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Guia Tóquio 2020: Escalada Esportiva

Como funciona a escalada esportiva

FICHA TÉCNICA
Local de disputa: Aomi Urban Sports Park
Período: De 3 a 6 de agosto
Número de países participantes: 19
Atletas participantes: 40 (20 em cada naipe)

HISTÓRICO
Estreante em Jogos Olímpicos, a escalada tem seus primeiros registros datados de 400 a.C, em pinturas que retratam a prática. No entanto, a primeira competição da modalidade em sua forma esportiva aconteceu apenas em 1985, na Itália. No ano seguinte, ocorreu o primeiro evento indoor deste esporte.

Em agosto de 2016, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou que a escalada esportiva seria uma das modalidades do programa olímpico de Tóquio 2020. Sua inclusão foi proposta em 2015, pela Federação Internacional de Escalada Esportiva (IFSC), órgão que regula a modalidade em nível mundial.

Logo de cara a inclusão deste esporte gerou polêmica entre seus próprios entusiastas. Isso porque o evento masculino e feminino nos Jogos Olímpicos de Tóquio serão na verdade um combinado de três estilos da escalada: velocidade (sprint), escalada guiada (lead) e bloco (boulder).

Atletas como Lynn Hill, campeã mundial da escalada de dificuldade em 1990, criticaram a decisão dos organizadores. Para a estadunidense, misturar três provas diferentes de escalada equipara-se a “pedir para que um meio-fundista corra uma prova de velocidade”.

BRASIL
O Brasil não conquistou vagas olímpicas para Tóquio 2020. A última chance que nosso país teve de classificar um atleta para o evento foi no Campeonato Pan-americano da modalidade, disputado no ano passado, pouco tempo antes do início da pandemia de coronavírus.

O único escalador brasileiro que atingiu a final do torneio foi César Grosso (foto), especialista nos estilos de velocidade e boulder. Apesar de melhorar sua principal marca, ele terminou a competição na sétima colocação, ficando longe da vaga, uma vez que apenas o campeão garantiu a classificação olímpica. Ano passado ele anunciou sua aposentadoria.
Cesar  Grosso foi bem no Pan, mas não se classificou para a Olimpíada na escalada esportiva
César Grosso até chegou na final do Campeonato Pan-americano, mas ficou longe da vaga olímpica. Foto: Reprodução
No feminino, nossa principal representante no torneio Pan-americano, Thais Makino, ficou na 15ª colocação, também sem chances de classificação. Logo atrás veio Bianca Castro, no 16º lugar. Elas ocupam respectivamente a primeira e segunda posição no ranking nacional combinado da escalada esportiva.

No Brasil, a modalidade é regulamentada pela Associação Brasileira de Escalada Esportiva (ABEE) que foi criada em 2014 e rapidamente foi reconhecida como entidade filiada à IFSC. A inclusão da escalada esportiva no programa olímpico fez com que a ABEE entrasse para a lista órgãos que recebem recursos da Lei Agnelo Piva, para o desenvolvimento do esporte no país.

FORMATO DE DISPUTA
Serão dois eventos, um para cada gênero. Em cada uma das disputas, os 20 participantes passarão obrigatoriamente pelas três disciplinas propostas durante a fase de qualificação. A classificação combinada será determinada pelo produto da multiplicação de cada colocação obtida por um atleta. Ou seja, se um determinado competidor ficar em 1º na velocidade, 3º no boulder e 8º no lead, ele terá 24 pontos.

Os oito atletas com menor pontuação avançam para a final, onde o formato de classificação combinada se repete. Quem tiver menos pontos ao final do evento, fica com a medalha de ouro. Porém, cada disciplina tem sua própria forma de disputa. Confira.

Na prova de velocidade, os atletas precisam escalar o mais rápido possível, uma parede de 15 metros. Na classificatória, cada participante terá duas tentativas para fazer o tempo mais rápido possível. Já na final, eles se enfrentam em duelos eliminatórios, onde o vencedor avança de fase.
Adam Ondra, um dos melhores escaladores do mundo, treina para tentar chegar ao pódio olímpico. Foto: The New York Times
Já na prova de boulder, os atletas escalam uma parede de rotas fixas com 4,5 metros. Na classificatória, cada escalador terá cinco linhas de boulder, com cinco minutos disponíveis para cada linha. Na final serão quatro linhas de boulder e quatro minutos cada. Quem chegar ao topo de cada linha no menor número de tentativas, leva a melhor.

Por fim, na prova de lead, o objetivo é subir uma parede de 15 metros, com obstáculos de alta dificuldade, em seis minutos. Quem subir mais alto vence. Se o atleta (com o suporte de cordas de segurança) cair, não pode escalar novamente e fica valendo o lugar mais alto em que conseguiu chegar. Caso mais de um atleta atinja a mesma altura, se sobressai quem chegar na marca em menor tempo.

ANÁLISE

FEMININO
Final: 06/08, às 09h10

Favorita ao ouro: Janja Garnbret (SLO)
Candidatas ao pódio: Akiyo Noguchi (JPN), Aleksandra Miroslav (POL), Shauna Coxsey (GBR) e Jessica Pilz (AUT)
Podem surpreender: -
Brasil: Não tem

As competições de escalada são muito abertas. Principalmente se levarmos em consideração que esse formato usado nos Jogos Olímpicos é uma mistura de três disciplinas diferentes, o que torna tudo muito imprevisível.

Janja Garnbret é uma das favoritas ao ouro na escalada esportiva em Tóquio 2020
Janja Garnbret é a grande favorita na escalada feminina Foto: Gore Ljudje
Cada uma das favoritas tem suas especialidades, onde podem arrancar um bom resultado final. Como é o caso da eslovena Janja Garnbret (foto), a atleta mais condecorada entre as classificadas em campeonatos mundiais. São dois títulos mundiais na prova combinada (2018 e 2019), dois no boulder (2018 e 2019) e outros dois no lead (2016 e 2019), além de um vice-campeonato no lead (2018). Tudo isso, para uma atleta de apenas 22 anos.

Há quem mescle bem experiência e agilidade para permanecer anos no topo. A japonesa Noguchi Akiyo tem 68 medalhas de Copa do Mundo de escalada esportiva, sendo 21 ouros, 24 pratas e 23 bronzes. Em mundiais, o número de conquistas cai, mas ainda segue sendo surpreendente. Ela faturou três pratas (2007, 2018 e 2019) e dois bronzes (2014 e 2016) no boulder, um bronze no lead (2005) e uma prata no evento combinado (2019). De quebra, ela venceu nove vezes seguidas o Campeonato Japonês da modalidade (2005-2014). Rumores dizem que ela deve encerrar sua carreira após os Jogos Olímpicos, aos 32 anos.

Especialista em provas de velocidade, é importante destacar também a polonesa Aleksandra Miroslav, que foi a mais rápida no speed, dentro da prova combinada no Mundial de 2019, evento que terminou na quarta colocação, com 64 pontos (1x8x8). Caso consiga um resultado melhor nas provas em que não é uma das favoritas, pode conseguir melhorar sua posição final e brigar pelo pódio.

MASCULINO
Final: 05/08, às 09h10

Favoritos ao ouro: Nagasaki Tomoa (JPN)
Candidatos ao pódio: Adam Ondra (CZE), Jakob Schubert (AUT), Ludovic Fossali (ITA)
Podem surpreender: -
Brasil: Não tem

Diferentemente do torneio feminino, no masculino é possível indicar com maior clareza o favorito ao ouro, se pegarmos como principal fator na projeção, o último Campeonato Mundial (2019). Nagasaki Tomoa (foto) simplesmente atropelou todos os seus adversários para ficar com o título após somar apenas 4 pontos ao final do evento combinado (2x1x2). De quebra, o japonês tem outros dois títulos mundiais no boulder (2016 e 2019).
Nagasaki Tomoa pode faturar uma medalha em Tóquio
Tomoa pode conquistar o ouro em casa, porém sem torcida Foto: Climber News
Vice-campeão mundial da prova combinada em 2019, o austríaco Jakob Schubert é quem pode se aproximar mais de Nagasaki. O experiente atleta de 30 anos, tem sete ouros em Copas do Mundo, sendo quatro no combinado. Sua maior especialidade é a prova de lead.

Correndo por fora na luta pelo ouro, mas de olho no pódio, surge Adam Ondra, da República Tcheca. Campeão mundial de lead em 2019, ele também tem como especialidade a prova de boulder e vem melhorando a cada ano os seus desempenhos no combinado. Ele já foi considerado o melhor escalador do mundo, mas vai precisar melhorar seus tempos no speed.

Atual campeão mundial na prova de velocidade, o italiano Ludovico Fossali também pode batalhar por medalha em Tóquio 2020, caso consiga um bom desempenho em outras provas. É sempre importante levar em consideração as especialidades de cada atleta, pois isso faz muita diferença no resultado final. O boulder e o lead são provas com dinâmica um pouco mais semelhante, enquanto o speed é pura explosão.

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