Após a equipe dos Estados Unidos anunciar que boicotará a última etapa
da Copa do Mundo de Biatlo que acontecerá na Rússia como forma de protesto pelo
pelos casos de doping daquele país, o presidente da União Internacional de
Biatlo (IBU), Anders Besseberg, admitiu que a decisão de manter a final da Copa
do Mundo em Tyumen pode acarretar em mais boicotes por parte de atletas de
outros países. Na visão dele, enquanto a Agência Antidopagem da Rússia (RUSADA)
permanecer suspensa pela Agência Mundial Antidopagem (WADA), as ameaças de
novos boicotes permanecerão.
Besseberg disse ao site Insidethegames durante os Jogos Olímpicos de
PyeongChang 2018 que a IBU havia "agido corretamente de acordo com a evidência
na mesa" em todo o momento.
Os Estados Unidos, o Canadá e a República Tcheca, no entanto,
sinalizaram sua intenção de boicotar o evento na cidade russa no próximo mês. Em
um comunicado divulgado na sexta-feira, 23 de fevereiro, a Federação de Biatlo dos
Estados Unidos criticou a decisão da IBU de manter a competição na Rússia,
apesar do escândalo de doping do país. Eles alegaram que a decisão da IBU envia
uma "mensagem ultrajante de indiferença antidoping ao mundo".
"Em apoio ao esporte limpo e à nossa própria segurança física, não
podemos participar de boa consciência", acrescentou o órgão que comanda o
esporte nos Estados Unidos.
Outros biatletas, incluindo o medalhista de prata olímpica na
perseguição, Sebastian Samuelsson, da Suécia, também ameaçaram não disputar a
última etapa da Copa Mundo depois que a decisão de manter o evento na Rússia foi
tomada.
A Rússia correu o risco de perder a final da Copa do Mundo em Tyumen e outras
duas Copas IBU de segundo nível em Uvat e Khanty-Mansiysk, também no próximo
mês. No entanto, ao invés de retirar as duas etapas da Copa do Mundo, a IBU acabou
confirmando que os eventos programados na Rússia aconteceriam como o planejado,
provocando uma resposta irritada dos atletas.
Como justificativa para manter os eventos no país a IBU citou o fato de que as etapas foram
concedidas à Rússia antes de a RUSADA ser declarada culpada e suspensa pela
WADA. Bessberg, um
norueguês que é presidente da IBU desde 1992, negou as acusações de atletas e
outros críticos de que sua organização tenha sido muito indulgente em lidar com
a Rússia. "Não vou dizer
que fomos moles, estamos corretos", disse ele ao Insidethegames. "Não é correto dizer que fomos
macios, agimos corretamente de acordo com a evidência na mesa. Tenho uma boa consciência de que fizemos o
que é certo e penso que as pessoas que conhecem bem o nosso sistema sabem que
temos tolerância zero ao doping sem qualquer dúvida. Tenho plena confiança no que estamos fazendo",
disse.
A IBU tomou
medidas contra a Rússia, incluindo rebaixar o país de um membro permanente a um
membro provisório em dezembro, mas foi condenada em alguns círculos por não
fazer o suficiente.
Os competidores no circuito da Copa do Mundo
da IBU também expressaram suas preocupações ao Comitê de Atletas da IBU. Eles
acusaram a IBU de não proteger os atletas limpos e convidou o órgão governante
a introduzir punições mais duras ao país atingido pelo escândalo. "Nós
sancionamos a Rússia de muitas outras maneiras e a suspensão provisória durará
pelo menos até o final desta temporada", acrescentou Besseberg.
"Eu acho que
pode ser uma falta de realmente entender a situação problemática. Aqui entendi
os atletas porque eles não estão lidando com os detalhes desse problema. Enquanto
a RUSADA não for compatível, a maioria dos atletas diz que não acham correto
realizar eventos lá", concluiu.
Foto: Getty Images
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