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Coluna Brazil com ‘S’: A Seleção Canarinho e seu Tabu Dourado


Tendo um pensamento lógico, uma das equipes mais vencedoras, em sua modalidade, nos mais diversos campeonatos regionais e até mundiais, teria o rendimento semelhante nas competições realizadas em Jogos Olímpicos. Tal raciocínio aplica-se nos mais vastos exemplos. Mas, utilizando-se de uma expressão costumeira: Em toda regra, há exceção.

Um exemplo desta regra é o Basquete, em que os norte-americanos arrasam nas quadras dos mundiais e também dos Jogos Olímpicos. Nas duas últimas edições do Campeonato Mundial e das Olimpíadas (entre Masculino e Feminino), os Estados Unidos levaram tudo, mostrando qualidade destacada entre as demais Seleções.

E isto se repete em outros esportes: No Atletismo, as provas rasas são dominadas pelos Jamaicanos, enquanto as provas fundas têm domínio no continente africano, com atletas principalmente do Quênia e Etiópia; no Vôlei, o Brasil tem um desempenho excelente nas suas competições mundiais e também nas olimpíadas; O Tênis de Mesa é dominado por países asiáticos e o Handebol, por países Europeus.

(Foto:Reprodução)

Mas no Futebol, não. A Seleção Pentacampeã do Mundo, com destaque, sempre entre as melhores seleções do mundo, nunca esteve no ponto mais alto do pódio. Um verdadeiro tabu, regado de medos e pressões, que faz com que a Seleção Canarinho não conheça a medalha olímpica de Ouro.

Em um apanhado histórico, percebemos como o Brasil vai de um fracasso total à melhor campanha da competição que tropeça no final, quando não é eliminado por zebras.

O esporte mais popular do mundo está no programa olímpico desde 1900 (exceto na edição de Los Angeles 1932). O Brasil integrou o grupo de seleções que competem nas Olimpíadas pela primeira vez em 1952, nos Jogos de Helsinque, na Finlândia.

É sempre bom lembrar que, desde 1930, com o início da realização da Copa do Mundo de Futebol, a modalidade nas Olimpíadas foi deixada um pouco de lado, ficando para categorias amadoras e, posteriormente, das categorias de base.

E das 15 edições, desde Helsinque 1952 até Londres 2012, a Seleção Verde e Amarelo esteve ausente em quatro: Melbourne 1956, Moscou 1980, Barcelona 1992 e Atenas 2004. Nestes quatro momentos, o fracasso foi tamanho, já que o Brasil era visto na época como uma das principais forças na modalidade.

Um apanhado histórico do Brasil nas competições de Futebol nos Jogos Olímpicos só faz mostrar a força que este tabu ganha a cada edição que se passa sem que o Ouro venha brilhar no peito de nossos jogadores.


Helsinque 1952: A Seleção Brasileira estreava em jogos Olímpicos no Futebol, e vinha de um vice-campeonato mundial, o que enchia de esperanças a todos. O Brasil venceu dois jogos, mas caiu nas quartas-de-final para a Alemanha.

Melbourne 1956: Não Participou.

Roma 1960: Após o primeiro título mundial, em 58, o Brasil não fez bonito e caiu já na primeira fase.

Tóquio 1964: Com apenas uma vitória na primeira fase, o país novamente não avança na disputa pela medalha.

Cidade do México 1968: O Brasil não ganha nenhum jogo e nem passa para a fase mata-mata.

Munique 1972: Na sequência de 4 edições sem passar da primeira fase, nossa seleção não ganha nenhum jogo.

Montreal 1976: A primeira grande campanha brasileira. Após quatro edições para o histórico do Brasil ficar manchado, o país passou da primeira fase e quartas-de-final. Na Semifinal, entretanto, a Seleção Brasileira cai diante dos Poloneses. E, ainda na briga pro sua primeira medalha, mesmo que de Bronze, o Brasil enfrentou a forte e extinta União Soviética e, novamente perdeu, fechando em 4º lugar.

Moscou 1980: Não Participou.


Los Angeles 1984: A EDIÇÃO PRATA
A primeira medalha brasileira veio prateada. Na edição que ocorreu em solo norte-americano, o Brasil de Dunga, Gilmar e Milton Cruz passou invicto na primeira fase, nas quartas e semifinal, mas ao enfrentar a França na final, perdeu. Foi a primeira aparição do Brasil no pódio e o que iniciava a sensação de querer cada vez mais o Ouro Olímpico.

Seul 1988: A EDIÇÃO PRATA – PARTE II
Após a conquista da Prata na edição anterior, o Brasil só focava em conquistar seu primeiro Ouro. Seleção que contava com Taffarel, Bebeto e Romário, passou voando e invicta pela primeira fase. Nas Quartas, passou pela seleção vizinha e rival Argentina. Na Semifinal, pelos pênaltis, o Brasil eliminou a Alemanha e, pela segunda vez seguida, ganhou uma vaga na Final. Na ocasião, em que ainda havia a existência do Golden Goal, o Brasil perdeu para a União Soviética por 2x1.

Barcelona 1992: Não Participou.


Atlanta 1996: A ZEBRA AFRICANA
A Seleção de Ronaldo Fenômeno, junto com Rivaldo, Bebeto e Dida, treinada por Zagallo, passou na primeira fase com facilidade. O Brasil vencia por 3x1 a Seleção da Nigéria, até que cedeu o empate no tempo normal e levou um Golden Goal na prorrogação, colocando o país fora da Final. Na disputa do Bronze, o Brasil venceu a Seleção de Portugal. Porém, não foram nem ao pódio buscar a medalha. Veja os melhores momentos desse jogo aqui.



Sydney 2000: A ZEBRA AFRICANA – PARTE II
O tabu dourado que rondava o Brasil crescia a cada edição. E na ocasião, o Brasil passou bem pela primeira fase, mas nas quartas, enfrentando a Seleção de Camarões, caiu, deixando escapar mais uma vez essa oportunidade (Camarões, depois, se sagrou a seleção campeã da edição). Camarões fez o Golden Goal, última vez que isso aconteceria na modalidade olímpica, e eliminou o Brasil, por 2x1.

Atenas 2004: Não participou.

Beijing 2008: O BRONZE HERMANO
O Brasil passou a trabalhar com a mentalidade que deveria ganhar esta medalha. E foi assim na primeira fase. A Seleção Canarinho veio com Alexandre Pato, Ronaldinho Gaúcho e Thiago Silva. Passou por Camarões nas quartas, deixando o passado para trás. Mas foi na semifinal, enfrentando a Argentina de Messi, DiMaria e Riquleme que o Brasil encontrou seu limite. Perdeu por 3x0, em um verdadeiro show hermano. O Bronze veio diante da Bélgica.





Londres 2012: A PRATA AMARGA
Na última edição dos Jogos Olímpicos, o Brasil foi com tudo. Uma Seleção que contava com Neymar, Ganso, Lucas, Leandro Damião, Oscar, Hulk, Marcelo e Thiago Silva tinha tudo para levar o inédito. Passou tranquilo pela primeira fase, se apertou nas quartas diante de Honduras, passou pela Coreia do Sul na semifinal, mas foi com a Seleção do México que, novamente, encontramos o amargo de perder mais uma final. Os dois gols de Peralta no 2x1, tiraram o sonho de nosso Ouro por mais uma vez.

Rio 2016: ESPERANÇA EM CASA
E mais uma edição se aproxima, e por mais uma edição este tabu sobrevive. A pressão que antes vinha pelo simples fato de sermos um dos melhores do mundo, sempre com uma equipe favorita, agora vem carregada de outro problema: somos anfitriões. Os meninos, atualmente da seleção sub-21 brasileira treinada por Alexandre Gallo, estão fazendo um bom papel nos preparativos e amistosos feitos até agora. Faltam poucos menos de 2 anos e muito trabalho ainda deve ser feito,mas a expectativa éque dessa vez, não escape este sonhado Ouro.



O mesmo reflexo do Brasil nos campos olímpicos de futebol é analisado como era antes na Copa América: uma postura de desqualificação do campeonato, sem interesse maior, fazendo com que jogadores, dirigentes, torcedores, e qualquer outro deixassem de lado tudo aquilo que não fosse a Copa do Mundo.

Se essa visão mudou, mudou também a postura diante do problema. Agora levamos os melhores (dentre os jogadores sub-23, além de outros 3 convocados), buscamos o melhor resultado, enfrentamos a situação com foco e cuidado e sofremos com as frustrações das últimas edições. E o que desejamos é seja diferente aqui no Rio.

Que tenhamos o melhor desempenho possível nesse período preparatório; que cheguemos ao Rio em 2016 como a seleção mais que favorita, a que veio pra ficar com Ouro. Que a magia trazida pelos Jogos Olímpicos do Rio chegue às chuteiras para quebrar esse tabu dourado que ainda permeia nossa Seleção Canarinho.



Fotos: blogdoabdul.wordpress.com 

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