Novo País, novo time, nova língua, novo estilo de jogo. Em 2017,
Haniel Langaro e Alex Pozzer, o Tchê, embarcaram no mesmo desafio:
deixaram a Espanha, onde já estavam adaptados e atuavam de forma
semelhante ao estilo brasileiro, e rumaram para a França, que tem um
campeonato mais competitivo, baseado em muita força física.
A escolha já começa a mostrar frutos nessa primeira temporada. Os
brasileiros foram convocados para a seleção estrangeira que derrotou os
jogadores locais, por 39 a 38, no Jogo das Estrelas da Liga Francesa de
Handebol, em 3 de fevereiro.
O lateral Haniel, de 22 anos e 1,97 m, e o pivô Tchê, de 29 anos e
1,92 m, atuam no USDK Dunkerque Handball, que tem como meta terminar o
campeonato entre os cinco melhores para se credenciar para as principais
competições europeias. Lá, os jogadores treinam de oito a dez vezes e
fazem um jogo por semana.
Depois de algumas dificuldades com a língua, resolvidas até com
mímicas, os dois já estão adaptados à nova vida na França e acreditam
que a experiência deles na Europa será um diferencial também para o jogo
da seleção brasileira.
Como está sendo a adaptação ao novo país?
Tchê: Está sendo boa, mas o estilo de jogo é bem diferente, muito mais físico.
Haniel: O começo foi um pouco difícil, pois chegar a
um país onde você não conhece ninguém e muito menos fala a língua
sempre é complicado.
Vocês convivem na França? Qual a importância de ter outro brasileiro jogando contigo?
Tchê: Sim, quando assinamos o contrato isso
influenciou bastante. Tudo fica mais fácil quando se tem um companheiro
brasileiro nos jogos e no dia a dia.
Haniel: Nós moramos em casas diferentes, mas estamos
sempre em contato. É muito bom ter outro brasileiro jogando junto,
tanto pela comunicação quanto pelo entrosamento que temos e que nos
ajuda na seleção também.
O Espanhol é um idioma bem mais parecido com o Português do que o Francês. Como tem sido lidar com a nova língua?
Tchê: Eu não falava francês, estou tendo aulas. Na
equipe tem alguns jogadores que falam Espanhol e Português, que ajudam
bastante. No dia a dia, consigo me virar seja falando algo em Francês
seja fazendo gestos, sempre damos um jeito.
Haniel: Eu não falava Francês, mas hoje já consigo
me comunicar tranquilamente. No começo foi bem difícil, a gente se
virava na base da mímica.
Por que você decidiu ir jogar fora do país e o que te levou a aceitar o convite para trocar a Espanha pela França?
Tchê: Queria ser jogador profissional, disputar um
campeonato de alto nível, aprender um novo idioma e encarar o desafio de
enfrentar tudo isso. A liga da França é uma das melhores do mundo, e o
projeto do clube de montar uma equipe para jogar competições europeias
me atraiu.
Haniel: Busquei a oportunidade de crescer no esporte
e de poder jogar em grandes clubes da Europa. A França tem uma liga
muito competitiva, umas das maiores do mundo, e o projeto que o clube me
ofereceu foi muito interessante, por isso deixei a Espanha.
Em que o handebol francês difere do brasileiro?
Tchê: É um jogo de muito mais força e velocidade. O handebol brasileiro, que se parece muito com o espanhol, é um jogo mais tático.
Haniel: É um handebol muito forte fisicamente, todos
os jogadores são muito bem preparados fisicamente, então o jogo é muito
mais desgastante.
Qual a importância de se jogar handebol em um clube europeu?
Tchê: Jogando aqui, temos muito mais experiências, estamos jogando sempre contra os melhores e assim podemos evoluir mais.
Haniel: Muito grande. Você tem um ritmo totalmente
diferente de jogo, está em uma grande vitrine, onde todas as pessoas do
mundo do handebol te conhecem. Em termos de patrocínios acaba sendo
positivo também.
Quais você avalia que serão os principais desafios da seleção nesse ciclo olímpico?
Tchê: Acredito que sejam os Jogos Pan-Americanos, em
2019, que classificam para a Olimpíada de Tóquio-2020. Espero que
possamos ter uma boa preparação com treinos e jogos.
Haniel: Acho que o maior desafio é o tempo de
treinamento, pois nos reunimos poucas vezes ao ano e isso acaba
dificultando um pouco o trabalho. Outro grande desafio e meta de todos
nós é a classificação para os Jogos Olímpicos.
Como avalia o ano passado, de transição pós-olímpica com troca de técnico e chegada de novos atletas à seleção?
Tchê: Essa transição é normal. É sempre importante
ter uma renovação de atletas, as novas gerações chegam muito bem.
Acredito que o Washington Nunes, à frente da seleção, fará um bom
trabalho.
Haniel: Não tivemos muitas competições, então acaba
sendo um pouco difícil avaliar, mas a troca de treinador e a chegada de
jogadores novos sempre é válida, pois precisamos de caras novas e o
processo de transição acaba fazendo parte.
Quais suas metas para 2018?
Tchê: Pelo clube é acabar a Liga entre os cinco
primeiros pois estaríamos classificados para competições europeias. Com a
seleção, é ir aos dois campeonatos [Jogos Sul-Americanos e
Pan-Americano de Handebol] e ser campeão de ambos.
Haniel: Com o clube, é ficar entre os cinco
primeiros da Liga. Também estar entre os convocados para servir a
seleção e ganhar todos os campeonatos possíveis.
Foto: Cinara Piccolo
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