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Parada das Nações Tóquio 2020 - Eritreia



Apesar de ser um país jovem, que teve sua independência reconhecida em 1993, as terras do Estado da Eritreia têm muita história. Afinal de contas, foi lá, na cidade de Buya que cientistas italianos encontraram um dos hominídeos que pode representar uma ligação entre o Homo erectus e o Homo sapiens arcaico. 

De quebra, durante o último período interglacial, o litoral da Eritreia foi ocupada ocupada pelos primeiros humanos anatomicamente modernos. Cientistas acreditam que a área do país africano estava na rota que foi usada pelos primeiros humanos para colonizar o resto do Velho Mundo. 

Mas entre evoluções e desbravamentos, a nação foi palco de enormes lutas por poder, passando pelo comando de diversos países e vivendo retrocessos até agora. Em 1993, a Eritreia conseguiu sua independência oficial e Isaias Afewerki foi o primeiro presidente. O problema é que ele é o único desde então. 

Sob o comando de Afewerki, a Eritreia tornou-se um dos países que menos respeita os direitos humanos. De quebra, em 2021, a nação recebeu uma avaliação da Organização Internacional Repórteres Sem Fronteiras, ficando na última posição entre 180 países, no Índice de Liberdade de Imprensa. Para se ter uma ideia, toda a grande mídia local é estatal. 

Agora, uma curiosidade. A Eritreia tem todo seu litoral banhado pelo Mar Vermelho. Inclusive, seu nome tem grande ligação com a grande área marítima. Eritreia é derivado do nome grego antigo para este mar (erythros), que significa vermelho. O nome atual da nação foi adotado pelo primeira vez em 1890, quando era colônia italiana, persistindo ao longo ao longo de todos esses anos. 

A curta história olímpica 


Zersenay Tadese. Foto: Bob Ramsak

Em cinco presenças nos Jogos Olímpicos, a Eritreia obteve 42 participações de atletas, sendo que as duas últimas edições marcaram o momento mais sólido da delegação no megaevento: 12 esportistas em Londres-2012 e no Rio de Janeiro 2016. 

O Comitê Olímpico Eritreu foi criado em 1996, ganhando reconhecimento do Comitê Olímpico Internacional (COI) apenas em 1999. Assim, na Olimpíada de Sydney-2000, três fundistas foram até a Austrália para representar e carregar pela primeira vez a bandeira da Eritreia em Jogos Olímpicos: Bolota Asmeron, 5.000m masculino, Yonas Kifle, 10.000m masculino, e Nebiat Habtemariam, dos 5.000m feminino. 

A primeira medalha não demorou muito para ser conquistada. Zersenay Tadese, fundista dos 10.000m, foi bronze ao chegar em terceiro lugar na prova em Atenas-2004, com a marca de 27:22.57, atrás apenas dos etíopes Kenenisa Bekele e Sileshi Sihine. Tadese disputou também a prova dos 5.000m, chegando na sétima colocação. 



Cinco anos depois, no Campeonato Mundial de Atletismo, em 2009, Tadese novamente levou a Eritreia ao pódio de nível internacional. Ele foi vice-campeão mundial dos 10.000m, com 26:50,12, novamente atrás de Bekele. 

No entanto, essa foi a única medalha olímpica da Eritreia até então. Nas últimas três edições, apesar de ter aumentado a quantidade de atletas participantes, a bandeira nacional não esteve no pódio. Além disso, o país só foi representado em apenas duas modalidades até hoje: atletismo e ciclismo. 

Para os Jogos Olímpicos de Tóquio, a Eritreia tem nove vagas garantidas, sendo seis do atletismo e três no ciclismo. Aaron Kifle já está garantido nos 10.000m masculino, Weini Kelati disputará as provas de 5.000m e 10.000m feminino e Nazret Wendu participará da maratona feminina, nesta que será a primeira vez desde Pequim-2008, em que o país levará mais de uma mulher para o megaevento. 

Ainda não foi anunciado quais atletas eritreus ocuparão as vagas na maratona masculina e no ciclismo de estrada. 



Esportes tradicionais na Eritreia 

+ Ciclismo 

Introduzido no país durante o período colonial, o ciclismo é dos esportes mais populares na Eritreia e nos últimos anos tornou-se também um case de sucesso, com diversos tabus quebrados por atletas locais. 

De 2010 a 2019, o país monopolizou a disputa do African Road Championship, o torneio continental da modalidade. Foram nove títulos no contrarrelógio masculino por equipes, sete no ciclismo de estrada individual masculino, seis no contrarrelógio individual masculino, dois no ciclismo de estrada feminino e um no contrarrelógio feminino por equipes. 

O ciclista de maior destaque no país é Daniel Teklehaimanot. Com duas participações olímpicas no currículo, ele foi o primeiro atleta eritreu a se classificar para uma modalidade olímpica diferente do atletismo (Londres-2012). No mesmo ano, seguiu fazendo história, tornando-se o primeiro eritreu a competir na Vuelta a Espanã (La Vuelta). 

Em 2015, Teklehaimanot e seu compatriota Merhawi Kudus, tornaram-se os primeiros ciclistas negros do continente africano a disputarem o Tour de France, pela equipe MTN-Qhubeka. Teklehaimanot ficou entre os 50 melhores ciclistas do evento. De quebra, ele vestiu por uma etapa do Tour de France, a camiseta de bolinhas, de Rei das Montanhas. 

Foto: Reprodução/Pymouss


O ciclismo é tão forte na Eritreia que o grande ídolo esportivo do país, Zersenay Tadese, sonhava em disputar o Tour de France quando era criança. 

+ Atletismo 

Tradicional nas provas de meio-fundo e fundo, a Eritreia teve seu primeiro campeão mundial em 2015, quando Ghirmay Ghebreslassie conquistou o título da maratona, aos 19 anos (confira no vídeo abaixo). Ele mesmo quebrou outro tabu, tornando-se o mais jovem a ganhar a tradicional Maratona de Nova York. 



Dos 26 atletas eritreus que já participaram dos Jogos Olímpicos, 25 (22 homens e três mulheres) competiram no atletismo, o que revela a força do país na modalidade, principalmente em nível continental. 

Mas antes do surgimento de Ghebreslassie, o grande ídolo do atletismo eritreu foi Zersenay Tadese, único medalhista olímpico da história do país e primeiro atleta da Eritreia a chegar no pódio de um Campeonato Mundial de Atletismo. 

O futuro da nação na modalidade também parece estar bem encaminhado, com o esforço e talento de jovens corredores como Weini Kelati e Aron Kifle. 

Atletas eritreus para ficar de olho 

+ Weini Kelati 

Foto: Kirby Lee/Image of Sport

Duas vezes campeã da Divisão I da NCAA, a liga esportiva universitária dos Estados Unidos, Kelati foi ao país em 2014, para disputar o Campeonato Mundial Júnior. Mas além de batalhar por medalhas, a fundista decidiu mudar de vida e buscar novos rumos. 

Então após o torneio, ela decidiu ficar. Ligou para a mãe, avisando que não voltaria mais para casa e pediu asilo na nação mais rica do mundo. Cresceu, virou uma das atletas de maior sucesso da NCAA, sendo ‘cobiçada’ até mesmo pela delegação estadunidense e agora tentará, quem sabe, voltar ao seu país, com a conquista de uma medalha olímpica. Kelati disputará em Tóquio, as provas de 5.000m e 10.000m.

+ Aron Kifle 

Classificado para a prova de 10.000m nos Jogos Olímpicos de Tóquio, Kifle tentará repetir o feito de Zersenay Tadese, e quem sabe, levar a Eritreia ao pódio olímpico. Ele foi de bronze no Campeonato Mundial de Meia Maratona, em Valencia, 2018, e disputará neste ano, sua segunda Olimpíada. 

Kifle foi 22º colocado nos 5.000m, nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, quando tinha 19 anos. Em 2019, antes da pandemia de coronavírus, ele conquistou a medalha de prata nos 10.000m no Campeonato Africano de Atletismo, além de ter ficado em 15º no Mundial de Doha, no mesmo ano. 

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