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IPC diz que houve consenso na entidade sobre mudanças que vetaram André Brasil


O Comitê Paralímpico Internacional (IPC) acredita que as polêmicas alterações promovidas no sistema de classificações na natação em todo o mundo, no ano passado, trouxeram benefícios ao esporte. 

"Os Comitês Paralímpicos Nacionais (NPCs) concordaram que mudanças no sistema de classificação da natação eram necessárias para garantir a integridade das competições de natação paralímpica. Todos os NPCs foram totalmente informados e consultados sobre as mudanças que foram feitas em setembro de 2017", informou o IPC, em nota enviada ao 'Lance!'.

Após mais de 14 anos como atleta paralímpico, Andre soube na véspera do Open Internacional, em São Paulo, que havia subido de classe. Como ele já competia na S10, que reúne os atletas com grau de deficiência menor, a alteração o retirou de todos os torneios chancelados pelo IPC. O carioca entrou para o esporte adaptado em 2005 e, desde então, participou de mais de 300 competições.

O nadador foi diagnosticado com paralisia infantil aos três meses de vida e teve como sequela uma diferença de cinco centímetros de as pernas. Ele não tem sensibilidade, força e equilíbrio na esquerda. Já passou por sete cirurgias durante a infância, mas a lesão não foi revertida.

Era justamente por isso que Andre tinha o status de "permanente" e não precisava ser reavaliado para disputar suas provas. Mas, com os novos critérios, todos os nadadores tiveram de se submeter a uma banca do IPC, com um novo padrão de avaliação, exceto aqueles que têm deficiência visual. Ele foi considerado inapto e protestou, conforme as regras permitem. Na segunda tentativa, novamente não passou.

O IPC explicou que não há perda de resultados (medalhas ou recordes) para quem deixou se ser elegível, uma vez que o modelo de avaliação atual e o anterior são diferentes. Ainda afirmou "simpatizar totalmente com os nadadores afetados por essas mudanças e o impacto que isso pode ter em suas carreiras".

A necessidade de mudanças nas metodologias de classificação na natação é um consenso antigo no movimento paralímpico. Mas, de acordo com Andre Brasil, o mundo não assistiu calado às conclusões do IPC sobre como melhorar o sistema. 

"Pelas conversas que tive com o presidente do CPB (Mizael Conrado) e os diretores, não é bem assim. Houve contestação sobre essas mudanças"  declarou o nadador, ao LANCE!.

A banca que o tornou inelegível, por exemplo, constatou que Andre não teria mais força “mínima”, mas “moderada” no pé esquerdo, após uma avaliação clínica que ele diz ter sido a olho nu, mesmo com os exames médicos aceitos em 2006.

Outro destaque do país já foi atingido pelas mudanças. Daniel Dias, detentor de 24 medalhas paralímpicas, perdeu quatro recordes mundiais na classe S5, após as reclassificações de dois italianos e um ucraniano. Phelipe Rodrigues (S10) também ficou inelegível, mas protestou e deve se manter na classe.

Confira a posição oficial do IPC sobre as mudanças nas classificações

Um revisado sistema de classificação da natação paralímpica mundial foi implementado em janeiro de 2018 e exigiu que a maioria dos nadadores com deficiência física ou intelectual fosse reavaliada.

As regras e regulamentos revisados ​​são produto de uma extensa pesquisa sobre como os impedimentos físicos afetam a capacidade de um atleta praticar o esporte e realizar cada braçada de natação.

Os Comitês Paralímpicos Nacionais (NPCs) concordaram que mudanças no sistema de classificação da natação eram necessárias para garantir a integridade das competições de natação paralímpica. Todos os NPCs foram totalmente informados e consultados sobre as mudanças que foram feitas em setembro de 2017.

Cerca de setenta por cento dos nadadores reavaliados em 2018 permaneceram na mesma classe. No entanto, vários atletas mudaram para uma classe diferente com base nos novos critérios ou foram considerados não elegíveis.

Os nadadores são atualmente considerados não elegíveis se não puderem ser colocados nas classes S1 a S10. Isso não significa de forma alguma que um atleta não tenha um comprometimento, mas, ao contrário, que não haja classe adequada para o seu nível de habilidade no sistema.

Se um nadador muda de classe ou se torna não elegível, suas conquistas na classe anterior ainda são válidas, incluindo medalhas paralímpicas e recordes mundiais.

O novo sistema de classificação não pode ser comparado com o anterior. Isso ocorre porque a forma como os atletas são avaliados pelos painéis de classificação foi alterada, com exceção dos nadadores com deficiência visual.

O Comitê Paralímpico Internacional e o World Para Swimming simpatizam totalmente com os nadadores afetados por essas mudanças e o impacto que isso pode ter em suas carreiras.

com informações do diário Lance!
foto: Jone Roriz/ CPB

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