O rigor da Agência Mundial Antidoping (WADA) é
internacionalmente conhecido. Exige ações, adaptações e parâmetros
rígidos dos países, instituições e profissionais responsáveis por todas
as etapas da engrenagem do trabalho contra a dopagem, desde a fabricação
dos frascos à análise e divulgação dos dados. Representante da entidade
para a América Latina desde 2010, a uruguaia María José Pesce Cutri é o
retrato da função e se define como adepta do time dos "otimistas". Ela
entende que a luta pelo "jogo limpo" cria uma cultura de educação para
valores éticos e que essa é uma discussão bem abrangente.
"Respeitar as normas é fundamental para a vida", afirmou, na saída do
Encontro das Faculdades de Educação Física do Brasil, realizado na
quarta-feira (28.06) pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem
(ABCD), em Brasília, para defender a adoção do tema no currículo de
cursos de educação física.
"O esporte sempre foi visto como saída de integração social, e isso a
despeito da história dos países, de diferentes sistemas políticos, de
guerras. Sempre foi um pacificador, uma ferramenta de inclusão, de
educação, de transmissão de valores. Essa não é uma luta perdida, mas
uma luta que estamos ganhando", disse a professora de educação física,
também formada em relações internacionais e ex-integrante da seleção
uruguaia em provas de atletismo.
María José veio a Brasília se reunir com o então secretário nacional da ABCD,
Rogério Sampaio, e com funcionários da entidade para enfatizar os
investimentos nos conceitos de informação, prevenção e sensibilização.
"Há um trabalho de cooperação intenso. Houve uma auditoria na ABCD há
pouco mais de um mês e agora estamos trabalhando diferentes ações
corretivas. São pequenas coisas que precisam ser feitas não melhores,
porque já vêm sendo bem feitas, mas um pouquinho diferente", explicou.
Segundo ela, a área de educação baseada em valores é um bom exemplo.
"Ano passado, isso era só uma ideia. Agora temos o conceito implementado
nesse evento", disse. "Aqui temos representantes de mais de 100
universidades de todo o Brasil. É uma amostra de que as pessoas têm
confiança no sistema e de que a educação pode fazer mudanças que são
definitivas para jovens esportistas. É nisso que temos de nos inspirar,
em saber que trabalhamos para nossos filhos, nossos netos, nossos
jovens", afirmou.
O rigor com todas as fases do trabalho antidopagem se justifica,
segundo María José, porque há uma necessidade de preservar os atletas
que adotam o jogo limpo, de um lado, e de ter certeza e critério claro
quando aponta erros de possíveis infratores ao código, principalmente
porque implica consequências profissionais e de imagem.
"Os padrões internacionais são muito técnicos, estruturados, rígidos,
você não pode se afastar deles. A visita da Wada é para ajudar a
cumpri-los, a fazer com que todos os funcionários da ABCD sejam
sensibilizados da temática em detalhe e que fiquem tranquilos de que
estão trabalhando no caminho correto", explicou.
"A ABCD está fazendo um trabalho responsável, comprometido, de acordo
com o Código Mundial Antidopagem, seguindo padrões internacionais de
controle e investigação. Muito já foi feito, mas sempre há espaço para
melhorar", disse. "Nossa função na WADA é fazer um trabalho de
cooperação entre os países. O Brasil está comprometido e isso é uma
garantia importante para todos os esportistas no Brasil."
Foto: Ministério do Esporte
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