Ninguém sabe dizer ainda qual vai ser a extensão do período de isolamento social – enquanto algumas cidades retomam algumas atividades, outras prorrogam o período de afastamento de práticas cotidianas que envolvem interações com maior número de pessoas. Se o panorama permanece nebuloso, de uma coisa, ao menos, a Confederação Brasileira de Ginástica está certa: o modelo de treinamento online adotado desde as primeiras semanas do período assolado pela pandemia é vitorioso e veio para ficar.
Depois do treino online de Ginástica Rítmica aberto ao público na quinta-feira da semana anterior – um sucesso – a Ginástica Artística Feminina também franqueou o acesso de suas atividades, na terça-feira (2). A sala de compartilhamento de imagens do aplicativo utilizado, que comporta mil pessoas, atingiu lotação completa. Treinadores, fãs, familiares, ginastas e curiosos puderam acompanhar, por cerca de três horas, como as 25 ginastas do Grupo de Controle estão fazendo para manter a forma.
O Grupo de Controle é formado por ginastas promissoras convidadas. As atividades planejadas pela comissão técnica da CBG foram executadas em alto nível, num exemplo de excelente aproveitamento das tecnologias de comunicação hoje disponíveis. A expertise nacional em treinamentos online está atraindo a curiosidade de membros da comunidade internacional da ginástica artística – treinadores de outros países sul-americanos e da Ucrânia observaram com interesse o que o Brasil está fazendo para manter suas atletas em forma. O evento foi prestigiado até pela vice-presidente da Federação Internacional de Ginástica (FIG), Nellie Kim.
Ao final, a empolgação pela coesão do grupo e o alto nível da execução dos exercícios transparecia nas declarações de vários participantes. “Momentos como esse reforçam o orgulho que temos por toda a ginástica brasileira. Após muito trabalho, somos hoje um dos maiores esportes do País, e seguimos firmes nessa caminhada para incentivar a prática esportiva cada vez mais”, disse Henrique Motta, Coordenador Geral e de Eventos da CBG.
Mesmo acusando o cansaço após o treino, a expressão risonha das jovens ginastas, ao término do encontro virtual, evidenciava o sucesso da empreitada. “Só tenho que agradecer aos técnicos, que estão a cada dia aprimorando o nosso treinamento”, disse Julia Soares, que participou no ano passado do 1º Campeonato Mundial Júnior da modalidade, em Gÿor, na Hungria.
O treinador Eliseu Burtet é mais um dos que perceberam o paradoxo do atual momento: “Nunca estivemos tão distantes, mas, ao mesmo tempo, tão próximos. Antes da pandemia, não tínhamos esse contato tão frequente. Acho que essa união só vai alavancar a nossa ginástica. Quando voltarmos aos ginásios, será com todo o gás”.
Ao perceber que os objetivos do treino aberto foram alcançados com sobras, Adriana Alves, Coordenadora Técnica da Ginástica Artística Feminina da CBG, não escondeu a emoção, e chegou a chorar. “Estamos vendo cada uma dessas ginásticas, cada qual com um dom especial, com seu carisma, seu jeitinho. Todas estão se esforçando ao máximo para agradar ao treinador e fazer a melhor execução possível. Quero dizer que não é só o sonho olímpico que nos empurra, saber que somos inspiração para essas atletas todas também nos enche de felicidade”.
E foi em tom de celebração, dançando ao som de Sandy e Júnior (“Vamo pulá”), que as ginastas encerraram mais um capítulo histórico de uma trajetória de resiliência que realça o esforço da CBG para manter seus atletas motivados e treinados ao longo destes meses.
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