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Final do Grand Prix de Patinação Artística 2019/2020 - Dia 3


Os vencedores dos Programas Curtos souberam manter as vantagens e ganharam as três últimas medalhas de ouro das finais do Grand Prix de Patinação Artística, disputadas na Arena Palavela de Turim, Itália. No individual masculino, Nathan Chen dos EUA conservou a precisão e a limpeza de execução de um programa com muitos saltos quádruplos e ficou com o ouro com larga vantagem. Na Dança no Gelo, a vitória ficou com Gabriella Papadakis e Guillaume Cizeron, da França. E no individual feminino, o trio de jovens russas Alena Kostornaia, Anna Shcherbakova e Alexandra Trusova (foto) venceu de modo implacável, com Kostornaia resistindo ao avanço das duas colegas, saltadoras de saltos quádruplos.


Masculino:

Segurança e limpeza de execução dos saltos quádruplos: essas foram as armas que levaram Nathan Chen, dos EUA a conquistar seu terceiro título consecutivo no Grand Prix de Patinação Artística. Yuzuru Hanyu, do Japão ficou com a medalha de prata e o francês Kevin Aymoz conquistou o bronze. 

Com um programa de valor alto e sem falhas, Chen conquistou 224.92 pontos no Programa Livre e 335.30 na somatória final. O norte-americano se mostrou bastante feliz com os programas apresentados, mais aperfeiçoados e eficientes do que as performances em outras etapas do Grand Prix: "Estou extremamente feliz de estar aqui. Finalmente consegui fazer dois programas relativamente limpos após os erros nas etapas classificatórias do Grand Prix." Chen comentou que manter a firmeza foi um exercício de persistência: "Eu estava bastante gasto no fim, acho que preciso trabalhar mais minha resistência. Tecnicamente eu fiz tudo o que eu podia, mas a limpeza e a performance no geral podem melhorar. Em componentes eu ainda não posso me comparar com Yuzuru, e quero trabalhar para isso".

O bicampeão olímpico Yuzuru Hanyu, do Japão, após as falhas no programa curto que o deixaram 13 pontos atrás optou por um design de programa livre apenas tentativo, nunca testado e de alto risco: 5 saltos quádruplos e uma sequência de dois triplos Axel na segunda metade. O resultado foi um programa extenuante e que teve ainda mais falhas, tendo perdido toda a sequência de dois saltos triplo Axel programada, com mais um erro na saída de uma sequência de saltos quádruplo Toeloop-Euler-triplo Flip e que perdeu um nível na sequência de passos.

Mas mesmo com o resultado desfavorável, onde acabou quase 44 pontos atrás na somatória final, Hanyu se mostrou bastante feliz com o que conseguiu: a boa integração dos saltos quádruplo Lutz e quádruplo Loop, que treinava de modo bastante restrito após as graves lesões sofridas em 2017 e 2018 e que agora voltam de vez a seu repertório regular. "Decidi por um programa com cinco saltos quádruplos após o programa curto. A razão é porque mesmo comigo achando que não poderia vencer, eu queria fazer alguma coisa nesta competição. Consegui fazer bem o quádruplo Loop e o quádruplo Lutz, e esse era meu objetivo. No ano passado era realmente assustador tentar o quádruplo Lutz por conta da lesão que sofri com o salto. Mas finalmente eu superei esse bloqueio e posso treinar mais com esse Lutz."

Ao longo do final de semana, Hanyu ainda mostrou durante treinos três tentativas de saltos quádruplo Axel—façanha nunca realizada em Patinação Artística—com resultados bastante convincentes: embora terminando em queda, as rotações necessárias foram feitas, e uma possível estabilização de aterrissagem pareceu segundo observadores especializados muito próxima de acontecer. O técnico de saltos de Hanyu, Ghislain Briand, que finalmente apareceu na Arena Palavela após ter tido que retornar ao Canadá para a retirada de um novo passaporte, roubado durante uma conexão de voo em Frankfurt, Alemanha, comentou que de acordo com o ritmo de progressos há a possibilidade de que o quádruplo Axel possa ser posto em programas competitivos já na época do Campeonato Mundial, em março de 2020. Briand também falou da possibilidade de Hanyu apresentar um salto quíntuplo Toeloop, que segundo o treinador seria de mais fácil execução do que um quádruplo Axel, e que o bicampeão olímpico também estaria treinando.

Ironicamente as tentativas de quádruplo Axel nos treinos podem ter custado a Hanyu justamente a realização da sequência de saltos triplo Axel no programa e por consequência uma perda de mais de 20 pontos em um elemento só, conforme o patinador japonês explicou: "A primeira razão para o erro na sequência de Axel é que eu estava realmente cansado, eu fiz cinco quádruplos com um quádruplo Lutz, o que é incomum para mim. E a segunda razão é que eu estava tentando o quádruplo Axel ontem, então eu estava sentindo uma certa confusão entre o quádruplo e o triplo."

O francês Kevin Aymoz fez da conquista da medalha de bronze um momento de pura emoção, com uma melhor marca pessoal comemorada aos gritos na hora do anúncio da nota. Aymoz, o competidor dentre todos os finalistas com menos saltos complexos no repertório caprichou na expressão artística, errou pouco e conquistou um feito visto como quase impossível antes da prova. O resultado foi dedicado a sua técnica, a italiana Silvia Fontana que encerrou a carreira como competidora exatamente na mesma arena em Turim, nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2006. Na entrevista coletiva após a competição, Kevin Aymoz expressou sua gratidão ao público, que aplaudiu e reconheceu seus esforços: "Eu agradeço a Turim: a platéia me deu de volta a energia que compartilhei com ela".

A entrevista coletiva após a prova teve clima muito amistoso. Nela Yuzuru Hanyu e Nathan Chen não pouparam elogios um para o outro, definindo a rivalidade entre eles como totalmente cordial e de mútua admiração: "É uma imensa honra para mim estar patinando aqui. Yuzuru é meu ídolo por anos, é um deus da patinação", disse Chen, que acrescentou: "Tenho o mais absoluto respeito por Yuzu. Eu o via desde quando eu era uma criancinha, no começo de juniors. Ele dominou a categoria, ganhou duas medalhas de ouro olímpicas. Ele fez um tanto que acho que eu nunca vou ser capaz de realizar.". Hanyu por sua vez definiu Chen como sua grande motivação para seguir competindo, após 21 anos no esporte e dois ouros olímpicos: "Nathan impulsionou a Patinação Artística com mais e mais força. Estou tão feliz de poder competir com ele. Há algum tempo eu não conseguia achar mais motivação para patinar em competição, mas aqui (Chen) está minha motivação! Claro que eu posso dizer que ganhei duas medalhas olímpicas de ouro: isso está no passado. Quero viver o agora. Quero competir mais e mais com Nathan e outros patinadores. Eu queria que Javi (o espanhol Javier Fernández, medalha de bronze nas Olimpíadas de PyeongCheng-2018, que se aposentou neste ano) estivesse aqui também. Mas Nathan é um ícone para meus treinos".


Dança no Gelo:

Gabriella Papadakis e Guillaume Cizeron conquistaram o ouro após uma apresentação impecável de seu ousado programa longo "I Will Find You", com níveis altos e graus de execução elevados em todos os elementos. Fluência e delicadeza sem aparência de esforço ajudou a elevar a nota da dupla francesa, que marcou 136.02 pontos na Dança Livre e 219.85 pontos na somatória final. Em segundo e terceiro ficaram duas duplas dos EUA, Madison Chock e Evan Bates e Madison Hubbell e Zachary Donohue.

A grande vitória no entanto ficou para a Ice Academy de Montreal, que treina todas as três duplas que ganharam medalhas. "Estou orgulhoso de nós e de nossa equipe", disse Cizeron, que lembrou que o trabalho da equipe e da dupla não para até o Campeonato Mundial, a ser disputado na mesma cidade onde treinam: "Nossos técnicos vão observar detalhes e ter muitos comentários sobre isso. Eu acho que vamos nos esforçar um tanto mais e é o que vamos fazer até o Mundial em Montreal".

Os norte-americanos Chock e Bates conquistaram sua primeira medalha em final de torneio internacional desde que voltaram após Chock se recuperar de uma cirurgia para retirar fragmentos de osso soltos no tornozelo. A dupla conquistou 129.01 pontos na Dança Livre e 210.68 pontos na somatória final. Chock estava especialmente feliz com o resultado, obtido com a polêmica Dança Egípcia da Serpente, que ao longo do ano recebeu igualmente grandes críticas e diversos elogios: "Acho que foi muito bem, foi tão divertido. Eu estava tão presente e gostei tanto de patinar. Acho que é a criatividade e engenhosidade da coreografia, é muito diferente. Não tem outro programa como esse em Dança no Gelo".

A outra dupla dos EUA, Hubbell e Donohue se apresentou ao som da trilha sonora de "Nasce Uma Estrela", interpretada por Lady Gaga, com um programa intenso e de impressionante riqueza de elementos, mas acabou enfrentando uma pequena dificuldade na entrada da seqência de giros, conforme explicou Hubbell: "Tenho sorte de ter um parceiro forte, que me segurou durante um quase escorregão que levei antes dos giros. Essa é uma prova de com quanta precisão temos treinado, que eu posso escorregar um pouco, ter um momento em que pego minha lâmina antes de uma sequência de giros e ainda conseguimos fazer os giros". Hubbell e Donohue conquistaram 125.21 pontos e tiveram uma somatória de 207.93.

Feminino:

Uma batalha de meninas russas: o arsenal de saltos quádruplos de Anna Shcherbakova e de Alexandra Trusova não foi suficiente para superar a precisão, artisticidade e limpeza de execução do forte Programa Livre de Alena Kostornaia, que com dois saltos triplo Axel e um desenho complexo, com vários elementos de habilidade conquistou a medalha de ouro, com 162.14 pontos no dia e 247.59 na somatória final, novo recorde.
Kostornaia comemorou o resultado, lembrando que foco e um planejamento cuidadoso foram fatores essenciais para que pudesse realizar os programas com tranquilidade e dedicação: "Estou muito feliz que tudo saiu como planejado. Eu estava motivada a bater o recorde de pontuação total hoje. Tento fazer o meu melhor todas as vezes. Estou muito feliz que como ontem eu consegui uma performance limpa. Realmente não importa a colocação em que você está, você só tem que sair e fazer o que você tem que fazer".

Shcherbakova teve uma boa chance de passar a pontuação de Kostornaia: apresentou um programa com três saltos quádruplos de alto valor, e garantiu a melhor pontuação do dia, com 162.65 pontos. Mas algumas falhas, como a queda em um salto quádruplo Flip e uma sub-rotação em um quádruplo Lutz acabaram tirando pontos preciosos e ela ficou com apenas 240.92 na somatória dos dois dias."Estou bem com minha patinação e meu resultado, mas fiquei meio triste que não aterrissei meu quádruplo Flip. Estou feliz que fiz todo o resto. É a primeira vez que eu tento um quádruplo Flip, e vai ser melhor na próxima vez", disse.

Trusova por sua vez teve um final de semana caótico: conseguiu realizar um salto triplo Axel em treinos e se tornou a primeira mulher a fazer um salto quádruplo Flip com sucesso em uma competição. Mas uma quantidade considerável de erros acabou comprometendo suas notas, e ela conseguiu salvar uma medalha de bronze graças ao valor de base altíssimo de sua performance: "O quádruplo Flip era um dos objetivos principais e estou feliz por tê-lo feito, e também estou feliz com o bronze. Mas estou chateada que perdi meu triplo Axel no Programa Curto, falhei o quádruplo Salchow e caí no quádruplo toeloop hoje. Eu fiz esse programa limpo com os cinco saltos quádruplos nos treinos e aqui no aquecimento eu também fiz tudo certo. Acho que eu estava um pouco nervosa e fiquei meio cansada no fim do programa."

Todas as tabelas com resultados, agenda de apresentações em horário local e súmulas detalhadas de julgamentos da Final do Grand Prix 2019/2020 de Patinação Artística estão disponíveis aqui, no site oficial de resultados do evento.

Foto: OC

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