Com mais de 90% da obra concluída, a Vila Olímpica e Paralímpica dos Jogos Rio
2016 abriu as portas para o ex-atleta e
medalhista olímpico Robson Caetano, as gêmeas da Seleção Brasileira de
Saltos Ornamentais, Natali e Nicoli Cruz, e o remador paralímpico Michel
Pessanha. Eles percorreram o terreno, passaram por áreas de lazer e
conheceram um dos 3.604 apartamentos que serão usados pelos competidores
no ano que vem.
“Já fui para Mundial na Holanda, em vários países, e nem de longe vi
uma estrutura tão grande como essa montada aqui no Brasil. Já me dá
outra visão do que tenho de fazer para continuar lutando e alcançar o
objetivo de medalhar no Brasil. É o meu sonho”, disse Michel Pessanha,
que garantiu vaga paralímpica para o país no duplo skiff TA ao se
classificar para a final do Mundial de Remo na França, em agosto, ao
lado de Joseane Lima.
Michel, que precisa do auxílio das muletas devido à paralisia
infantil, percorreu as instalações de um dos apartamentos de 78m² e
elogiou detalhes como a largura das portas. “Para mim não precisa ser
adaptado e está tudo melhor do que esperava. Fico feliz e já penso em
ver essas instalações funcionando daqui um ano, disse.
Características como portas mais largas e altura do chuveiro são
diferenciais dos apartamentos. “Os empreendimentos atuais têm portas
cada vez menores, e isso é um incômodo para as pessoas, então decidimos
que todas as portas seriam dez centímetros mais largas do que o
tradicional. A porta principal, que normalmente tem 80cm, no nosso caso
tem 90cm. A porta de quarto, de 70cm para 80cm. A porta de banheiro, que
normalmente tem 60cm, no nosso caso tem 70cm. Esses dez centímetros
fazem diferença no conforto de quem vai entrar e também para transportar
coisas. Muitos atletas andam com equipamentos olímpicos, sacolas,
bagagem. E o chuveiro tem um vão livre de 2,10m. Qualquer atleta de até
2,10m pode tomar banho em pé”, explicou Maurício Cruz, diretor geral da
Ilha Pura, como é chamado o bairro que está sendo estruturado no local
da Vila.
Dos 3.604 apartamentos, metade será usada na Paralimpíada, sendo que
800 deles terão banheiros adaptados, para atender cadeirantes, por
exemplo.
Robson Caetano participou de quatro Olimpíadas e é dono de um bronze
nos 200m rasos, em Seul 1988, e de outro bronze no revezamento 4x100 m,
em Atlanta 1996. Ao conhecer a Vila dos Atletas do Rio 2016, Robson
empolgou-se. Usando celular e a rede social periscope, ele registrou a
maquete do local, as áreas de lazer e vários detalhes do apartamento.
“Está lindo. Sensacional. A gente está realmente com imóveis
fantásticos para os atletas. Está super confortável. É importante pensar
que aqui vão estar pessoas do basquete, do vôlei, com mais de dois
metros de altura. Dá para notar uma preocupação com o bem estar do
atleta. Estão dando a eles aquilo que eles nos dão: felicidade, alegria,
qualidade de vida”, disse.
Robson comparou os apartamentos amplos que conheceu com a moradia
universitária da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), que
recebeu os atletas nos Jogos de 1984. Lá, quatro competidores dormiam
juntos em beliches. Segundo ele, o Comitê Olímpico Internacional vivia
um momento de crise e a universidade “abraçou” os atletas em uma edição
de Jogos marcada por boicotes, em plena Guerra Fria.
“Em 1984 ficamos em alojamentos. Hoje são habitações, tudo diferente.
De lá para cá, houve mudança de filosofia no Comitê Olímpico
Internacional. Há uma preocupação maior com o atleta. Tudo é produzido e
programado para que o atleta se sinta super à vontade, para que possa
descansar depois dos treinamentos e possa dar o melhor, render o melhor
na competição”, disse.
Vila Olímpica e o sustentabilidade
A Vila Olímpica e Paralímpica está sendo construída em uma área de
206 mil metros quadrados e terá capacidade para 17.950 atletas e equipes
técnicas. São sete condomínios com 31 prédios, incluindo 3.604
apartamentos de dois, três ou quatro quartos. A vila conta ainda com um
parque de 72.000 m² de área verde, 4,5 km de ciclovia e 5.500m² de
espelho d’água. A aquisição do terreno e a implantação do projeto foram
realizadas com recursos privados. Ficam a cargo da prefeitura as obras
de infraestrutura interna, como pavimentação de ruas, saneamento e
eletricidade.
“Todos os condomínios estão na fase final de acabamento, pintura,
fachada, colocação de vidros, áreas comuns, paisagismo. Estamos na reta
final, nos últimos 10% (da obra). Nosso prazo contratual é para entregar
tudo até 28 de fevereiro de 2016. Temos cinco meses, praticamente”,
explicou Maurício Cruz.
Ele destacou a preocupação com a sustentabilidade no projeto, que já
tem a pré-certificação LEED bairros. O foco está na redução do consumo
de água e energia, mas foram avaliados 110 itens no empreendimento.
“A ação principal é o reuso da água cinza, que é basicamente de
chuveiro e torneira. Temos uma estação de tratamento, com tecnologia
super avançada, para que a água seja reaproveitada no vaso sanitário e
para irrigar toda essa área verde do parque e completar os níveis dos
lagos, porque vai evaporar muita água, principalmente no verão. Estamos
também usando torneiras e chuveiros o mais eficientes possível. O
conjunto faz com que a gente possa economizar até 40% do volume de
água”, disse Maurício.
No que diz respeito ao consumo de energia, a escolha da localização
dos prédios foi um elemento-chave. “Fizemos um estudo para posicionar os
edifícios de tal forma que o aquecimento pelo sol no edifício fosse o
menor possível. Além disso, escolhemos revestimentos de fachada que
refletem o raio solar, então diminuem a absorção do calor do sol. Todos
os vidros são ecoeficientes. Eles deixam passar o máximo de iluminação e
o mínimo de raios ultravioletas. Colocamos também telhado verde em
todos os espaços livres. Isso faz com que o sol não aqueça tanto o
último apartamento”, explicou.
Dos 600 apartamentos que já estão à venda, cerca de 40% já foram
vendidos. A expectativa, de acordo com Maurício Cruz, é vender todas as
unidades até 2020.
Foto: Heusi Action
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