Os EUA levantam a taça do Pré Olímpico da CONCACAF
Por Gustavo Rodrigues (@GustavoHull)
Como já esperado, Canadá e Estados Unidos obtiveram
as duas vagas aos jogos olímpicos de Londres. Na primeira fase, ambos lideraram
seus grupos sem maiores complicações. Nos jogos semifinais, entretanto,
passaram por maus bocados quando enfrentaram os motivados México e Costa Rica,
que por serem azarões jogaram sem muita responsabilidade pelo resultado.
As
canadenses (que não contaram com a ilustre presença da Luiza, que já havia
retornado ao Brasil quando a competição se iniciou) ficaram ainda mais perigosas
e eficientes sob o comando de John Herdmann. O treinador decidiu escalar
Christine Sinclair como uma camisa 10, conduzindo a bola para o ataque, posição
um pouco diferente da que atuava nos anos anteriores. Engana-se quem pensa que
o rendimento da capitã caiu por conta disso, como demonstram seus nove gols
marcados e a artilharia isolada do torneio.
O meio
campo foi o segredo do bom futebol apresentado pela seleção anfitriã. Além de
Sinclair, Kelly Parker, Kaylyn Kyle e Sophie Schmidt conseguiam manter o nível
da marcação e da saída de bola sempre lá em cima. O trabalho de todas elas foi dobrado, visto
que Diana Matheson, principal referência no quesito passe e bola parada, se
machucou dias antes da estreia. Ainda que os jogos olímpicos exijam mais da
capacidade das atletas, o Canadá demonstra ter boas opções no banco de
reservas.
Os Estados
Unidos demonstraram o que se esperava, muito pela ótima estratégia de jogo
imposta por Pia Sundhage, onde a ordem era movimentação e alternância total de
esquemas táticos. Beneficiadas por isso, Carli Lloyd e Lauren Cheney, as meio
campistas com maior capacidade ofensiva, apareciam com frequência na área para
a conclusão de lances. O plantel é tão
qualificado, que a sueca se dava ao luxo de manter jogadoras como Megan
Rapinoe, Tobin Heath e Alex Morgan no banco de reservas. A novata Sydney
Leroux, estreante em competições internacionais, estreou na partida contra a
República Dominicana marcando cinco gols, tornando-se mais uma boa peça para o
setor ofensivo americano. Diferentemente do que se pensa, esse pensamento todo
voltado ao ataque não afetou a defesa, que permaneceu invicta durante a
competição.
A única
baixa no torneio passa a ser a lesão de joelho sofrida pela lateral Alex
Krieger, que ficará fora dos gramados por aproximadamente oito meses, perdendo
assim a chance de disputar a Olimpíada. Heather Mitts e Kelley O’Hara brigam
por essa vaga. A zagueira Rachel Buehler chegou a atuar alguns instantes na
função, mas até pelo seu bom trabalho na zaga central, deve ser mantida ao lado
da capitã Christie Rampone no miolo defensivo.
No jogo
que decidiu o título, os Estados Unidos passaram com certa facilidade diante de
um tímido Canadá, que não demonstrou o futebol dos jogos anteriores. O grande
destaque do jogo foi Alex Morgan, que marcou dois belíssimos gols e deu duas
assistências para Abby Wambach, que chegou a marca de 131 gols com a camisa
americana. Essa partida serviu para dar mais confiança à camisa 13, que foi
reserva no restante da competição e não teve boas atuações quando entrou no
decorrer das partidas.
Ainda que
não tenham conseguido a tão sonhada vaga, México e Costa Rica merecem destaque.
O primeiro demonstrou mais uma vez o ótimo trabalho realizado por Leonardo
Cuellar, e, apesar da derrota nas semifinais, deixa uma boa impressão. O time
era composto quase todo pelas atletas que disputaram Copa do Mundo e
Pan-americano no ano passado, o que ajudou no quesito entrosamento. Dentro das
quatro linhas, percebeu-se uma evolução no que diz sentido a trabalho de bola.
A camisa 10 Dinora Garza teve a companhia de Teresa Noyola no meio campo, o que
tornou a transição do meio campo para o ataque mais rápida.
Na defesa,
Cecilia Santiago repetiu os bons jogos realizados no ano passado, bem como
Alina Garciamendez e Jennifer Ruiz, mais uma defensora com aptidões para vestir
a camisa da seleção por um bom tempo. Diferentemente das partidas anteriores,
desta vez o lado direito era o mais forte, especialmente com os constantes
avanços da lateral Arianna Romero, a jogadora mais regular do time mexicano.
Monica Ocampo, destaque no lado esquerdo de ataque até então, não demonstrou o
futebol de outros tempos, acabando com uma boa opção de saída em velocidade
pelos lados do campo.
Muito pela
organização demonstrada, a Costa Rica foi a grande surpresa do torneio. Com um
time extremamente veloz, tinha no ataque seu ponto forte. Raquel Rodriguez, a
grande esperança de gols antes do início do torneio, passou em branco. Por outro
lado, ela foi responsável pela bela assistência para o gol de Fernanda
Barrantes na partida contra o Canadá. A jovem meio campista Wendy Acosta
terminou como artilheira do time com três gols marcados, se tornando outro
importante nome nessa campanha. No setor defensivo, Diana Saenz e Fabiola
Sanchez também mostraram bons atributos, a segunda se revelando uma boa opção
na bola parada.
Na partida
semifinal contra os Estados Unidos, o time de Karla Aleman encarou as
adversárias de igual para igual, empolgando o torcedor canadense, que torcia em
sua maioria para as costarriquenhas. Quando o placar era de 1-0, uma bola na
trave quase sacramentou o (até então merecido) empate. Ainda que tenha sofrido
mais dois gols na segunda etapa, o time saiu aplaudido. A Costa Rica saíra do
torneio mais forte do que entrou.
A
Guatemala foi a seleção que melhor que mostrou maiores recursos dentre as que
não avançaram as semifinais. Ainda que tenha sido goleada por México e Estados
Unidos, deixou uma boa impressão em parte desses jogos, sempre explorando a
velocidade de Ana Martinez, que ao lado da lateral Kimberly De León e da meia
atacante Wendy Pineda, foi o grande destaque do país no torneio. Como consolação,
as guatemaltecas venceram a seleção da República Dominicana na última rodada
por 6-0, confirmando a boa impressão das partidas anteriores.
Seleção do pré-olímpico: Hope Solo
(Estados Unidos); Arianna Romero (México), Rachel Buehler (Estados Unidos),
Fabiola Sanchez (Costa Rica), Kimberly De León (Guatemala); Kelly Parker
(Canadá), Carli Lloyd (Estados Unidos), Ana Martinez (Guatemala); Heather
O’Reilly (Estados Unidos), Christine Sinclair (Canadá) e Wendy Acosta (Costa
Rica).
Outros destaques: Robin Gayle, Melanie
Booth, Sophie Schmidt e Kaylyn Kyle (Canadá); Diana Saenz e Raquel Rodriguez
(Costa Rica); Alex Morgan, Lauren Cheney, Amy Rodriguez e Sydney Leroux
(Estados Unidos); Chrystal Martinez, Teresa Noyola e Maribel Dominguez
(México); Wendy Pineda (Guatemala).
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