O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) anunciou nesta terça-feira (06), em conjunto com as respectivas confederações das modalidades, a convocação da delegação que representará o Brasil nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, em agosto. Esta é a maior delegação já convocada para uma edição dos Jogos fora do Brasil.
A delegação brasileira será composta por 253 atletas (incluindo atletas sem deficiência como guias, calheiros, goleiros e timoneiro), sendo 159 homens e 94 mulheres, além de comissão técnica, médica e administrativa, totalizando 422 pessoas. Jamais uma missão brasileira no exterior teve tamanha proporção. Na última edição fora do Brasil, em Londres 2012, o Brasil compareceu com 178 atletas, até então a maior. O número para a capital japonesa só é superado pela participação nos Jogos Rio 2016, já que o Brasil garantiu vagas em todas as modalidades por ser país sede e contou 286 atletas no total.
Durante o anúncio, o presidente do CPB, Mizael Conrado, bicampeão paralímpico de futebol de cinco (Atenas 2004 e Pequim 2008) também aproveitou para prestar uma homenagem ao atleta Dirceu Pinto, tetracampeão paralímpico da bocha e que faleceu no ano passado vítima de problemas cardíacos.
"Não só para a bocha, para todos nós do Movimento Paralímpico, o Dirceu deixou um grande legado, que será lembrado e será justificado pela nossa equipe brasileira de bocha no Japão. Ao Dirceu e seus familiares e colegas, todas as nossas homenagens", completou Alberto Martins.
Daniel Dias disputará sua quarta e última edição paralímpica (Alê Cabral/CPB) |
Em seu Planejamento Estratégico, o CPB estabeleceu como meta manter-se entre as dez principais potências do planeta nos Jogos Paralímpicos. Além disso, metas de participação feminina também foi estabelecida, 38%. Em Tóquio, a delegação terá 93 atletas mulheres com deficiência, o que representa 40% da equipe nacional. Os Jogos de Tóquio também reservam a possibilidade da conquista da centésima medalha dourada paralímpica na capital japonesa.
Atualmente, o Brasil contabiliza 87 láureas. Atletas de 22 estados e do Distrito Federal em 20 modalidades, exceto basquete em cadeira de rodas e rúgbi em cadeira de rodas, representarão o Brasil no Japão. Atletas nascidos no estado de São Paulo são maioria, com 60 representantes. Os naturais do estado do Rio de Janeiro vêm em seguida, com 24. Não há representantes provenientes de Amapá, Sergipe, Roraima e Tocantins.
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Maiores delegações
A modalidade com o maior número de atletas será o atletismo com 64 representantes, que incluem Petrúcio Ferreira e Verônica Hipólito, e 18 atletas-guia. Na última edição do Mundial da modalidade, em 2019, o Brasil alcançou o inédito e histórico segundo lugar no quadro geral de medalhas e todos os 13 campeões mundiais viajarão para os Jogos de Tóquio.
Petrúcio Ferreira é campeão e recordista mundial (Marcello Zambrana/Exemplus/CPB) |
A natação será a segunda modalidade com o maior número de representantes, com 35 nadadores. No Mundial de Londres 2019, o Brasil ficou em 11º lugar com 17 medalhas, sendo cinco de ouro. Os medalhistas individuais na competição Daniel Dias (S5), Carol Santiago (S12), Phelipe Rodrigues (S10), Wendell Belarmino (S11), Edênia Garcia (S3), Cecília Araújo (S8), Joana Neves (S5) e Débora Carneiro (S14), estão entre os convocados.
O multimedalhista Daniel Dias, maior medalhista paralímpico brasileiro com 24 láureas, participará pela última vez de uma edição dos Jogos Paralímpicos.
Coletivos
A seleção de futebol de 5 (para cegos) contará com grandes nomes como Ricardinho e Jefinho. Na capital japonesa, a seleção buscará o pentacampeonato paralímpico. O Brasil está no grupo A, junto com os donos da casa, que farão a partida de estreia da competição no dia 29 de agosto. Também no grupo A estão França e China. A grande final será no dia 4 de setembro.
Ricardinho é a maior referência mundial do futebol de 5 (Márcio Rodrigues/Exemplus/CPB) |
"É um grupo experiente, a grande maioria foi para uma ou dois Jogos Paralímpicos. Temos uma mescla de atletas que estão na transição das seleções de base, como o Tiago Paraná e o Jardiel, com um jogador como o Damião, que eu sei que resolve na hora o que precisar e está muito bem fisicamente, além de Jefinho, Ricardinho, Guegueu, que está, talvez, na sua melhor fase. Vamos fortes para brigar por mais uma medalha, com certeza", comenta Fábio Vasconcelos, tricampeão paralímpico e que treina a equipe desde 2016.
No goalball, o Brasil é o atual bicampeão no masculino, e pelo grupo A enfrentará sua maior rival a Lituânia no dia 25 de agosto na partida de estreia. A classificação da equipe brasileira para os Jogos Paralímpicos se deu pelos resultados obtidos no Mundial de 2018 em Malmö, na Suécia. O Brasil também enfrentará na fase inicial da competição os Estados Unidos, prata na última edição dos Jogos, o anfitrião Japão além da campeã africana, a Argélia.
Leomon Moreno foi convocado para disputar sua terceira Paralimpíada no goallball (Alê Cabral/CPB) |
"O nosso grupo é muito homogêneo, e o critério de seleção dos seis foi a experiência internacional. Uma característica principal de nossos atletas é a harmonia entre todos, é um grupo que está muito focado em buscar a medalha de ouro. A equipe está pronta para disputar essa competição", afirmou Alessandro Tosim, técnico da seleção masculina de goalball.
O Brasil, que busca sua primeira medalha paralímpica no feminino nesta modalidade terá na fase de grupo a poderosa Turquia, ouro na Rio 2016 e vice-campeã mundial, os Estados Unidos, bronze nos Jogos Rio 2016, Japão e Egito, que foi convidado para o lugar da Argélia após as campeãs africanas renunciarem à vaga.
Judô
O Brasil contará com oito judocas. Dentre eles a campeã mundial, atual líder do ranking internacional e medalhista paralímpica, Alana Maldonado (categoria até 70kg). Foram convocados também os medalhistas paralímpicos nos Jogos Rio 2016 Antônio Tenório (até 100kg) e Lúcia Araújo (até 57kg) e Willians Silva (acima de 100kg). Tenório vai para sua sétima participação em Jogos Paralímpicos, e, desde Atlanta 1996, quando de sua estreia, ele acumula quatro outros, uma prata e um bronze.
Alana Maldonado é a principal esperança de medalha brasileira no judô paralímpico (Alê Cabral/CPB) |
"Temos judocas com grande experiência, como Antônio Tenório, Alana Maldonado, Lúcia Araújo e Meg Emmerich, que terminaram como cabeças de chave em suas categorias. Temos ainda o Wilians Araújo, Arthur Silva e Harlley Arruda, que estão se preparando para ótimos resultados. Por fim, dessa safra mais jovem, o Thiego fará sua primeira participação em Jogos Paralímpicos e possui grande potencial", disse Jaime Bragança, técnico da seleção brasileira de judô.
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Halterofilismo e tiro esportivo
O halterofilismo contará com sete atletas, incluindo o medalhista paralímpico Evânio Rodrigues e a líder do ranking mundial na categoria até 73kg, Mariana D'Andrea. Todos os halterofilistas treinam em um dos Centros de Referência implementados pelo CPB em cidades brasileiras. Já o tiro esportivo, será representado pelo paulista Alexandre Galgani, primeiro atleta de modalidade individual a conquistar uma vaga para os Jogos na capital japonesa.
Alexandre Galgani fará história em Tóquio (Exemplus/CPB) |
Estreantes
O parabadminton, que estreará no programa dos Jogos nesta edição, terá como representante o curitibano Vitor Tavares, da classe SH6 (para pessoas com baixa estatura). Nos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019, Vitor faturou a medalha de ouro. No Mundial da modalidade, também em 2019, ele faturou três medalhas de bronze.
Vitor Tavares é uma das estrelas do parabadminton mundial (Washington Alves/Exemplus/CPB) |
Outra modalidade estreante será o parataekwondo, que contará com três brasileiros: os paulistas Débora Menezes e Nathan Torquato e a paraibana Silvana Silva. Débora é a atual campeã mundial e segunda no ranking, por este motivo será cabeça de chave.
Canoagem, esgrima e tênis em cadeira de rodas
A canoagem contará com sete representantes: Adriana Azevedo, o carioca Caio Ribeiro, os sul-mato-grossenses Debora Benevides e Fernando Rufino, o paranaense Giovane Vieira, piauiense Luis Carlos Cardoso e a curitibana Mari Santilli. Nos Jogos Rio 2016, Caio Ribeiro conquistou a primeira medalha paralímpica da história da canoagem brasileira.
Já a esgrima em cadeira de rodas terá como um dos representantes brasileiros o campeão paralímpico na espada nos Jogos de Londres 2012 o gaúcho Jovane Guissone, que atualmente está no segundo lugar do ranking mundial da espada na categoria B. Além dele, a paranaense Carminha de Oliveira e os gaúchos Mônica Santos e Vanderson Chaves representarão o país.
Jovane Guissone quer mais um ouro paralímpico em Tóquio (Alê Cabral/CPB) |
Sete tenistas comporão a delegação brasileira. São eles: Daniel Rodrigues, Gustavo Carneiro, Meyricoll Duval, Rafael Medeiros, Ana Caldeira, Ymanitu Silva e Mauricio Pommê. "O tênis em cadeira de rodas do Brasil está fazendo história mais uma vez. Pela primeira vez, tivemos uma atleta do feminino classificada diretamente, não sendo por convite ou bipartite.
"Teremos nossos melhores tenistas disputando os Jogos Paralímpicos, desta vez com chances reais de conquistar uma medalha inédita para o país. Isso é fruto do trabalho da CBT, com o apoio irrestrito do CPB, que está conosco ajudando no fomento e no desenvolvimento do tênis em cadeira de rodas", celebra Jesus Tajra, vice-presidente da Confederação Brasileira de Tênis (CBT).
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Lauro Chaman quer mais conquistas no ciclismo
No ciclismo, o medalhista paralímpico e bicampeão mundial de estrada Lauro Chaman está entre os convocados, para pista e estrada. A potiguar Ana Raquel Lins, o paulista André Grizante, o goiano Carlos Alberto Gomes e a paranaense Jady Malavazzi também farão provas no velódromo e no circuito de estrada.
Lauro Chaman é multicampeão e quer mais conquistas em Tóquio (Saulo Cruz/Exemplus/CPB) |
Bocha
Já a bocha contará a participação de dez atletas, dentre eles os medalhistas paralímpicos Maciel Santos, Eliseu dos Santos e Evani Calado. "A equipe de bocha vai para os Jogos de Tóquio completa, com 10 atletas. Essa equipe tem dois atletas da classe BC1 e dois da BC2, três atletas na BC3 e na BC4. Vamos disputar os sete eventos, as quatro competições individuais e as três de pares equipes.
"Teremos cinco mulheres e cinco homens, o que mostra a força da bocha brasileira, principalmente a feminina. Pela regra da modalidade, era obrigatório apenas três e isso mostra o alto nível da bocha feminina", explicou Leonardo Baideck, diretor técnico da Associação Nacional de Desporto para Deficientes (ANDE).
Maciel Santos vai para sua terceira Paralimpíada na bocha (Alê Cabral/CPB) |
Hipismo, tênis de mesa e remo
Os cavaleiros Rodolpho Riskalla, segundo lugar no ranking mundial, e Sergio Oliva, medalhista nos Jogos Rio 2016, serão os representantes brasileiros no hipismo. "Pela primeira vez, temos chances reais de duas medalhas de ouro com o Rodolpho e brigar por medalhas com o Sergio", pontua Marcela Parsons, diretora do hipismo paralímpico da Confederação Brasileira de Hipismo (CBH).
Rodolpho Riskalla recebeu o Prêmio Paralímpicos em 2019 (Marcello Zambrana/Exemplus/CPB) |
Catorze mesa-tenistas participarão do maior evento paradesportivo do mundo na capital japonesa. Dez deles foram conhecidos ainda em 2019, devido aos resultados no Parapan de Lima. No mês de junho, a paulista e medalhista paralímpica Jennyfer Parinos conquistou a última vaga brasileira durante o classificatório da modalidade. Os também medalhistas nos Jogos Rio 2016 o paulista Israel Stroh, as catarinenses Bruna Alexandre e Danielle Rauen estão convocadas. Na última semana de junho, a Federação Internacional de Tênis de mesa confirmou três convites para o Brasil.
O remo contará com a participação de oito atletas, além do timoneiro. No individual, dois atletas participarão. Além da dupla no PR2 misto e o quarteto de atletas no quatro com PR3 misto. O Brasil está entre os três únicos países que irão aos Jogos de Tóquio com quatro barcos classificados. Além dele, somente Estados Unidos e Ucrânia disputarão pelas classes skiff masculino e feminino, double misto e quatro com timoneiro.
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Foto: Divulgação
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