Por Bruno Guedes
Começou
no último sábado, dia 6, os Jogos Olímpicos da Juventude, em Buenos
Aires (ARG). Com cobertura em tempo real do Surto Olímpico, o evento é
uma espécie de categoria de bases das Olimpíadas. Mas seu valor está bem
mais acima disso e vai da esfera esportiva até à política.
Recentemente
a embaixadora dos Jogos Olímpicos da Juventude e maior jogadora de
hóquei na grama em todos os tempos, Luciana Aymar, revelou que em sua
primeira Olimpíada (Sydney 2000) pesou o fato da inexperiência e
desconhecimento do clima de competição nesse nível. Os da Juventude agem
exatamente nesses pontos, já que são voltados para jovens de 15 até 18
anos.
Esta
é a terceira edição, que teve início em 2010. Ao todo são 28
modalidades com 4000 atletas de mais de 200 países do mundo inteiro. Esses
números dão a dimensão do que representa para muitos desses aspirantes à
idolatria olímpica. Carregando toda a aura que as Olimpíadas tem, os
competidores podem no evento ter uma ambientação crucial para
desenvolvimento. E mais que isso, um teste para conhecerem o real nível
da sua competitividade.
Muitos
atletas estreantes chegam aos Jogos Olímpicos sem essa bagagem, o que
acaba interferindo em seus desempenhos. Parece exagero, mas não é. O
momento da competição em si, aquela em que o esportista depende só dele,
é apenas a parte final da sua participação. Ambientação, prévio
conhecimento da logística e atmosfera estão nesse roteiro que leva às
medalhas.
Uma
parte importante desse momento diz respeito às Vilas Olímpicas.
Competidores inexperientes ou novatos desconhecem a rotina e como
funciona uma durante eventos dessa natureza e magnitude. Por exemplo, a
parte de alimentação, treino e socialização. A convivência esportiva e
até a perda de concentração por causa das agitações são os maiores
temores de preparadores físicos e treinadores.
Durante
a Rio 2016, Usain Bolt preferiu abrir mão das suas acomodações no
espaço para ficar em um lugar mais reservado e totalmente voltado para a
sua preparação. Desta maneira, segundo sua equipe, ele evitaria
distrações e acontecimentos que não fossem ligados às suas provas. Este
conhecimento prévio teve como base participações anteriores e até mesmo
as observações feitas com adolescentes jamaicanos nas disputas pelo
mundo.
Jovens,
no auge do descobrimento pessoal, podem ser os mais afetados por estes
contratempos. Aí entra a experiência, caso haja, de Jogos Olímpicos da
Juventude no currículo. Nada mais disso será novidade. O foco apenas em
competir não só aumenta, como o ineditismo não afeta mais os atletas.
"Ah...
mas Olimpíada é tudo maior, eles vão se deslumbrar assim mesmo". Sim,
inegável. Mas bem menos que um atleta que jamais teve contato com esse
ambiente olímpico de alguma forma. Por isso muitos países não só
investem em aclimatação para os mais velhos, como enviam seus
competidores anos ou meses antes do torneio para conhecer toda essa
estrutura e por consequência um impacto menor.
Só
que há uma outra importante ação em curso nesses Jogos da Juventude: a
ambição argentina em sediar uma Copa do Mundo ou Olimpíadas. A ideia é
que o evento, se bem realizado, sirva como uma espécie de "trampolim"
para oficializarem disputar como sede do torneio de futebol de 2030 e
ser principal postulante à olímpica para 2032.
O
caso é tratado com extrema cautela na Argentina. Isso porque o país
está sendo devastado por uma grave crise econômica , que vem tirando
foco de temas como o esporte. Junta-se a isso o fato de a AFA,
Associação de Futebol Argentina, também ser pivô de uma outra crise, mas
política. Neste momento é impensável abordar estes assuntos.
Os
Jogos, neste momento, são apenas a vitrine para que o mundo e o COI
vejam a capacidade 'hermana' de sediar um evento desta grandeza. Mas muito
em breve, caso tenha sucesso, se transformará em passaporte para
aspirações maiores.
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