guanabara
Zarif em treino na Baía de Guanabara (Foto: Carlos Vaz)
Entretanto, a Olimpíada de Tóquio tem tudo para ter uma nova bandeira no alto do pódio da Finn. Giles Scott até estará na Olimpíada, mas não está entre os favoritos à medalha no torneio.

A prova está aberta, com pelo menos cinco velejadores podendo conquistar o ouro olímpico. Uma ligeira vantagem vai para o neozelandês Josh Junior - 7º na Olimpíada do Rio. Nos últimos anos, ele ficou em quarto no Campeonato Mundial de Aarhus, além de ter sido campeão mundial em 2019 e bronze neste ano.

Outro que também sai na frente junto com Junior é o húngaro Zsombor Berecz. Campeão do mundo em Aarhus-2018, bronze em 2019 e quarto colocado neste ano. Max Salmimen (SWE), Nicholas Heiner (NED) e Joan Cardona (ESP) medalharam nos Mundiais do ciclo e prometem batalhar pela medalha olímpica.

Vasilij Zbogar, esloveno medalhista de prata no Rio, e Caleb Paine, que ficou com bronze, se quer classificaram para Tóquio-2020. Já o brasileiro Jorge Zarif, quarto na Olimpíada do Rio, estará em mais um evento olímpico. Ele vem de altos e baixos no ciclo, alternando entre bons resultados, como um top-10 no tradicional Trofeo Princesa Sofia, em 2019, e um título na etapa de Genova na Copa do Mundo no mesmo ano, para resultados acima do 30º lugar nos últimos Mundiais.


49er MASCULINO
Datas: 27/07, 28/07, 30/07, 31/07 e 02/08
Regata da Medalha: 02/08, às 03h33
Competidores: 19 duplas (38 velejadores)

Favoritos ao ouro: Peter Burling/Blair Tuke (NZL)
Candidatos a medalha: Erik Heil/Thomas Ploessel (GER) e Diego Botín/Iago López (ESP)
Podem surpreender: Dylan Fletcher-Scott/Stuart Bithell (GBR) e Sime Fantella/Mihaill Fantella (CRO)
Brasil: Gabriel Borges e Marco Grael

A classe 49er surgiu no final dos anos 90 com o intuito de aparecer na Olimpíada de Sidney, em 2000. E deu certo. Após uma prova de testes que rendeu bons resultados, a classe foi aprovada para entrar no calendário olímpico da vela.

O barco é um bote de duas mãos, ou seja, com dois velejadores controlando o barco. Na verdade, um velejador tem papel diferente do outro. O atleta que fica no leme normalmente é quem toma as maiores decisões de estratégias, já que é ele quem dirige o barco. Enquanto isso, o velejador da tripulação controla as velas, normalmente tendo mais força física.

Quem domina o cenário internacional da 49er para os homens é a dupla Peter Burling e Blair Tuke, da Nova Zelândia. O currículo deles apresenta uma prata em Londres, um ouro no Rio, além de serem os atuais bicampeões mundiais da prova. Chegam para finalizar o terceiro ciclo olímpico em alto nível e francos favoritos ao ouro.

Outra dupla de destaque na prova será Erik Heil e Thomas Ploessel, da Alemanha. Eles conquistaram a medalha de bronze na Olimpíada de 2016 e seguem em alto nível. Ficaram com a prata no Mundial de 2019 e terminaram com o bronze em 2020.

Um pouco atrás desses nomes há outros times que podem surpreender, como Diego Botín e Iago López, da Espanha, e os irmãos Sime e Mihail Fantella, representando a Croácia. Mas foi a dupla kiwi que triunfou no Rio 2016, com os australianos se contentando com a prata.

E como os outros medalhistas olímpicos duplos 49er não estão mais competindo na classe, Burling & Tuke se tornará a equipe 49er mais bem-sucedida da história olímpica se conquistar a medalha em Tóquio 2020.

Gabriel Borges e Marco Grael em comemoração do título sulamericano conquistado no Rio de Janeiro
Gabriel e Marco comemorando título sulamericano (Foto: Volnys Bernal)
Os brasileiros Marco Grael e Gabriel Borges vão para mais uma Olimpíada. No Rio eles terminaram em 11º lugar, enquanto a melhor posição deles a nível Mundial neste ciclo foi a 13ª colocação em 2020. Eles também faturaram o ouro em Lima-2019 e chegam para surpreender em solo japonês.


49er FX FEMININO
Datas: 27/07, 28/07, 30/07, 31/07 e 02/08
Regata da Medalha: 02/08, às 02h33
Competidores: 21 duplas (42 velejadores)

Favoritas ao ouro: Martine Grael/Kahena Kunze (BRA), Annemiek Bekkering/Annete Duetz (NED) e Tamara Echegoyan/Paula Barceló (ESP)
Candidatos a medalha: Ida Marie Baad Nielsen/Marie Thusgaard Olsen (DEN), Charlotte Dobson/Saskia Tidey (GBR) e Stephanie Roble/Maggie Shea (USA)
Podem surpreender: Alex Maloney/Molly Meech (NZL)
Brasil: Martine Grael e Kahena Kunze

A classe feminina do 49er estreou no Rio de Janeiro em Olimpíadas. Lá, foi Martine Grael e Kahena Kunze que comemoraram o ouro nas águas da Baía de Guanabara. As brasileiras lutaram até os metros finais da regata da medalha para conquistarem o ouro.

A prata ficou com Alex Maloney e Molly Meech, da Nova Zelândia, enquanto o bronze foi para a Dinamarca com Jena Mai Hansen e Katja Salskov-Iversen. A dupla neozelandesa estará em Tóquio, assim como as brasileiras. Já Hansen e Salskov-Iversen não competem mais na 49er FX.

Maloney e Meech não são candidatas à medalha, mas podem ser uma boa surpresa. Já Martine Grael e Kahena Kunze estão sempre medalhando em competições internacionais. Nos últimos anos, elas ficaram com a quarta posição em 2018 no Campeonato Mundial em Aarhus, na Dinamarca, além de uma prata no Mundial de 2019.

Martine Grael e Kahena Kunze no pódio olímpico da Rio 2016
Martine e Kahena com o ouro no Rio de Janeiro (Foto: Reprodução/Facebook)
Já neste ano, elas vêm de pódios importantes em torneios como o Cascais Champioships e a Regata Internacional de Lanzarote. Essa última elas saíram com o título do campeonato, batendo as campeãs mundiais em 2019, Annemiek Bekkering/Annette Duetz, dos Países Baixos. A prova reunia as melhores do mundo, com o bronze indo para as espanholas Tamara Echegoyen/Paula Barceló.

Barcos de pelo menos cinco países brigam pelas medalhas olímpicas, com inclusão das brasileiras - que têm claras chances de consagrarem-se bicampeãs olímpicas na classe 49er FX. Apesar disso, não tem uma dupla amplamente favorita a sair com o ouro das águas de Enoshima.

Além do Brasil, Países Baixos e Espanha têm ligeira vantagem, porém não dá para descartar nomes como de Ida Marie Nielsen/Marie Olsen, da Dinamarca, da dupla britânica formada por Charlotte Dobson/Saskia Tidey e das norte-americanas Stephanie Roble/Maggie Shea.


470 FEMININO
Datas: 28/07, 29/07, 30/07, 01º/07, 02/08 e 04/08
Regata da Medalha: 04/08, às 03h33
Competidores: 21 duplas (42 velejadores)

Favorito ao ouro: Kondo Yoshida Ai/Yoshioka Miho (JPN), Silvia Mas Depares/Patrícia Cantero Reina (ESP), Hannah Mills/Eilidh McIntyre (GBR)
Candidatos a medalha: Camile Lacointre/Aloise Retornaz (FRA), Afrodite Zegers/Lobke Burkhout (NED) e Elena Berta/Bianca Caruso (ITA)
Podem surpreender: Fernanda Oliveira/Ana Barbachan (BRA)
Brasil: Fernanda Oliveira e Ana Barbachan

4,70m é o comprimento do barco da classe 470. O bote para dois velejadores foi projetado na década de 1960 e estreou nos Jogos Olímpicos de Montreal, no ano de 1976. Até Seul-1988, era um evento que ambos os sexos disputavam em conjunto, até que o 470 feminino foi a primeira classe apenas para as mulheres.

Em Tóquio, duas atletas podem chegar à terceira medalha olímpica nesta classe. A neerlandesa Lobke Berkhout ficou com a prata em Pequim-2008 e o bronze em Londres-2012. Em Enoshima, ela fará dupla com Afrodite Zegers. Elas são as atuais vice-campeãs mundiais.

Por sua vez, a britânica Hannah Mills tem tudo para sair da Olimpíada em solo japonês como a maior velejadora da história da Grã-Bretanha. Ela tem uma prata em Londres e ouro no Rio ao lado de Saskia Clark. Desta vez ela competirá ao lado de Eilidh McIntyre e com totais chances de pódio. Foram quinto lugar no Mundial deste ano, mas vêm de bronze em 2018 e ouro no Mundial de 2019.

A Espanha é outro país com um barco fortíssima na 470 Feminino. Silvia Mas Depares e Patrícia Cantero Reina foram prata em 2018 e consagraram-se campeãs mundiais neste ano.

Fernanda Oliveira e Ana Barbachan em etapa da Copa do Mundo de vela
Brasileiras em etapa da Copa do Mundo (World Sailling)
Nesta prova também terá a maior chance do Japão em sair com uma medalha olímpica em casa. Kondo Yoshida Ai e Yoshioka Miho foram campeãs mundiais em 2018 e prata em 2019. Neste ano elas se resguardaram por conta da Covid-19 e não disputaram o Mundial, mas têm uma vantagem por conseguirem treinar no lugar de competição.

Também vale destacar a dupla italiana Elena Berta/Bianca Caruso e as francesas Camile Lecointre/Aloise Retornaz. A parceria da Itália foi bronze no Mundial deste ano, aparecendo forte na reta final de preparação olímpica, enquanto as francesas foram bronze no Mundial de 2019. Camile Lecointre foi prata no Rio e quer buscar uma nova medalha em Tóquio.

O Brasil terá Fernanda Oliveira e Ana Barbachan. Elas tiveram um oitavo lugar como melhor colocação em um Mundial neste ciclo olímpico, mas venceram etapas importantes de Copa do Mundo em 2019, além de um bronze. Em Londres ficaram na sexta posição, enquanto no Rio terminaram em oitavo, são acostumadas com grandes competições e gostam de crescer em campeonatos deste nível. Porém, no Mundial deste ano fecharam em 14º.


470 MASCULINO
Datas: 28/07, 29/07, 30/07, 01º/07, 02/08 e 04/08
Regata da Medalha: 04/08, às 02h33
Competidores: 18 duplas (36 velejadores)

Favorito ao ouro: Mathew Belcher/Will Ryan (AUS) e Anton Dahlberg/Fedrik Bergstrom (SWE)
Candidatos a medalha: Jordi Xammar/Nicolas Rodriguez (ESP) e Diogo Costa/Pedro Costa (POR)
Podem surpreender: Panagiotis Mantis/Pavlos Kagialis (GRE) e Kevin Peponnet/Jeremie Mion (FRA)
Brasil: Henrique Haddad e Bruno Amorim

A Austrália terá Mathew Belcher e Will Ryan, prata na Rio-2016, como um dos favoritos ao ouro na competição. Caso conquistem uma medalha, Belcher será o velejador mais condecorado da classe 470 para homens, já que ele foi campeão olímpico em Londres com outro atleta como dupla. Neste ciclo eles foram campeões mundiais em 2019 e chegam forte em Tóquio.

Quem também chega com força é a dupla espanhola formada por Jordi Xammar e Nicolas Rodriguez. Eles formam o único time a medalhar nos três últimos Mundiais. Bronze em 2018 e 2021 e foram prata no Mundial de 2019, o que mostra uma regularidade.

Neste ano novos nomes começam a aparecer. Os portugueses Diogo Costa e Pedro Costa foram 29º no Mundial de 2019, mas parece que a pandemia fez bem para eles, pois voltaram sendo medalhistas de prata no Mundial deste ano, entrando de vez na briga por medalha em Tóquio.

É o caso parecido de Anton Dahlberg/Fedrik Bergstrom, da Suécia, que ficaram em sexto na Rio-2016 e “surgiram” em 2019 com um bronze no Mundial e acabaram campeões mundiais neste ano. Olho neles entrando como favoritos a brigar pelo ouro.

Quem pode surpreender é a dupla da Grécia, com Panagiotis Mantis e Pavlos Kagialis. Não seria exatamente uma surpresa, já que eles são atuais medalhistas de bronze olímpico. Entretanto não conseguiram uma medalha neste ciclo olímpico. No Mundial de 2021, chegaram perto, na quarta colocação.

A França também é um barco a se destacar, com Kevin Peponnet e Jeremie Mion. Eles foram campeões mundiais em 2018, mas caíram de produção no restante do ciclo olímpico. Não dá para esquecer de uma dupla que já chegou ao título do mundo.

Bruno Amorim e Henrique Haddad serão os representantes brasileiros na prova. Eles ficaram em 22º lugar no Campeonato Mundial da classe 470 neste ano e lutam para chegar na regata da medalha.


NACRA 17 MISTA
Datas: 28/07, 29/07, 31/07, 01º/07 e 03/08
Regata da Medalha: 04/08, às 03h33
Competidores: 19 duplas (38 velejadores)

Favorito ao ouro: Jason Waterhouse/Lisa Darmanin (AUS), Ruggero Tita/Caterina Marianna Banti (ITA) e John Gimson/Anna Burnet (GBR)
Candidatos a medalha: Mathew Belcher/Will Ryan (AUS) e Anton Dahlberg/Fedrik Bergstrom (SWE)
Podem surpreender: Gabriela Sá/Samuel Albrecht (BRA) e Santiago Lange/Cecilia Carranza (ARG)
Brasil: Gabriela Nicolino e Samuel Albrecht

A Nacra 17 usa um barco catamarã de alto desempenho para a primeira modalidade mista da vela olímpica. Em Tóquio-2020, a classe se adaptou em uma conversão de aerobarco, uma embarcação relativamente leve em peso, ideal para cortar a água com estabilidade alta. Por ser uma das classes da vela que alcança maior velocidade, é bonito ver os barcos em ação tentando ganhar posições.

A estreia olímpica da Nacra 17 na Rio-2016 corou a Argentina, com Santiago Lange e Cecilia Carranza Saroli. A dupla estará em Tóquio e corre por fora na briga da medalha. Santiago e Cecilia subiram ao pódio no Mundial de 2018 com um bronze.

Prata na Rio-2016, os australianos Jason Waterhouse e Lisa Darmanin chegam em Tóquio com chances de mais uma medalha. Antes, tiveram uma corrida caseira para conseguir a vaga da Austrália. É que Nathan e Haylee Outteridge fizeram um final de ciclo olímpico bem na cola de seus compatriotas.

Os irmãos Outteridge ficaram com a prata nos Campeonatos Mundiais de 2018 e 2020, enquanto Waterhouse e Darmanin foram bronze em 2019 e 2020. No fim, a Federação Australiana optou pela experiência da dupla atual medalhista de prata.

Algo semelhante aconteceu com a dupla da Itália. Ruggero Tita e Caterina Marianna Banti foram ouro no Campeonato Mundial de Aarhus, em 2018. Nesta competição na Dinamarca, outra dupla italiana, formada por Vittorio Bissaro e Maelle Frascari, terminaram com a sétima colocação.

Gabriel e Samuel em Miami (Foto: Reprodução/Twitter)
Em 2019 eles inverteram. Bissaro e Frascari foram quem conquistaram o ouro, com Tita e Banti ficando em sétimo. Em 2020 nenhuma dupla da Itália foi medalhista, com Vitorio Bissaro e Maelle Frescari chegando em 5º. Mesmo finalizando o último Mundial em 19º, Ruggero Tita e Caterina Banti estarão em Tóquio.

Os maiores favoritos da atualidade vêm da Grã-Bretanha, com John Gimson e Anna Burnet, atuais campeões mundiais. Além deles, só o barco da Dinamarca com Lin Cenholt e Cp Lubeck conquistaram medalha nos últimos anos. A briga está aberta.

O Brasil terá Gabriela Nicolino e Samuel Albrecht na Nacra 17. Samuel tentará, agora em parceria com Gabriela Nicolino, melhorar a 10ª posição que fechou o torneio olímpico do Rio ao lado de Isabel Swan. Gabriela e Samuel terminaram em 5º no Mundial de 2018, além de chegarem em segundo em uma etapa de Copa do Mundo e o bronze em Lima-2019. 

Na sequência, fecharam em 11º no Mundial daquele ano. Em 2020, os brasileiros não competiram no Mundial, mas o forte desempenho em 2018 os coloca num bolo de quem pode surpreender. Naquela campanha do quinto lugar elas terminaram à frente de duplas como Waterhouse/Darmanin (AUS) e os campeões mundiais Gimson/Burnet (GBR).

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