Foram 12 meses de luta. Atual campeão olímpico e recordista
mundial dos 800m rasos, David Rudisha se viu obrigado a se afastar do
atletismo. Assistia de longe o que mais ama: dar show nas pistas. Por causa de
uma grave lesão no joelho, ele deixou e competir depois da etapa da Diamond League
de Nova York, em maio de 2013. Houve boatos que ele até se aposentaria, mas o tempo de sofrimento está com os dias
contados. O queniano mira um retorno em alto rendimento na Diamond League de
Eugene, nos Estados Unidos, no dia 31 de maio.
- Uma semana antes da etapa de Doha (no último dia 9), eu
fui para minha primeira sessão de pista em quase um ano. Era uma pista de terra
em Kamariny, perto de Iten (no Quênia). Depois disso, eu treinei e senti uma
leve dor no músculo da panturrilha esquerda. Nada sério, mas decidi junto com
meu técnico, Colm O’Conell, adiar meu retorno. Não queríamos correr nenhum
risco agora que meu joelho finalmente está bem. Eu fiquei muito desapontado.
Estou muito ansioso para competir depois de 12 meses. Agora estou focado em
Eugene. Meus últimos treinos foram bons, e acredito que eu posso retornar em
alto rendimento - disse Rudisha, em entrevista à Federação Internacional de
Atletismo (IAAF).
Durante o período longe das pistas, o queniano fez grande
parte do tratamento na cidade alemã de Tübingen, onde mora seu empresário,
James Templeton. O campeão olímpico fez terapias e passou por uma cirurgia em
outubro. Ele tentou voltar a correr em dezembro, mas a dor não o permitiu. A alternativa
era trabalhar na academia, fazer alongamentos e exercícios para estabilizar o
joelho e bicicleta ergométrica. Apenas no começo de março, Rudisha começou a
treinar, com ritmo ainda lento.
- Isso é mentalmente muito duro, especialmente quando você é
acostumado a dedicar a maior parte do tempo ao esporte que ama. Seu trabalho é
treinar. Mas você não tem saúde suficiente para isso. Para piorar, você vê
outros atletas treinando e competindo. Você se sente miserável, de alguma
maneira impotente. Você nunca sabe quanto tempo isso vai durar e se vai voltar
do mesmo jeito de antes. Eu tive de aceitar a situação e aprender a ser
paciente - disse o recordista mundial.
Na ausência de Rudisha, o etíope Mohammed Aman se destacou
nos 800m rasos e conquistou o ouro no Mundial de Moscou, no ano passado. O
queniano faz elogios ao adversário, mas ressalta que ainda é o corredor a ser
marcado. Ele diz ser questão de tempo
para vencer o medo de uma nova lesão e retomar a liderança da prova.
- Sem arrogância, acho que quando estou em boa forma, ainda
sou o atleta a ser observado. Sempre que estou na corrida, eles estão me
marcando. Vou desafiá-los em Eugene. A lesão se foi. A dor se foi. Mas ainda
está em algum lugar na mente. Você fica pensando nisso, até esperando se vai
sentir alguma coisa. Somente nas últimas três semanas eu consegui seguir um
regime de treinos adequado. Mas treinos não substituem competições. Acredito
que precisarei de duas ou três corridas antes de a minha mente ficar
completamente livre e de volta ao ponto em que estava antes da lesão - disse Rudisha.
O campeão olímpico ainda será desfalque para o Quênia no
Mundial de Revezamento de Nassau, nas Bahamas, neste fim de semana. Ainda
assim, o país é o favorito aos títulos do 4x800m rasos e do 4x1500m rasos entre
os homens.
Foto: IAAF
Fonte: Globoesporte.com
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