Últimas Notícias

Skate Canada 2019 - Dia 2



Os favoritos venceram e fizeram história no segundo e último dia do Skate Canada 2019, etapa do Grand Prix de Patinação artística realizada na cidade de Kelowna. Yuzuru Hanyu, do Japão no individual masculino (na foto à frente de Nam Nguyen e de Keiji Tanaka) e Alexandra Trusova, da Rússia no individual feminino conquistaram o ouro com larga margem e inovações no design dos programas e nos saltos. Em Pares e na Dança no Gelo, duas surpresas: vitórias inéditas em uma etapa do Grand Prix de Aleksandra Boikova and Dmitrii Kozlovskii, da Rússia e de Piper Gilles e Paul Poirier, do Canadá.


Dança no Gelo:

Entre três danças livres extremamente vibrantes que levantaram a platéia, vitória da mais fluida: os canadenses Piper Gilles e Paul Poirier encantaram o público, e com uma série hipnótica de elementos feitos em nível altíssimo ou máximo com graus de execução elevados fizeram o maior placar pessoal de suas carreiras e venceram sua primeira medalha de ouro em uma etapa do Grand Prix de Patinação Artística. O resultado foi comemorado com euforia pela dupla, com gritos e um abraço emocionado na técnica Carol Lane no "kiss and cry"—área de espera da divulgação das notas. Piper Gilles comentou a performance com alegria, mas já de olho na próxima etapa, a Rostelecom Cup da Rússia: "Trabalhamos duro para este momento. Confiamos no nosso treinamento e sabíamos exatamente o que fazer quando chegamos aqui: nós viemos para patinar o programa de hoje e foi isso mesmo que fizemos. Tem muito para fazer nas próximas duas semanas para manter esse fluxo, mas estamos prontos para encarar o desafio".

Madison Hubbell e Zachary Donohue, dos EUA, que vinham como vencedores do programa curto acabaram ficando com a medalha de prata, pouco menos de 3 pontos atrás da dupla do Canadá. Mesmo sem a vitória, Hubbell avaliou o resultado como positivo: "Tinha tanta energia na pista, nós patinamos logo após Lilah e Lewis (dupla da Grã-Bretanha) e a platéia tinha ido à loucura. Procuramos nos alimentar dessa força e realmente gostamos de outro Skate Canada bem sucedido". A dupla dos EUA está matematicamente classificada para as finais do Grand Prix.

O bronze ficou com a dupla da Grã-Bretanha, Lilah Fear e Lewis Gibson, que ganhou a platéia numa atuação vigorosa ao som de um medley de Madonna. Deixando o gelo aplaudidos em pé após uma performance com apenas um erro menor—perda de nível em uma sequência de passos, a dupla marcou seu melhor placar pessoal. Gibson comentou que o resultado era um grande passo adiante nos esforços da dupla, independente de uma possível classificação para as finais do Grand Prix ou não: "Para nós isso foi enorme, não esperávamos".


Feminino:

Quatro saltos quádruplos planejados, três executados sem falhas na avaliação. Mesmo com uma queda, a pontuação técnica da russa Alexandra Trusova disparou, passou da casa dos 100 pontos em um patamar literalmente impossível de ser alcançado pelas outras concorrentes. O programa teve uma parte de componentes e nota artística mais fraca e bastante contestada pelo público e críticos—com coreografia feita menos para harmonia visual e mais para atender o encaixe de elementos de pontuação forte—mas com a impressionante nota técnica a russa assegurou uma vitória totalmente esmagadora: 166.62 pontos no Programa Livre, quase 18 pontos à frente da segunda colocada no dia, Rika Kihira, do Japão. E uma medalha de ouro, a primeira da russa de 15 anos em uma etapa do Grand Prix.

Com uma rotina mais correta—apenas com um passo fora na saída de um salto triplo Axel—mas sem conseguir alcançar o valor do programa de Trusova, Rika Kihira ficou com a medalha de prata. A japonesa comentou que o resultado foi um choque, o qual mostrou a atual necessidade de se ter saltos quádruplos em um repertório feminino para poder enfrentar as patinadoras da Rússia: "Quando eu vi que a Trusova marcou 166 pontos, fiquei extremamente perplexa. Ainda que eu me apresentasse perfeitamente, eu não saberia se iria vencê-la. Nunca passei por isso, então quero mudar minha estrutura (de programas), assim posso aumentar meus pontos."

A coreana Young You teve uma queda no salto triplo Axel que abriu o programa, e a partir daí teve uma performance correta mas apagada. Graças à pontuação boa do programa curto ainda conseguiu a medalha de bronze. You tem apenas uma participação em etapas do Grand Prix assegurada até o momento, mas pode ser o nome indicado para uma das vagas deixadas pela cazaque Elizabet Tursynbaeva e pela belga Loena Hendrickx, que abandonaram o torneio por motivos de saúde e cujos países não contam com substitutas.

ATUALIZAÇÃO: Após o fechamento desta matéria, Young You foi anunciada como participante da Cup of China, na vaga deixada por Elizabet Tursynbaeva. A coreana volta a participar do Grand Prix em duas semanas.


Pares:

Aleksandra Boikova e Dmitri Kozlovskii, da Rússia confirmaram o bom resultado do programa longo e em um programa livre complexo e sem erros ao som de um medley de músicas dos filmes de James Bond conquistaram a primeira medalha de ouro em etapas do Grand Prix senior na carreira. 

A vitória foi especialmente significativa por Boikova e Kozlovskii, de 17 e 19 anos e disputando sua primeira temporada completa na categoria senior  terem terminado à frente de cinco duplas mais experientes, com mais títulos e duas delas participantes das Olimpíadas de PyeongCheng, em 2018: os também russos Tatiana Tarasova e Vladimir Morozov—quartos colocados nas Olimpíadas e que terminaram com o bronze no Skate Canada 2019—mais os medalhistas olímpicos de bronze por equipes Alexa Scimeca-Knierim e Chris Knierim, dos EUA, que neste final de semana ficaram na quarta posição.

A prata ficou com a dupla canadense Kirsten Moore-Towers e Michael Marinaro, que teve uma atuação instável, com muitas falhas nos saltos de Marinaro, mas que na soma dos dois dias ainda conseguiu segurar o segundo lugar. 


Masculino:

Uma atuação irrepreensível para a medalha de ouro: com a maior nota de componentes e artística da história da patinação, 96.40, mais uma nota técnica de 116.59 pontos além de uma inédita combinação de saltos quádruplo toe-euler-triplo flip, o japonês Yuzuru Hanyu venceu com larga margem e foi ovacionado pelo publico que lotou as cadeiras do Prospera Place. O resultado da soma final marcou também a maior diferença já registrada entre a pontuação de um primeiro e um segundo colocado em competições internacionais: Hanyu terminou o evento quase 60 pontos à frente de Nam Nguyen, do Canadá. O bronze ficou com outro japonês, Keiji Tanaka.

Mesmo com o bom resultado, Hanyu em entrevista disse que o programa longo apresentado está ainda muito longe da forma final desejada: "Ainda está em 30 ou 20%". O patinador, duas vezes campeão olímpico reiterou o desejo de incorporar um inédito salto quádruplo Axel no futuro, mas sem dar previsões concretas: "Eu quero incluir um quádruplo Axel e possivelmente um quádruplo Lutz, mas ainda não sei bem". A respeito da atuação do dia, revelou ter tido alguns problemas sobretudo com o salto quádruplo loop, seu único erro menor: "eu estava nervoso no treino, desapontado com como saía o quádruplo loop. Me deixou confuso, preocupado. Eu estava pensando muito em como ir para meus saltos, forma, velocidade. Para a competição de hoje atingi meu objetivo, mas eu queria realizar o quádruplo loop limpo, então ainda estou pensando nisso. Não pude patinar perfeitamente, mas estou tão feliz!"

Nam Nguyen, segundo colocado foi muito incentivado pela torcida e fez uma atuação limpa, elaborada, forte e redentora dos problemas que vinha enfrentando nos últimos anos: considerado uma grande promessa junior do Canadá, acabou tendo que readaptar sua patinação após um surto de crescimento natural e passou anos lutando com a instabilidade da forma de saltos e piruetas. A medalha de prata do Skate Canada é sua primeira aparição em um pódio de etapa do Grand Prix desde 2014, quando aos 17 anos conquistou o bronze no Skate America.

Para Keiji Tanaka, o terceiro colocado, a medalha de bronze veio como a compensação de esforços e recuperação de um incidente que quase pôs a perder sua participação na prova: vencedor do US International Classics há pouco mais de um mês, Tanaka sofreu uma colisão múltipla de trânsito no dia 22, quando o táxi no qual voltava para o hotel em Kelwona bateu na traseira de outro veículo e também foi atingido com força na traseira. Com o impacto, tanto Tanaka quanto a patinadora japonesa Marin Honda que viajava com ele sofreram lesões na cabeça e nas pernas. Tanaka disse em entrevista que procurou manter a calma tanto na hora do acidente quanto durante a competição: "Vendo Marin passar por tamanho choque bem na minha frente, eu tive dizer para mim mesmo manter a firmeza. Foi uma coisa terrível o que aconteceu, mas eu senti que numa hora como essa é que eu tinha que ser forte."

Marin Honda chegou a ser levada de ambulância para o hospital, mas foi liberada para competir, e terminou a prova feminina na 6a. posição. O resultado foi bastante comemorado pela atleta que revelou estar se recuperando de algumas lesões menores sofridas durante treinos no Japão, cujos sintomas pioraram após o acidente de trânsito. Ela teve problemas com hipersensibilidade à luz e a ruídos, mas disse que procurou superar o incômodo durante a competição: "A torcida me deu energia." Honda ressaltou que sentiu a obrigação moral de competir: era a substituta de Mai Mihara,vencedora do ouro na Universiade de Krasnoyarsk-2019, que está afastada de todas as provas da temporada de 2019/2020 por conta de um severo agravamento de artrite juvenil idiopática, problema crônico de saúde diagnosticado em 2016. Marin Honda, após a performance dedicou seu programa livre à Mihara. 

Foto: Twitter

0 Comentários

.

APOIE O SURTO OLÍMPICO EM PARIS 2024

Sabia que você pode ajudar a enviar duas correspondentes do Surto Olímpico para cobrir os Jogos Olímpicos de Paris 2024? Faça um pix para surtoolimpico@gmail.com ou contribua com a nossa vaquinha pelo link : https://www.kickante.com.br/crowdfunding/ajude-o-surto-olimpico-a-ir-para-os-jogos-de-paris e nos ajude a levar as jornalistas Natália Oliveira e Laura Leme para cobrir os Jogos in loco!

Composto por cinco editores e sete colaboradores, o Surto Olímpico trabalha desde 2011 para ser uma referência ao público dos esportes olímpicos, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.

Apoie nosso trabalho! Contribua para a cobertura jornalística esportiva independente!

Digite e pressione Enter para pesquisar

Fechar