![]() |
Foto: Luiz Candido/CBT |
Por Wanderson Ferreira
É fácil falar do resultado final negativo, assim como era fácil brigar com a lógica e apontar favoritismo do Brasil nos confrontos com Alemanha. Mas vou propor a ideia: Ibirapuera é a pedra fundamental para um novo público brasileiro de tênis. Um público diferente dos loucos por tênis dos anos 90 que vestem hoje uma versão atualizada das horrorosas camisas da Diadora.
Nas semanas anteriores, muito foi dito sobre a preocupação com o Ibirapuera lidando com um insucesso. Afinal, o histórico não é agradável. Porém, o que vimos no ‘Ibira’ foi uma geração que absorveu o tênis desde Tóquio. Viveu Toronto (2021 e 2022), US Open 2021, Bogotá 2022, Nottingham, Guadalajara, Fort Worth, Roland Garros 2023, Santiago e Zhuhai. Geração que também sabe se reconhecer em Sabalenka, Swiatek, Rybakina, Garcia, Osaka, Jabeur, etc. O canto e o grito, os aplausos, são sinais de um engajamento, algo que no mundo atual vale mais que simples visualização.
Os 14 mil (sem incentivos e pagando caro) que encheram o Ibirapuera nos dois dias de Alemanha x Brasil estavam lá por Bia, Laura, Luísa, Carol e Ingrid. E por estar engajado nelas, hoje conhecem Nauhany Silva, Carol Bohrer, Pietra Rivoli. No início de suas carreiras, Beatriz e Laura não tiveram esses momentos, mesmo jogando Rio Open feminino e Florianópolis. Nessas ocasiões, elas eram apenas promessas para agradar um olhar ufanista. No Ibirapuera, a grande maioria esteve engajada em seguir o tênis feminino. Geração que entende que o melhor de Bia, Laura, Carol, Luísa e Ingrid não são seu refino técnico mas sim sua capacidade de competir.
O que o Ibirapuera pode deixar de legado? Pouco em quadra pois todas nossas jogadoras vivem parte do melhor momento da carreira, sabem o que fazer no circuito e neste ritmo caminhamos para disputar as finais com esse time em alguns anos. Mas a torcida sai feliz vendo os inúmeros núcleos do país agregados na capital paulistana. Se bem trabalhado, pelos detentores de direitos televisivos, pela própria WTA e pelos que seguem o tênis feminino em nossas terras, podemos construir uma cultura para além de Beatriz, como fez o México com o finals de Guadalajara.
Beatriz em má-fase, Laura e Carol com claros limites físicos e técnicos nunca deixaram de receber incentivo de uma torcida que esteve lá para ser feliz antes de vencer. E se é algo que a WTA precisa urgentemente é de regiões onde ela é prioridade sobre a ATP. Então que façamos do Ibirapuera, a nova Charleston.
0 تعليقات