O caminho natural para um atleta é primeiro disputar as principais
competições das categorias de base para depois chegar no adulto. Para a
mesatenista brasileira Bruna Takahashi, porém, aconteceu o inverso. Com
apenas 16 anos, ela conseguiu realizar bem cedo o sonho de qualquer
atleta de disputar os Jogos Olímpicos. No Rio 2016, ela era a caçula do Brasil. Agora, dois anos depois, representa o país nos Jogos
Olímpicos da Juventude Buenos Aires 2016, que acontecem até o próximo
dia 18, e compartilha toda sua experiência precoce com os 79 atletas de
15 e 18 anos que integram a delegação brasileira na Argentina.
Em Buenos Aires, Bruna é praticamente uma exceção entre os quase
quatro mil atletas de 206 países participantes da competição. Existem
poucos exemplos de atletas que estiveram em Jogos Olímpicos adultos
antes dos da juventude. No tênis de mesa, além dela, apenas a
porto-riquenha Adriana Diaz também participou da última edição olímpica.
“A experiência do Rio 2016 me ajudou muito a conseguir entrar mais
focada na competição, a não me distrair com a Vila Olímpica e a não me
descontrolar com as coisas em volta. Isso refletiu no meu jogo, porque
consegui entrar mais concentrada e, consequentemente, fazer o que queria
dentro das partidas”, considera Bruna.
Dentro do Time Brasil em Buenos Aires, Bruna é uma referência. Ela
está sempre dividindo experiências com os colegas de outras modalidades.
As companheiras de quarto, Giovana Prada, da vela, e Ana Luiza Caetano,
do tiro com arco, são as que mais aproveitam deste privilégio. “As
meninas do meu quarto, a Lulu e a Giovana, sempre perguntam como foi o
Rio 2016. Eu conto que era bem maior, mas um esquema parecido. Tem que
tomar cuidado para não se desfocar, então tento passar conselhos para
elas não se descontrolarem com o que há ao redor dos atletas”, revela a
mesatenista olímpica.
A paulista de 18 anos teve uma ascensão meteórica. Em 2015, foi
campeã mundial infantil e pouco mais de um ano depois integrava o Time
Brasil no Rio 2016. Lá, logo de cara, pegou a principal potência da
modalidade, a China, e acabou sendo derrotado na primeira rodada. Mesmo
assim, para Bruna, o saldo foi positivo. “Fiquei muito emocionada quando
fiquei sabendo que ia para os Jogos Olímpicos. Foi um sonho realizado e
espero participar muito mais vezes. Infelizmente, nosso primeiro jogo
foi contra a China, mas eu consegui jogar muito bem. Numa entrevista
após o jogo elas elogiaram o meu jogo e disseram que eu tinha futuro,
então fiquei bem satisfeita com o resultado”, recorda Bruna.
A China vem sendo a pedra no sapato para a brasileira. Em Buenos
Aires, vinha fazendo uma campanha sólida, sem perder um set na
competição, quando cruzou com a chinesa Yingsha Sun, que acabou a
eliminando. “Mesmo ser ter perdido um set no torneio até então,
infelizmente, eu peguei uma chinesa nas quartas. Mas, eu joguei o máximo
e estou muito feliz com o resultado. Antes do jogo com ela eu ganhei de
4 a 0 de todas as atletas, então esse foi um super avanço para mim.
Consegui jogar focada e regular em todos os jogos”, considera a
brasileira, que agora muda o foco para a competição por equipes mistas,
onde joga ao lado de Guilherme Theodoro. “Agora tem a competição por
equipes. Faremos de tudo para passar em primeiro do grupo e trilhar um
caminho mais tranquilo”, projeta Bruna. Os brasileiros já venceram o
primeiro confronto contra o Egito, neste sábado, e ainda hoje enfrentam
uma equipe de atletas da Eslovênia e Moldávia.
Tudo começou aos oito anos para Bruna, quando o pai a matriculou em
uma aula de tênis de mesa em um clube de São Bernardo do Campo (SP). Na
época, Bruna fazia outros esportes. “Comecei a treinar duas vezes por
semana, mas era mais uma brincadeira. Jogava até em um outro estilo,
diferente do que jogo hoje. Depois comecei a tomar gosto pelo esporte e
larguei a natação para começar a treinar mais sério”, relembra a atual
24ª do ranking mundial Sub-21.
Atualmente, Bruna mescla treinos em São Caetano do Sul (SP) e
estágios na Dinamarca. Nas horas vagas, além de descansar, Bruna gosta
de assistir séries, ficar com a família e sair com as amigas da, que
sempre a ajudaram com os estudos enquanto ela competia. “É importante
reconhecer as pessoas que sempre te ajudaram a chegar onde você chegou”,
enfatiza Bruna, que quer se dedicar integralmente ao esporte no
momento, mas pensa em estudar medicina futuramente.
Foto:COB/EXEMPLUS
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