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Em encontro de "Williams", levantadores da seleção brasileira de vôlei falam sobre admiração e evolução física do esporte


A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) proporcionou um encontro virtual de William´s através das mídias sociais no último dia 22. Capitão da chamada Geração de Prata, William Carvalho, e o campeão olímpico, William Arjona, conversaram sobre o que mais entendem: levantamentos e levantadores. Mas também falaram sobre o vôlei de antigamente e o atual, relembraram histórias, se divertiram e se emocionaram.

O encontro começou com o William mais jovem da dupla fazendo uma declaração de reconhecimento e gratidão ao jogador que participou de uma geração precursora no voleibol brasileiro.

“Jogo com a camisa 7 por sua causa. Um dos primeiros jogos de vôlei que assisti na vida foi na Pirelli. Meu pai também se chamava William e ele disse ´vou te levar para assistir um cara que você vai adorar´. E desde que eu entrei no vôlei tinha como meta estender esse nome e esse número o máximo que eu pudesse. Pensei: se um dia eu chegar na seleção brasileira, se um dia eu conseguir jogar uma Olimpíada, quero que ninguém esqueça do número 7 e do nome William. E eu acho que consegui”, disse Arjona.

“Não só conseguiu, como elevou ao mais alto nível a camisa 7. Sempre que estou assistindo jogos onde você está eu falo isso aos meus amigos e fico super envaidecido. É um prazer muito grande estar nesse bate-papo com você. Costumo dizer que muito mais importante do que as medalhas que conquistamos, são as coisas que conquistamos fora da quadra. Na minha geração, foi a massificação. O legado que é muito legal”, respondeu William Carvalho.

Os xarás conversaram sobre as diferenças no vôlei praticado na época de um e de outro. No papel de entrevistador, William Arjona teve curiosidade em ouvir um de seus ídolos sobre o assunto.

“Fisicamente, o Brasil cresceu demais. Na minha época, os caras lá fora já eram grandes, mas o time brasileiro cresceu. Um pouco antes da nossa geração, nós fazíamos tudo que se fazia no mundo. A partir do momento que crescemos fisicamente, passamos os caras porque talento sempre tivemos. Nosso voleibol passou a ser uma referência. Na minha geração, o mais alto tinha 1,98m, que eram o Maraca e o Fernandão. Hoje, com 1,98 são os ponteiros. Os centrais têm 2,15m, 2,12m. Por isso, tivemos que implementar a criatividade e a velocidade com que jogávamos para driblar o tamanho dos adversários”, explicou William Carvalho.

Em meio ao bate-papo, Arjona pediu um conselho ao mais experiente. “Devo improvisar jogadas que vocês faziam naquela época. Quero fazer desmico, between, degrau, aquelas bolas bonitas que víamos e que não existem mais”, disse o levantador, que recebeu apoio: “eu acho que em determinados momentos do jogo é possível dar essa improvisação, usar jogadas que usávamos no nosso tempo”.

William Arjona ainda desafiou o Capita a falar sobre os levantadores que mais gosta de ver jogar. William Carvalho retornou ao seu tempo, dando destaque a quem era o titular na época em que chegou ao time da Pirelli, um dos mais tradicionais da história do voleibol brasileiro.

“Sempre fui fã dos brasileiros. Não só dos levantadores, como os atacantes. Sempre achei que nós éramos monstros perto dos estrangeiros. Quando cheguei na Pirelli, o Décio Cattaruzzi era o levantador. Eu e o Zé Roberto éramos molequinhos jogando e ele era o titular do time adulto, o cara em quem nos inspirávamos. Na época jogávamos até no esquema 3x3, com três atacantes e três levantadores. Ele era o cara e, além disso, me ajudou muito quando cheguei no time”, contou William.

Seguindo desempenhando bem a função de entrevistador, o levantador do Sesi-SP então quis saber sobre qual escola era a mais seguida pela seleção brasileira no tempo de William Carvalho.

“Eu sempre me inspirei muito na velocidade da escola asiática, mas tínhamos mais dificuldades em enfrentar a europeia. Os asiáticos, do mesmo jeito que davam aquelas fintas, eles também tomavam muito fácil e isso é assim até hoje. Era um voleibol plástico. Mas, nós só começamos a ter sucesso quando criamos a nossa escola. O Bebeto e aquela comissão técnica tiveram uma visão incrível em termos de estratégica para a nossa equipe que foi sensacional. Como éramos baixos, a estratégia era tirar a bola da rede e atacar pelo fundo. Com isso, surpreendemos o mundo”, relembrou William Carvalho, que ainda elogiou os atacantes com quem trabalhou.

“Tive o privilégio de pegar atacantes fantásticos de velocidade. O que eu fazia com esses caras era incrível. Tinha a certeza de que a bola que eu fizesse, eles iriam estar lá. Hoje temos essa velocidade toda, com mais altura. Por isso chegamos aonde estamos”, afirmou o capitão dos Jogos de 1984, em Los Angeles.

Quando perguntado sobre os levantadores que estão em ação atualmente, William Carvalho fez questão de destacar a qualidade do próprio William, além de Bruninho, Rapha e Fernando Cachopa. O atual levantador e capitão da seleção brasileira ganhou muitos elogios do ex-jogador.

“Os mais velhos ainda estão dominando: você, Bruninho e o Rapha. Também bato palmas para o Cachopa, que me surpreendeu jogando na seleção brasileira. Ele foi muito bem e eu tiro o meu chapéu. Sempre digo que o Bruninho tem que ser o titular da seleção hoje em dia. Ele é o mais completo, tem a cabeça muito boa, é muito focado, tem o domínio da situação, é o que mais bloqueia, defende muito bem. E falo mais: dos capitães que tivemos na história da seleção brasileira, eu vejo o Bruninho com um equilíbrio emocional, culturalmente falando de voleibol tão bem, quando vem para uma entrevista, mesmo depois de uma derrota, sempre lúcido, ou falando com o grupo. Nunca trabalhei com ele, mas conheço a mãe e o pai, sei da sua índole e acho ele um cara incrível”, afirmou William Carvalho.

Neste momento, William Arjona fez questão de complementar as qualidades e elogios a Bruninho. “Para o grupo, como capitão, ele tem uma liderança nata, é um jogador vencedor, que quer ganhar sempre, até no par ou ímpar”, brincou.

Quando o bate-papo foi para a idade, Arjona, atualmente com 40 anos, destacou que ainda não pensa em aposentar do voleibol. “A vontade de querer jogar é muito importante. Eu amo voleibol e não me vejo fora da quadra. Tenho muito prazer em estar dentro do laranja e espero jogar mais uns aninhos”, garantiu.

A vontade de seguir adiante deve ter aumentado quando William ouviu do xará já aposentado sobre as saudades que sente de estar no dia a dia do esporte.

“Sinto muita falta de jogar. O ambiente, o treinamento, a competição. A adrenalina de um jogo pegado é fantástico. Eu até sonho com isso e o mais engraçado é que sonho que estou jogando

agora, com vocês, nos tempos de hoje. Eu sinto uma falta incrível de jogar. Até das dores eu sinto falta”, declarou William Carvalho.

Depois de muita conversa, que se tornou uma aula de voleibol, os dois se despediram com nova troca de elogios e deixaram clara a admiração mútua.

“Sempre fui muito acessível com todos que me enxergam como referência, que querem tirar uma foto, falar comigo, sempre valorizei muito isso, e depois desse contato, pode saber que isso dobrou. Sei da emoção que é falar com um ídolo. Falar com você faz parecer que o meu pai está aqui do meu lado. Ter a oportunidade de falar, tirar minhas dúvidas, ouvir histórias, é demais para mim. Queria te agradecer e agradecer a CBV pela oportunidade. Acho que só pela forma como eu falo, tenho certeza que você está sentindo que é de coração”, disse Arjona, emocionado.

“A palavra está embargada porque é recíproco. Sou seu fã como jogador. Não é à toa que você tem o apelido de mago. Pode ter certeza que o que você faz dentro da quadra nos enche de alegria. O que você passa dentro da quadra cada vez mais me faz te admirar, e, vendo agora fora dela, também. Acompanho a sua carreira desde que voltou da Argentina e onde você estiver vou estar torcendo bastante. Você enche os nossos olhos jogando”, finalizou William Carvalho.

Foto: Divulgação

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