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Parada das Nações Tóquio 2020 - Israel

 



 

Introdução histórica


Estado de Israel, o país das três religiões monoteístas (um só Deus), foi onde Jesus Cristo nasceu e viveu, onde Maomé subiu aos céus e é lá que se encontra o lugar mais sagrado do judaísmo, a parede oeste do segundo templo, o muro das lamentações, em hebraico, "Kotel hamaravi". O nome da nação tem origem na Bíblia Sagrada. O patriarca Jacó, segundo a história, brigou com o anjo de seu irmão Esaú e então Deus o renomeou como Israel, que significa "O que lutou com Deus"


Após o Êxodo do Egito, o povo  judeu passou a ocupar a região, por onde reinaram os reis Saul, Davi e Salomão, o responsável pela construção do Templo Sagrado. Após a invasão babilônica, a vida judaica passou a ser proibida no território, mas logo voltou a ser permitida com a conquista persa sobre os invasores. Os judeus retornaram e construíram um segundo templo, que foi derrubado em 70 d.C, momento que deu início à diáspora judaica.


Depois do exílio, os judeus só voltam a sonhar em pisar na Terra Prometida no século XIX, quando o austríaco Theodor Herzl criou o Sionismo, uma ideologia nacionalista judaica que reivindicava um estado soberano para o povo judeu. Uma das razões era o crescente antissemitismo na Europa, principalmente na Rússia e na Europa Ocidental.


Impulsionado pelo Holocausto, a ONU (Organização das Nações Unidas) votou em 1947 a partilha da Palestina, em sessão presidida pelo chanceler brasileiro Oswaldo Aranha. O resultado foi favorável e em 14 de maio de 1948 no calendário gregoriano, dia 5 do mês de Iyar do ano de 5708 no calendário judaico, David Ben Gurion, que viraria primeiro-ministro logo após a fundação do país, declara em Tel Aviv a independência e criação do Estado de Israel, a terra do povo judeu.


Cercado por países de maioria árabe, Israel teve logo em seus primeiros dias que entrar em guerra a fim de garantir sua sobrevivência. Vencedor do conflito armado e precisando se desenvolver, apostou em tecnologia, como a irrigação por gotejamento na agricultura e mais tarde se tornou o paraíso de novas ideias, o país das start-ups, característica que dá nome à equipe do país nas competições de ciclismo de estrada.


Israel nos esportes


O país do Oriente Médio disputou sua primeira edição de Jogos Olímpicos em Helsinque-1952. Na ocasião, levou 25 atletas, sendo 22 homens e 3 mulheres, nas modalidades de natação, tiro, saltos ornamentais, atletismo e basquete, não chegando próximo à disputa de pódio em nenhuma delas. Quatro anos mais tarde, em Melbourne-1956, levou apenas três atletas. Já em Roma-1960 voltou a levar mais de 20 atletas, enquanto na edição de Tóquio-1964 acabou tendo apenas dez atletas.


Precedendo a primeira e única participação da seleção israelense em Copas do Mundo, na edição do México-1970, o país fez bonito no futebol olímpico na edição de 1968, também no México, ganhando na estreia de 5 a 3 contra Gana, com direito a hat-trick do atacante Yehoshua Feigenbaum, e venceu o segundo jogo contra El Salvador de 3 a 1. A equipe se classificou em segundo lugar no grupo, atrás da Hungria, de quem perdeu por 2 a 0 na última rodada. A seleção acabou eliminada nas quartas de final após empatar com a Bulgária em 1 a 1 e, como não havia desempate, o país do Leste Europeu garantiu a vaga à próxima fase após sorteio.


Em 1968, a Cidade do México realizou apenas os Jogos Olímpicos, tendo abdicado de sediar os Jogos Paralímpicos dois anos antes, alegando dificuldades financeiras. Tel Aviv, tornou-se então, a sede da sede da terceira edição das Paralimpíadas. Israel ficou na terceira colocação do quadro de medalhas, com 18 ouros, 21 pratas e 23 bronzes, totalizando 62 medalhas.


Atentado de Munique

                                                - Foto: Kurt Strumpf/Associated Press


Depois de 1936, as Olimpíadas voltaram à Alemanha, agora em Munique, em 1972, buscando limpar a imagem que o país havia deixado após usar o evento como propaganda do nazismo, regime que culminou no genocídio de seis milhões de judeus. O destaque da edição era Mark Spitz, nadador americano conhecido por seu bigode e uma máquina de quebrar recordes. Ele era judeu, o que tornava seus feitos ainda mais simbólicos.


Na delegação, havia o sobrevivente do Holocausto, Shaul Ladany, que havia sido capturado pelos nazistas e enviado ao campo de concentração de Bergen Belsen, em 1944, quando tinha oito anos de idade, tendo ficado lá até a libertação do campo pelos ingleses em 1945. De lá, foi transferido para a Suíça. Atleta da marcha atlética, ele ficou em 19º na disputa de 50km e, durante o aquecimento, colocou uma estrela de Davi na sua camisa, em alusão à estrela amarela que os judeus era obrigados a usar durante o Holocausto.


Foi então que na madrugada do dia 5 de setembro de 1972, terroristas do movimento Setembro Negro invadiram a Vila dos Atletas, entraram no prédio onde estava a delegação israelense e adentraram em seus apartamentos, atirando no treinador de wrestling, Moshe Weinberg, que mesmo com a boca ferida tentou lutar contra os invasores, deixando um deles inconsciente. Ele, no entanto, foi baleado novamente e acabou não resistindo aos ferimentos. Também da equipe de wrestling, o atleta Youssef Romano foi morto ao tentar enfrentar os terroristas, que acabaram fazendo nove atletas reféns.


Os terroristas pediam a libertação de 234 presos palestinos em Israel e, para mostrar força, jogaram o corpo de Weinberg, perfurado de balas, para fora do apartamento, o deixando a mostra para o mundo todo. 


Os criminosos decidem levar os reféns até a base aérea de Fürstenfeldbrück, onde a polícia alemã os esperava para uma emboscada, com um Boeing 727, que seria utilizado para fuga com uma tripulação de policiais disfarçados de agentes de voo. O trajeto até lá foi feito de helicóptero e, ao chegar, dois terroristas decidiram inspecionar o avião. Os policiais que deveriam estar disfarçados, abandonaram o posto, ligando o alerta dos integrantes do Setembro Negro. Em razão disso, os dois terroristas correram aos helicópteros e atiradores de elite iniciaram fogo. 


Em resposta, os terroristas assassinaram todos os reféns dentro dos helicópteros, inclusive explodindo um deles, deixando os corpos irreconhecíveis. Dos oito terroristas que participaram do ato, cinco foram mortos e três capturados, todos os reféns foram mortos e um policial alemão não resistiu após ser atingido durante o tiroteio. Os Jogos terminaram ali para Israel.


Como consequência, Mark Spitz, por ser judeu, seguiu a orientação de voltar para os Estados Unidos por segurança, assim como outros atletas judeus, que também abandonaram o evento junto de outros esportistas que julgavam não haver mais clima para continuar o megaevento. Após 34 horas de interrupção, o presidente do Comitê Organizador retomou as competições com um discurso de que "os Jogos devem continuar e devemos continuar nossos esforços em mantê-lo limpo, puro e honesto".


A expulsão da Ásia


No ano de 1973, ocorreu no Oriente Médio a Guerra do Yom Kipur. Israel saiu como vencedor do conflito, mas a guerra deixou enormes sequelas no mundo árabe, levando a uma pressão dos países árabes, encabeçada pelo Kuwait, para a expulsão do Estado do quadro de integrantes da Confederação Asiática de Futebol (AFC), o que ocorre em 1974. Israel ainda participou dos Jogos Asiáticos daquele ano, e mesmo ainda não expulso do Conselho Olímpico da Ásia (OCA), decidiu não ir à Bangkok-1978 e encerra sua participação na maior competição multi-esportiva da Ásia, sendo expulso do conselho apenas em 1982.


Ainda com cicatrizes do atentado de Munique, o estado judeu levou 28 atletas a Montreal-1976. Entre eles, estava a corredora Esther Roth-Shahamorov, que estava na Alemanha quatro anos antes e foi porta-bandeira na cerimônia de abertura. Em homenagem aos assassinados no atentado, a bandeira tinha uma fita preta. A própria velocista conseguiu o feito em Montreal de levar Israel à sua primeira final olímpica, sendo a sexta colocada na final dos 100 metros com barreiras. Pela segunda vez, o futebol israelense se fez presente, e após empatar todos os jogos da fase de grupos, foi goleado por 4 a 1 pelo Brasil nas quartas de final.


Tendo como seu maior aliado os Estados Unidos, Israel apoiou o boicote à edição de Moscou-1980 e voltou em Los Angeles-1984, onde passou de 30 atletas. O resultado, porém, foi ruim e nenhum israelense chegou perto de disputar medalha. Em Seul-1988 o país classificou apenas 19 atletas para sete esportes e o resultado foi o mesmo: zero pódios.


As primeiras medalhas


A edição Barcelona-1992 foi especial para o país do Oriente Médio. O judô foi responsável pelas duas primeiras medalhas do país em Olimpíadas: uma prata com Yael Arad, perdendo a final da categoria até 61kg para a francesa Catherine Fleury, e o bronze com Oren Smadja, que venceu o alemão Stefan Dott na disputa de bronze.


Em 1994, Israel é aceito na Comitê Olímpico Europeu, seguindo a entrada do país na UEFA (União Europeia de Futebol) em 1991. Assim, o esporte israelense voltou a ter uma confederação após quase dez anos. 


Em Atlanta-96, a Olímpiada do centenário, o país azul e branco conquistou sua primeira medalha vinda da água, com o bronze de Gal Fridman na vela. Em Sydney-2000, a medalha veio na canoagem velocidade, com Michael Kolganov conquistando o bronze na prova do K-1 500 metros.



O primeiro ouro

    - Foto: Associated Press

Foi no berço das Olímpiadas, em Atenas-2004, que Israel conquistou o seu primeiro e único ouro até aqui. Foi na vela, mais uma vez com Gal Fridman na classe Mistral com dez pontos de vantagem em relação ao segundo colocado, o grego Nikolaos Kaklamanakis. Na mesma edição, o país ainda conseguiu o bronze no judô com Ariel Ze'evi, na categoria acima de 100 kg.


Em Pequim-2008, Israel mais uma vez conseguiu bons resultados nos tatames e iniciou uma ascensão na ginástica, tanto na artística, quanto na rítmica, porém ainda sem conseguir medalhas. Mais uma vez, o país subiu ao pódio em disputas na vela, com Shahar Tzuberi, que conquistou o bronze na classe RS:X. Com essa medalha, Israel conseguia o feito de subir ao pódio pelo menos uma vez em cinco edições consecutivas, mudando o esporte israelense de patamar. No entanto, em Londres-2012, a campanha não foi boa a delegação israelense saiu zerado da capital britânica. 


As medalhas voltaram na Rio-2016, com dois bronzes no judô: Yarden Garbi, na categoria até 63kg, e Or Sasson, no peso pesado. A participação de Or Sasson também ficou marcada pelo seu adversário de estreia, o egípcio Islam El Shehaby, ter se recusado a lhe cumprimentar, sendo vaiado em peso pela torcida na Arena Carioca.




Macabíadas


As Macabíadas ou Jogos Olímpicos Macabeus é um evento esportivo que ocorrem a cada quatro anos em Israel. Realizado desde 1932, tem como objetivo reunir todas as comunidades judaicas do mundo através do esporte. Seu nome vem da época do segundo templo sagrado, localizando onde hoje é o Muro das Lamentações e a Esplanada das Mesquitas. Quando os greco-sírios ocupavam Jerusalém e sucatearam o templo, um grupo militar de judeus, chamado Macabeus, se revoltou e tomou o templo de volta. Lá, acenderam o candelabro (Menoráh) com azeite suficiente para apenas um dia, mas este não resistiu e ainda assim as velas ficaram acessas por oito dias. Esse milagre deu origem ao Chanucá, a festa das luzes.


Atletas importantes já disputaram a Macabíada, como o nadador Mark Spitz e o britânico Adam Peaty, estrela da natação britânica. Pela delegação brasileira, o esgrimista Bruno Pekelman foi ouro no sabre na edição de 2017, enquanto o ex-jogador do Flamengo e seleção brasileira, Zico, já chegou a chefiar a delegação, em 2013.


Principais Esportes


Futebol 

Israel é um país apaixonado por futebol e basquete, tendo destaque em ambos os esportes, tratando-se de clubes, com o Maccabi Tel Aviv. Com a bola no pé, já chegou a fase de grupos da Champions League e à fase mata-mata da Liga Europa, os dois torneios de futebol mais importantes da Europa, respectivamente. Já em relação à seleção, Israel tem duas participações olímpicas (1966 e 1976) e uma em Copa do Mundo no Futebol (1970).


Basquete

Já com a bola laranja, a equipe amarela é hexacampeã da Euroleague, a última conquistada em 2014 em cima do Real Madrid. No mesmo ano, foi vice-campeã mundial perdendo para o Flamengo no Rio de Janeiro na Copa Intercontinental da FIBA.  A seleção azul e branca participou de Helsinque-1952 e das edições de 1959 e 1986 da Copa do Mundo.


Judô

O judô também é relevante no esporte israelense, com o país sempre disputando um lugar no pódio em Olimpíadas. A modalidade também é responsável por quatro medalhas nos Jogos Europeus e sempre aparece como candidata ao lugar mais alto em Grand Slams e Grand Prix.


Ginástica

A ginástica também ganha seu espaço. Mais recentemente, em função dos ótimos resultados na modalidade rítmica, o país vem se mostrando como forte adversário, sendo bronze por equipes nos Jogos Europeus em Baku-2015 e em Minsk-2019. A ginasta Linoy Ashram subiu no lugar mais alto do pódio no individual com a bola e com as maças, conquistando a prata nas fitas e no individual geral.


Atletas de destaque


Linoy Ashram 

    Foto: Associated Press

A jovem ginasta que em Tóquio terá 22 anos, participou de suas primeiras competições internacionais aos 11 anos. Ela estreou em Olimpíadas nos Jogos da Juventude em Nanquim-2014, quando conseguiu a quinta colocação no individual geral. Na mesma modalidade, foi campeã junior do Grand Prix Finals de ginástica rítmica em Innsbruck, na Áustria.

Em 2015, fez sua estreia no Grand Prix adulto e na etapa final em Brno, fez uma grande performance conquistando o ouro nas maças e quatro pratas, no individual geral, bola, arco e fitas.

Ashram tem 11 pódios em mundiais de ginástica rítmica, que são realizados anualmente desde 2013, exceto 2020, por causa da pandemia. Porém, ainda lhe falta o ouro nesta competição, com dois bronzes em 2017, um bronze e duas pratas em 2018 e dois bronzes e quatro pratas na última edição em Baku-2019. Nos últimos dois anos teve destaque nas competições continentais: no individual geral foi prata nos Jogos Europeus de Minsk-2019 e ouro em 2020 no Europeu da modalidade. Em Minsk também conquistou a prata nas fitas e ouro nas maças. 


Já em 2021, Linoy conquistou duas medalhas de ouro na Copa do Mundo em Baku, vencendo no arco e nas maças. Ashram é uma das principais esperanças de pódio da delegação israelense.


Sagi Muki

     Foto: Divulgação/IJF

O judoca Sagi Muki começou a despontar no cenário internacional em 2011, quando se sagrou campeão europeu sub-20. Dois anos depois, foi ouro em Tbilsi no Aberto Europeu, ainda na categoria até 73 kg. Em 2014, começou a disputar os Grands Slams, sendo prata em Astana, Jeju e Dusseldorf e conquistando o ouro duas vezes, em Baku e Havana. Já em 2015 conquistou quatro bronzes em etapas de Grand Slam e foi ouro nos Jogos Europeus de Baku.

Rio-2016 foi sua primeira Olímpiada, vindo de um bronze no Grand Slam de Paris. Muki teve um ótimo desempenho, perdendo na semifinal para o azeri Rustam Orujov, e também caiu na disputa pelo bronze, acabando em quinto na classificação final.

No ciclo olímpico para Tóquio, mudou de peso, subindo para a categoria até 81 kg, conquistando cinco ouros em Grand Slams e Grand Prix, além de duas pratas, uma no Grand Slam de Paris e outra no Wolrd Masters de Qingdao-2019, no último masters, em Doha, ele conquistou o bronze.

Atual segundo colocado no ranking até 81 kg, Sagi vai pra Olímpiada como o campeão europeu de 2018 e  atual campeão mundial, em competição realizada no ano de 2019 em Tóquio. Ele é um dos atletas que podem trazer medalha para Israel no Judô, junto de Raz Hershko Timna Levy, a israelense melhor ranqueada em sua categoria no ranking da IJF (Federação Internacional de Judô)




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