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Treinador egípcio pode sofrer suspensão vitalícia do levantamento de pesos após escândalo de doping envolvendo menores


O treinador egípcio Khaled Korany foi suspenso provisoriamente pela Federação Internacional de Halterofilismo (IWF) sob acusações de violações antidoping. Envolvido no escândalo que suspendeu a Federação Egípcia de Halterofilismo (EWF) por dois anos e baniu o país dos Jogos Olímpicos de Tóquio, o treinador pode sofrer um banimento vitalício do esporte se comprovada sua participação na manipulação de menores.

Sob a tutela de Korany, sete atletas que estiveram na equipe egípcia em um camping de treinamento para o Campeonato Africano Junior e Juvenil de Levantamento de Peso de 2016 testaram positivo para methandienona, uma substância proibida. Duas eram meninas de 14 anos e outros cinco eram menores de 18 anos. Todos os atletas foram suspensos e a EWF acabou punida em setembro do ano passado.

"Eu não sei o que dizer agora... Vou consultar meu advogado e me oferecer para defender minha posição sobre esse assunto", disse o treinador ao insidethegames após sua suspensão. Atualmente, Korany é técnico da equipe da Tunísia e está com outros quatro atletas no Azerbaijão, não conseguindo deixar o país por conta das restrições de viagem impostas pela pandemia de coronavírus.

Duas semanas antes do anúncio da suspensão, ocorrido nesta sexta-feira, Korany concedeu uma entrevista ao insidethegames, onde garantiu ser inocente no caso dos menores egípcios. Segundo ele, os jovens foram enganados por alguém de "mau caráter" que se aproveitou da baixa idade dos atletas.

"Não sou estúpido em dar aos atletas essa substância proibida, principalmente porque se sabe que ela permanece no corpo por meses", disse Korany anteriormente, que também destacou que, desde que iniciou sua carreira, nenhum de seus atletas, seja do Egito, Árabia Saudita ou Tunísia, testou positivo para qualquer tipo de substância ilícita.

Ele cogitou que pudesse haver algum tipo de disputa política envolvida na situação da dopagem, uma vez que à época do caso havia uma intensa rivalidade dentro da EWF. O treinador alegou que algum membro da oposição poderia ter pago algum atleta ou um treinador para contaminar a comida ou os suplementos dos atletas, com o objetivo de abaixar a reputação do presidente Mahmoud Mahgoub, que buscava a reeleição no período.

Korany teve uma passagem satisfatória enquanto treinador do Egito. Ele foi o responsável pela primeira medalha olímpica do país depois de 64 anos, quando Tarek Yehia foi bronze na categoria até 85kg de Londres-2012 (o Egito também herdou uma prata após as reanálises realizadas a partir de 2016). Quatro anos mais tarde, na Rio-2016, o país do Nilo conquistou mais duas medalhas.

"Por que eu arriscaria meu nome e minha reputação como treinador de um campeonato fraco? Por que colocar o nome do Egito em risco após os sucessos alcançados em Londres e no Rio?", questionou Korany. "A questão é uma conspiração para manchar a imagem da Federação Egípcia, mas a causa não foi revelada", pontuou.

De acordo com o comunicado da IWF, o egípcio violou os Artigos 2.8 e 2.9 do código antidoping, que se referem a ajudar ou contribuir para que os atletas utilizem substâncias proibidas. De acordo com a Política Antidopagem da IWF, as violações do Artigo 2.8 devem ser punidas com suspensão de, no mínimo, quatro anos.

Se uma violação envolver um menor, ainda segundo as regras da federação, "será considerada uma violação particularmente grave e, se cometida pelo Pessoal de Apoio ao Atleta por violações que não sejam para Substâncias Especificadas, resultará em inelegibilidade vitalícia". A Política da IWF ainda alerta que o envolvimento de menores pode ser considerada um crime fora do âmbito esportivo e a questão deverá ser direcionada a autoridades maiores.

No ano passado, um possível novo escândalo surgiu no halterofilismo egípcio, depois que seis atletas testaram positivo para metilhexaneamina nos Jogos Africanos de Rabat. Os resultados ainda estão sendo analisados. Após as situações, a EWF foi desfiliada do Comitê Olímpico Egípcio até que sua suspensão pela IWF se encerre.

Grande nome do halterofilismo egípcio, o medalhista de bronze na Rio-2016 Mohamed Ehab anunciou sua aposentadoria após os escândalos envolvendo a federação.  No início desse ano, outros dois treinadores egípcios foram presos sob acusações de envolvimento em doping e peculato. Um triste momento para a nação que tem grande destaque no esporte. O levantamento de peso já deu 14 medalhas olímpicas para o Egito no total, mais do que qualquer outro esporte.

Foto: Associated Press

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