Por Leonardo Félix (@leo_felix)
Automobilismo
e Olimpíadas sempre foram dois entes com relação um bocado animosa.
Afinal, um esporte (que alguns nem consideram como tal) que depende de
uma complexa máquina com rodas e motor, de uma praça muito maior do que
uma simples quadra e de investimentos simplesmente nababescos nunca foi
visto com bons olhos por quem comanda a festa quadrienal.
Da
era moderna dos Jogos Olímpicos, o esporte a motor fez parte apenas
duas vezes: a primeira, na edição de Paris, em 1900, na forma de um
conjunto de demonstrações de diversas modalidades; a segunda – e única
oficial -, oito anos mais tarde, em Londres, que envolveu três eventos
de motonáutica.
Mais
de um século depois, uma disputa como essa em Olimpíadas seria
impensável, já que o próprio regulamento do COI (Comitê Olímpico
Internacional) prevê que “qualquer esporte, disciplina ou evento em que o
desempenho dependa essencialmente de propulsão mecânica não será
aceito” na programação dos Jogos.
Mesmo
com tal proibição, o automobilismo manteve-se vinculado como esporte
reconhecido pelo COI desde que sua entidade reguladora, a FIA, era
conhecida como AIACR, isso na primeira metade do século XX.
O
vínculo entre as partes, que já era tão frágil, foi quebrado totalmente
em 2003, quando a federação se recusou a assinar o Código Mundial
Antidoping, por considerar que o automobilismo possuía mecanismos
próprios e adaptados à sua realidade na prevenção à dopagem, e por isso
foi excluído da entidade olímpica máxima no ano seguinte.
Depois
de muitas negociações e ponderações, a FIA só veio a aceitar os termos
do acordo coletivo em 2010. Assim, a trégua definitiva veio em 9 de
dezembro do ano passado, quando o atual presidente do COI, Jacques
Rogge, voltou a reconhecer oficialmente o automobilismo.
Contudo,
a aceitação
veio só em caráter provisório, válido por dois anos. Nesse período, o
órgão que rege o esporte deverá criar uma Comissão Oficial de Atletas
para, enfim e só então, ter o reconhecimento definitivo. O que ainda
está longe, muito longe de levar um motor a roncar para a disputa de uma
modalidade oficialmente olímpica.
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