Afinal, o que um esportista pode fazer depois de deixar o esporte? É algo difícil de se imaginar, após viver toda uma vida de treinos e competições. Mas e quando a carreira olímpica é acompanhada por outras carreiras e chega um momento que você realmente precisa sentar e relaxar de tudo. Pois é exatamente isso que está passando o dentista, poeta, escritor, palestrante, marceneiro e ex-atleta norte-americano Greg Bell.
Campeão olímpico do salto em distância durante os Jogos Olímpicos de Melbourne em 1956, com a marca de 7,83 m, Bell não teve infância fácil. Viveu em um galinheiro pelos 12 primeiros anos de vida. Sua família nunca teve muitas oportunidades. Ele foi o sétimo de nove filhos e seu pai sequer passou da quinta série na escola, pois precisava trabalhar.
Bell sentia o racismo, que segrega e mata até hoje. Mas ele não se calava. Encarava de frente qualquer tipo de preconceito e sempre com muito respeito, se relacionava com pessoas inseridas em qualquer tipo de cultura, origem ou grupo na sociedade. Convocado pelo exército norte-americano, Bell foi convencido a tentar uma vaga no curso de medicina da Universidade de Indiana (UI).
Ele ingressou na UI e o resto é lenda. Bell dominou as competições de salto em distância na Liga Universitária da NCAA entre 1956 e 1958, tornando-se o melhor saltador do mundo na época.
Foto: Indy Star |
Tempos após a conquista, passou a trabalhar no Logansport State Hospital, chegando ao cargo de diretor de odontologia, posto no qual ele ocupava há 50 anos.
Hoje, aos 89 anos e aposentado de todas as suas profissões, Bell revela que não acredita que pôde fazer tantas coisas. “Quando leio sobre algumas das coisas que fiz”, disse Bell, em entrevista ao portal de notícias de Indiana, Indy Star. “Acho que estou lendo sobre outra pessoa. Isso não soa como se fosse eu".
A aposentadoria veio em 30 de maio deste ano, após uma cirurgia para substituição de sua válvula cardíaca, além da inserção de uma marca-passo. A saúde não é mais como era durante a juventude. Mesmo assim, demorou para Bell acostumar-se com a ideia de se aposentar.
"Eu nunca pensei que fosse algo particularmente incomum", explicou ele. "Quando eu era criança já trabalhava".
E não pense que após o ouro em Melbourne 1956 a vida de Bell foi como a de uma celebridade. Poucos pacientes sabiam sobre sua conquista olímpica. Apesar disso, quando estes eram informados sobre o feito e pediam para ver a medalha, Bell se prontificava para mostrar e contar mais sobre.
Recentemente, ele e sua esposa Mary Lawrie decidiram mudar de casa, deixando de lado o longo serviço de cortar grama por horas em seu quintal, optando por uma casa menor e claramente, menos trabalho. Mesmo assim ele não se sente entediado e segue praticando esporte. "Estou me sentindo bem. Eu tenho uma bola", afirmou.
Mesmo sofrendo com vitiligo, uma doença que faz com que Bell perca pigmentação de sua pele, deixando-o cheio de manchas, ele mostra vontade em viver cada vez mais e finaliza dizendo que deseja passar a idade do avô paterno, que morreu aos 102 anos.
Foto: David Woods/Indy Star
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