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Psicóloga diz que equipe do Brasil não tem 'coitadinho' e elogia Fonteles







Certo dia, quando um atleta olímpico reclamou da falta de água gelada em seu treinamento, a psicóloga Maria Cristina Miguel, da equipe brasileira de atletismo que disputa o Mundial Paralímpico em Lyon, na França, respondeu:
- Você precisa fazer um estágio com os atletas paralímpicos.
O argumento deu certo, e o atleta parou de reclamar. Desde o ano passado, Maria Cristina cuida das cabeças de Alan Fonteles, Yohansson do Nascimento, Terezinha Guilhermina e cia. Encontrou atletas que, por terem superado adversidades da vida, apresentam garra e disciplina diferenciadas dos atletas convencionais.  

- Eles já têm a superação dentro deles. Os olímpicos demoram mais para compreender a necessidade de ter disciplina e de buscar a superação. A resposta deles é mais rápida. Eles estão sempre buscando alguma coisa para melhorar – disse a psicóloga.

Conversas sobre as deficiências surgem ocasionalmente, mas sem que os atletas se coloquem como “pobres coitados”. Os principais problemas com os quais a profissional lida estão no campo esportivo. Saber como lidar com um adversário mais forte, como manter o foco para alcançar as metas e como transformar a ansiedade em motivação. Antes das provas do Mundial em Lyon, Alan Fonteles tem controlado o nervosismo através de uma técnica ensinada por Maria Cristina:

- Ela manda você se tranquilizar, pensar em coisas boas, nas pessoas que me ajudaram, na minha família, na minha mulher, e que tudo vai dar certo. A respiração também ajuda – disse o velocista, após conquistar a medalha de ouro nos 100m da classe T43.

Há 30 anos trabalhando com esporte, Maria Cristina já viu diversas promessas do futebol sucumbirem diante da fama. Por isso, existe uma preocupação com Fonteles desde as Paralimpíadas de Londres, quando ele saltou para o estrelato ao bater Oscar Pistorius. A psicóloga vê no paraense de 20 anos um atleta forte mentalmente, com uma boa índole construída por uma família equilibrada, e não teme um possível descontrole do atleta nas competições.  

- Quando ele entra na pista, ele é o Alan, acabou o astro. Ele sabe que todo mundo está vendo o momento esportivo como espetáculo. E sabe que não é mais anônimo. Aonde ele for vai ter alguém para pedir uma foto e falar com ele – disse a psicóloga.

Antes das provas no estádio Rhône, Maria Cristina mantém contato visual com os atletas, para transmitir confiança, mas evitando criar qualquer tipo de dependência. Durante as corridas, ela e a médica da delegação brasileira, Andréa Miranda, se dividem pela pista e usam o gogó para transmitir apoio. A tática deu certo para Odair Ferreira dos Santos, ouro nos 5.000m e nos 800m da classe T11, para cegos. Depois da prova disse que o incentivo foi fundamental para as vitórias.
Outra mudança diagnosticada pela psicóloga é no comportamento do público em relação aos paralímpicos:
- A consciência do público está se modificando muito e vendo como eles são atletas realmente. O próprio atleta está saindo dessa condição. Na equipe brasileira eu não encontrei nenhuma situação de amadorismo ou “eu sou coitadinho e alguém tem que cuidar de mim”. Pelo contrário, eles são muito independente e profissionais.

Fonte e imagem: globoesporte.com

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