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Surto História - Do coma ao ouro



Ronny Weller poderia ser considerado como um fenômeno do halterofilismo. Aos 18 anos era campeão Mundial júnior e terceiro no Mundial adulto, ambos na categoria até 110kg. Aos 19, representando a Alemanha Oriental, Welle foi bronze nas Olimpíadas de Seul. Todos apostavam que o próximo ciclo olímpico seria todo dele e que ele dominaria o esporte em sua categoria.

Mas uma tragédia aconteceu na vida de Weller. Em 22 de dezembro de 1989 ele dirigia seu carro acompanhado de sua então namorada em uma pista estreita e molhada na cidade de Frankfurt, na Alemanha. O halterofilista perdeu o controle do veículo e acabou batendo o carro violentamente em uma árvore. A namorada do atleta morreu na hora. Weller foi parar no hospital com inúmeras fraturas, inclusive traumatismo craniano, além de ficar em coma por mais de uma semana. Os médicos consideraram um milagre ele estar vivo. Mas não foi apenas isso. O alemão ficou parado por 15 meses, em uma reabilitação lenta e dolorosa. Muitos especialistas chegara a afirmar que sua carreira no halterofilismo tinha acabado.

Em março de 1991, o agora alemão Ronny Weller voltou aos treinos, visando se preparar para o Mundial e a Olimpíada de Barcelona. E em outubro de 1991, retornou às competições com a disputa do Campeonato Mundial, contrariando quem acreditava que ele ainda ficaria de fora dessa disputa. Voltou em grande estilo, ficando com o 2° lugar, perdendo apenas para o soviético Artur Akoyev, o que deixou todos surpresos.

Era como se ele nunca tivesse parado para se recuperar do acidente. Weller voltou a ser um dos favoritos ao ouro olímpico na categoria até 110kg, ao lado de Akoyev, Stefan Botev (búlgaro que se naturalizou australiano e havia vencido os mundiais de 1989 e 1990) e, por ter ficado acima do peso, a categoria pesados teve a presença de Niculae Vlad, romeno que queria naturalizar-se australiano - foi barrado, e teve de competir como romeno em Barcelona, e que já havia faturado ouro em 1984 e prata em 1988 na categoria meio-pesado.


O início da disputa olímpica em Barcelona foi na prova do arranque. Quem começou melhor foi o atleta da Equipe Unificada - denominação em substituição à da extinta União Soviética. Weller em segundo, Vlad e Botev empatados em terceiro. No arremesso, Akoyev continuou na frente, levantou 230kg na primeira tentativa, enquanto que Weller levantou 225kg. Botev levantou 227,5kg e empatou com o alemão. Com Niculae Vlad fora do páreo, a segunda tentativa do arranque ficou polarizada entre Botev, Weller e Akoyev.

O búlgaro-australiano tentou levantar 237,5kg na tentativa de alcançar o russo Akoyev. Não deu. O mesmo Akoyev conseguiu levantar 235kg, mesma soma de Weller. A decisão do ouro iria ser decidida no último arremesso. Botev tentou levantar 237,5kg, se conseguisse, ao menos empataria com o alemão. Falhou, e ficou com o bronze. Faltava saber quem ficaria com o ouro.

Akoyev também tentou levantar 237,5kg. E também falhou. Restava agora secar o alemão Weller, que tentaria levantar 240kg, 2,5kg a mais que o necessário para o ouro. O alemão provavelmente pensou em tudo o que havia passado desde 1989 até aqui... e lá foi ele, levantando o peso. Até que, para felicidade geral da nação, Weller conseguiu manter-se com os 240 kg levantados e venceu a disputa dos pesados no Levantamento de Peso.

Esse acabou sendo seu único ouro em Jogos Olímpicos. Após Barcelona, ele conquistou duas pratas em Atlanta 1996 e Sydney 2000, além de um título Mundial em 1993. Weller disputou ainda os Jogos de Atenas, sendo o terceiro halterofilista da história a disputar cinco Olimpíadas, os outros foram seu compatriota Ingo Steinhöfel e o húngaro Imre Földi.

Weller é considerado um dos maiores halterofilistas da história da Alemanha, e sua história de superação em Barcelona o fez muito popular entre os alemães.

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