Por Marcos Antônio
José Neto foi anunciado como o novo técnico da seleção feminina de basquete. Em entrevistas, já afirmou que esse será um grande desafio que é colocar o basquete feminino de volta ao seu lugar de destaque já que faz anos que a nossa seleção desce a ladeira, culminando na não classificação ao mundial após 59 anos de presenças interruptas.
Concordo quando ele diz que é um grande desafio, e ele vai ter que ter muito respaldo da CBB para elaborar um bom projeto a médio longo prazo para seleção feminina. Porque pra mim, temo que pensar em resultados na seleção depois de 2020. Não vejo o Brasil se classificando no basquete feminino para Tóquio (e eu adoraria estar errado sobre isso)
Nem vejo isso como culpa de José Neto que é um bom técnico. Nem mesmo o fato dele nunca ter trabalhado com basquete feminino adulto me preocupa, pois se ele tiver o conhecimento teórico e a sensibilidade para lidar com as mulheres, explicando sua metodologia, vai fazer um ótimo trabalho.
Mas vejo que é hora de arriscar e renovar a seleção na marra e espero que essa seja a mesma visão de Neto. Com todo o respeito as jogadoras mais experientes que tem sido convocadas, acho que é hora de deixá-las de lado e chamar em grande maioria jogadoras jovens que tenham potencial de crescimento, com algumas jogadoras com mais experiencia pontuais. Mas tá na hora de apostarmos na garotas.
Na NCAA, temos brasileiras que jogaram na divisão principal na temporada 2018-2019. A LBF também merece ser observada, principalmente pra vermos as jogadoras jovens que estão brilhando. Talvez nosso maior problema na renovação é na zona do garrafão, que o material humano é um pouco menor dos nas posições 1,2 e 3. Mas como disse, é necessário apostar na juventude e creio que o Pan de Lima será um bom teste para novas jogadoras.
O caminho para Tóquio é tortuoso. O Brasil precisa ficar entre as sete melhores da Copa América desse ano - creio que isso é um objetivo razoável, já que somos talvez a quarta força do continente sem os Estados Unidos. - para se classificar para o pré olímpico mundial, que o bicho pega. Canadá, Porto rico e Argentina estão à frente do Brasil atualmente e isso não vai mudar da noite pro dia.
Deixar de lado uma possível classificação à Tóquio não é opção, pois mesmo tendo poucas chances é preciso tentar, mas todo mundo tem que aceitar que a chance de não classificar é real e todo o catastrofismo que será feito com isso - já que desde Barcelona 92 o basquete feminino marca presença em olimpíadas - deve ser ignorado, se tivemos uma seleção com média de idade mais baixa. Afinal, vamos crer que o trabalho de José Neto será visando o mundial de 2022 e os jogos de Paris em 2024, sonhos bem mais possíveis.
Mas se ficar chamando jogadoras de quase 40 anos em detrimento de uma mais jovem para as competições de 2019, aí o imediatismo vai continuar sendo a lei. Mas quero dar meu voto de confiança a ele nessa dura caminhada para reerguer esse gigante que é o basquete feminino brasileiro.
foto:Divulgação
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