Cerca de uma semana após serem proibidos de competirem nos
Jogos Olímpicos de Pyeongchang 2018 sob a bandeira de seu país, atletas russos
demonstram interesse de participarem do evento mesmo que seja competindo de
forma neutra. A informação foi repassada pelo Comitê Olímpico Russo nesta
segunda-feira, que afirmou que a maioria esmagadora dos atletas do país desejam
competir.
De acordo com Sofia Velikaya, presidente da comissão de
atletas do Comitê Olímpico Russo (ROC), a comissão ouviu “todos os atletas em
todos os esportes" do programa olímpico de inverno, e que a maioria se
mostrou a favor de competir. Ainda segundo Velikaya, nenhum atleta disse
preferir boicotar o evento na cidade sul-coreana. "No momento atual, todos
estão treinando e todos estão esperando participar dos Jogos Olímpicos",
disse Velikaya.
O Comitê Olímpico Internacional proibiu na semana passada a
equipe russa de disputar os Jogos de Pyeongchang devido a um esquema de doping estatal
implantando nos Jogos Sochi de 2014. Apesar da proibição de competir sob a
bandeira russa, a entidade permitiu que os atletas russos que provarem estar
limpos e não tiverem punições passadas de doping possam competir sob uma
bandeira neutra como "atletas olímpicos da Rússia".
O porta-voz da ROC Konstantin Vybornov disse que as equipes
do biatlo e do snowboard gravaram vídeos reafirmando seus desejos de competirem,
enquanto a equipe masculina de hóquei escreveu "uma carta coletiva".
O presidente russo Vladimir Putin afirmou que não se colocaria no caminho para
quem quiser competir.
Entretanto, alguns russos mais intransigentes acreditam que
é vergonhoso para os atletas do país competirem nas Olimpíadas sem sua bandeira
nacional. Velikaya defendeu os atletas dizendo que todos que assistirem as
competições saberão quem é da Rússia. "A escolha de competir nas
Olimpíadas é estritamente individual. Exorto a sociedade russa a tratar as
decisões dos atletas com compreensão e respeito", disse.
O COI deverá enviar nos próximos dois meses convites
individuais para aqueles atletas classificados e que estiverem limpos para
disputarem os jogos. Segundo Velikaya, as autoridades russas terão listas de
suas equipes mais qualificadas. Essas listas impedirão que o COI convide os
"números cinco e seis" das equipes russas, deixando de fora atletas
que realmente sejam candidatos a pódio pelo país europeu.
A Rússia vem recuando em vários pontos exigidos pelo COI
para tentar se adequar às exigências do COi para a regularização de sua
situação. Entretanto, a comissão de atletas tentará fazer um apelo contra uma
das principais restrições impostas para que os russos possam competir como
neutros na próxima edição dos jogos. Velikaya afirmou que a comissão de atletas
pedirá ao COI que remova a condição que impede os atletas já punidos por doping
anteriormente de serem convidados para Pyeongchang. Essa limitação afeta alguns
atletas do país com boas possibilidades nas Olimpíadas de Inverno que foram
punidos antes das Olimpíadas de Sochi, incluindo biatletas punidos por uso de EPO
e o campeão mundial de patinação de velocidade, Denis Yuskov, que foi suspenso
em 2008 depois de testar positivo para maconha.
Outra questão que será questionada por Vybornov é como os
atletas do país deverão se portar em situações como momentos de comemoração,
caso, por exemplo, um torcedor do país atire uma bandeira para o atleta dar a
volta olímpica comemorando uma medalha ou se os atletas poderão estirar a
bandeira russa nos prédios da Vila Olímpica. "Se um patinador artístico
ganha, digamos, e eles jogam um ursinho de pelúcia com um uniforme russo no
gelo. Ela pega isso. Ela pode fazer isso? Ou isso é uma ofensa?",
questionou a presidente da comissão.
Foto: AP
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