A Gymnast Parent Alliance, grupo de pais de jovens britânicos que praticam a ginástica no Reino Unido, criticou a diretora executiva da UK Sport, Sally Munday, por seus comentários feitos sobre as alegações de abuso na ginástica britânica. Em uma entrevista à BBC, Munday declarou que "Todo o trabalho com a Fedeação Britânica de Ginástica (British Gymnastics) nos últimos anos deu confiança de que querem levar as acusações a sério".
O grupo de pais criticou Munday, sugerindo em comunicado que, de acordo com o comentário de Munday, as alegações de abuso não teriam sido levadas a sério no passado e que havia uma "cultura do medo" no esporte.
"Muitos alegam que denunciaram práticas de treinamento abusivas à British Gymnastics, mas descobriram que suas queixas não foram investigadas ou tratadas adequadamente", disse a declaração da Gymnast Parent Alliance. "Os ex-atletas olímpicos Amy Tinkler, Hannah Whelan e Dan Keatings reportaram queixas à ginástica britânica, que foram ignoradas ou atrasadas severamente".
Gymnast Parent Alliance statement in response to Sally Munday, UK Sport, statement yesterday.https://t.co/tHRfQIbA5K pic.twitter.com/DQFLmVwgYE— GymnastParentAlliance (@GympalGB) July 30, 2020
"A mídia social está inundada de pais de ginastas que alegam que suas alegações não foram levadas a sério ou devidamente investigadas pela ginástica britânica. Muitos acreditam que este não é o caso de algumas 'maçãs podres' que podem ser erradicadas do esporte. Em vez disso, muitos desses problemas decorrem de falhas sistêmicas em nível sênior na ginástica britânica e de uma cultura de 'medalhas a qualquer custo", completou o grupo.
A Gymnastics Parents Allaince também pediu à UK Sport que publicasse os termos dos inquéritos da British Gymnastics e mostrasse que a revisão dos casos está sendo feita de forma independente.
Medalhista olímpica está entre as vítimas
O caso de abuso nos treinamentos de maior destaque na ginástica britânica é o de Amy Tinkler, medalhista de bronze no solo na Rio 2016. Em janeiro de 2020, a atleta se aposentou aos 20 anos de idade, supostamente devido a uma lesão que a impediria de seguir competindo em alto nível. Porém, no último dia 14, Tinkler veio a público e informou que, na verdade, sua decisão de deixar o esporte perpassava por uma série de traumas que sofreu enquanto ainda era ginasta.
Amy Tinckler foi bronze no solo feminino na Rio 2016 (Foto: Owen Humphreys/PA)
“Enviei uma queixa formal à British Gymnastics em dezembro de 2019. Foi um relato de minhas experiências como ginasta de clube e de elite, e as experiências que compartilhei foram a razão da minha aposentadoria em janeiro, não uma lesão física, como sugerido por alguns no momento", disse a atleta em uma comunicado.
Duas semanas depois, no dia 28, Tinckler voltou a se pronunciar, apontando para uma demora no andamento das investigações de seu caso e de outras ginastas.
"Estou insatisfeita com o tempo que isso tem levado, pois deixa ginastas vulneráveis sob risco de abuso de clubes e treinadores conhecidos. Peço à ginástica britânica que se mova mais rapidamente e tome medidas proativas sobre nossas queixas”, declarou.
Em resposta, a Federação Britânica de Ginástica afirmou que tem se mantido em contato com Tinkler e sua mãe, fornecendo o apoio necessário. A entidade alegou ainda que recebeu as provas completas no mês de março, e que as investigações estão avançando.
“Para ficar claro, todas as reclamações são analisadas de acordo com nossos procedimentos e por nossa unidade de integridade para avaliar o risco imediato para ginastas. Se as evidências disponíveis no momento da reclamação inicial sugerem um risco imediato de danos aos ginastas, tomamos medidas imediatas para protegê-las", completou a Brittish Gymnastics.
Foto: Times Photographer/Marc Aspland
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