Mais uma vez favoritos ao título no basquete masculino nos
Jogos Olímpicos, os Estados Unidos vivem um momento de afirmação no
cenário mundial. A história do país na modalidade tem dois pontos
emblemáticos no passado recente. A formação do famoso Dream Team
de 1992, até hoje considerado o melhor time de todos os tempos, que
encantou torcedores e pulverizou adversários em Barcelona até a medalha
de ouro; e a equipe que jogou em Atenas 2004 e foi derrotada pela
Argentina na semifinal, quebrando uma sequência de títulos que parecia
impossível de ser derrubada.
Para os Jogos Rio 2016, os Estados Unidos trouxeram um time liderado
por dois veteranos que ajudaram na campanha dourada de Londres 2012 –
Carmelo Anthony e Kevin Durant - e reforçado por jogadores que vão viver
a Olimpíada pela primeira vez, mas conscientes tanto do passado
glorioso de 1992 quanto da trágica derrota de 2004. É com essa
mentalidade, de manter o domínio reconquistado a partir de Pequim 2008,
que os norte-americanos chegaram ao Brasil.
“Eu realmente lembro de ver o Carmelo e aqueles caras em 2004. Ver as expressões deles por não terem terminado o campeonato como gostariam e todo mundo esperava”, diz o ala-pivô Draymond Green, um dos dez jogadores do time que estreiam em Jogos Olímpicos no Rio.
Embora ainda não tenha vivido a experiência, o atleta do Golden State
Warriors consegue imaginar o significado do ouro olímpico.
Especialmente por já ter sido campeão da NBA com os Warriors.
“Foi um sentimento incrível. Você trabalha a vida toda para alcançar
aquilo e, quando finalmente chega lá, é difícil descrever com palavras”,
conta, citando o título dos Warriors em 2015. “Só consigo imaginar o
que é ganhar a medalha de ouro. Vencer a NBA é uma coisa, você conquista
a NBA. Mas com uma medalha de ouro você conquista o mundo no basquete.
Espero ter essa oportunidade”, projeta o ala-pivô.
Diferenças e seriedade
Além dos adversários, elogiados por todos os atletas nas entrevistas,
os Estados Unidos têm que lidar também com outro obstáculo nos Jogos
Olímpicos: as regras. Na NBA, onde todos os atletas atuam, os jogos são
mais longos (quatro quartos de 12 minutos, contra quatro de dez), a
linha de três fica mais distante, e não é permitido tocar na bola quando
ela está quicando no aro.
Diferenças trabalhadas por eles durante o período de treinamento, mas
que invariavelmente acabam sendo esquecidos no calor do jogo. “Ainda é
basquete. Você tem que fazer os ajustes e entender o que pode ou não
acontecer. Fizemos um bom trabalho nos treinamentos em relação às regras
e às diferenças no jogo. Vamos nos ajustar”, comenta o armador Kyle
Lowry, outro estreante da equipe. “Acho que a regra mais complicada é a
que permite que a bola seja tirada do aro, é diferente e nunca ocorreu
comigo”, cita o jogador do Toronto Raptors.
Para o ala Paul George, a bola também é outro aspecto do jogo
que requer atenção e muito treino dos norte-americanos. “É completamente
diferente. O mais difícil é acostumar o drible, não muito na hora de
chutar. É mais leve e parece menor. Mas tudo faz parte”, comenta.
Apesar de todo o favoritismo que os norte-americanos trazem aos
Jogos, pelo menos o discurso é de respeito a todos os adversários. A
derrota para a Argentina em 2004 mudou a mentalidade dos atletas em
relação ao sentimento de invencibilidade e fez com que a intensidade em
quadra se mantivesse sempre no máximo nas partidas.
“Nós temos que conquistar. Nada vai ser dado para a gente. Se não
estivermos jogando o máximo que podemos, é bem possível que sejamos
batidos”, avisa Paul George, outro que vai para sua primeira Olimpíada.
Foto: Getty Images
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