Lais Souza
está disposta a tentar todos os tipos de
tratamentos possíveis para recuperar os movimentos que ela perdeu após
bater em
uma árvore quando esquiava em janeiro deste ano, em Salt Lake City. E o
fato
dela ser uma atleta de alto rendimento vai facilitar o seu acesso aos
mais
modernos programas de reabilitação de vítimas de paralisia e e também
aos tratamentos experimentais. Lais foi escolhida
para ser umas das
primeiras pacientes com paralisia a receber tratamentos com
células-tronco e células de Schwann através do Miami Project, associação
ligada ao hospital Jackson Memorial e parte da Universidade de Miami,
que busca a cura da paralisia. A injeção dessas células na medula
poderia ajudar no processo de recuperação de
algum tipo de movimento da esquiadora e ex-ginasta, que sonha em voltar a andar
e dar os seus "pulinhos".
– Alguns médicos no hospital que eu fiquei internada estão fazendo uns
estudos com células-troncos. Eu quero ter essa oportunidade de fazer todas as
tentativas de cura. Estou disposta a fazer tudo que a medicina e o mundo oferecerem.
Tem muita coisa com eletroestimulação também. Vou esperar algumas opiniões
médicas, mas estou disposta a fazer tudo que for possível para voltar a andar –
afirmou Lais, que, após quase cinco meses internada, recebeu alta do Jackson Memorial na última segunda-feira, mas
continua em Miami para a sequência do seu tratamento.
De
acordo com a fisioterapeuta Denise Lessio, que acompanha Lais
diariamente desde o acidente no fim de janeiro deste ano, Lais está
recebendo uma oportunidade fantástica de ter acesso ao que há de mais
moderno na medicina em casos
de paralisia.
– Aqui em Miami, pela primeira vez alguém no mundo tem uma
luz no fim do túnel com isso que está acontecendo com ela. Nós
conseguimos
colocar ela na fila das pesquisas para ela passar por tratamentos com
células-troncos e células de Schwann. Tem muita gente que está há dez
anos na fila e não conseguiu essa chance. Nunca existiu uma promessa
tão forte de virar o jogo. O fato dela ser atleta conta muito. A saúde
do corpo
dela, o coração de atleta, que é forte. E o pulmão, também. O tempo que
ela saiu
do ventilador (respiração artificial) após o acidente surpreendeu. A
chance dela nunca ter
saído do ventilador era imensa. Falavam em quatro meses no mínimo e ela
saiu em
apenas alguns dias. Isso chamou a atenção dos médicos e a elegeu para
esse tratamento novo – comentou Denise, que era fisioterapeuta pessoal
de Lais antes
do acidente, mas acabou sendo contratada pelo Comitê Olímpico Brasileiro
(COB)
para cuidar da ex-ginasta nos Estados Unidos.
Ciente de que não encontrará as mesmas possibilidades de
tratamento fora dos Estados Unidos e de que ainda terá muitas batalhas pela frente,
Lais não se imagina voltando tão cedo para o Brasil.
– Eu ainda não fiz muitos planos. Mas eu tenho que pensar no
que é o melhor para o meu corpo, para a minha recuperação. Se o melhor for
ficar aqui, eu vou investir nisso. Aqui, estou sendo bem tratada e tranquila. Não
dá para pensar em voltar para o Brasil. Aqui, eu tenho acesso a tudo, tem acesso
para os cadeirantes em qualquer lugar. O Brasil não está pronto para me
receber. O Brasil melhorou bastante, mas tem muito a melhorar. Aqui está sendo
bom para mim, por mais que eu esteja paralisada – explicou a atleta.
Além de fazer parte das pacientes dispostas a participar das
pesquisas do Miami Project, Lais também deve iniciar uma parceria com o centro para
a criação de um instituto para ajudar brasileiros que ficam tetraplégicos após
acidentes ou doenças. Um evento para arrecadação de fundos vai acontecer em
setembro, em Miami.
– Em setembro, a Lais vai começar a montar uma fundação para
tentar proporcionar para os brasileiros o tratamento que ela teve. Vai
acontecer um evento grande para arrecadação de dinheiro. Tem empresários
brasileiros que entraram em contato com a gente e também empresários dos
Estados Unidos – explicou Denise.
Enquanto os médicos ainda buscam alternativas para tentar encontrar a cura para a paralisia de Lais,
ela segue tendo bastante fé nas suas chances de recuperação:
– Eu sempre tive fé em Deus. Ele sempre esteve comigo,
porque não foi fácil fazer ginástica, com todo o risco que tem a ginástica,
depois esqui, com o risco que tem o esqui. Eu sempre coloquei Deus na frente e
rezei. Agora, está mais forte essa parte da religião. Eu estou procurando me
apegar bastante, todo mundo fala para eu acreditar bastante em Deus. Estou
acreditando e sonhando com a chance de voltar a andar. Torço para que dê tudo certo.
Foto: Arquivo Pessoal
Fonte: Laís Souza
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