Na segunda-feira (23), durante a abertura do Seminário
Internacional Enfrentamento ao Terrorismo no Brasil, que prosseguirá até
a sexta-feira (27), na sede da Agência Brasileira de Inteligência
(ABIN), em Brasília, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo
Berzoini, e o diretor geral da ABIN, Wilson Roberto Trezza, ressaltaram
em seus discursos dois pontos principais. O primeiro é que o Brasil está
pronto para tomar todas as medidas para evitar ataques terroristas
durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. O segundo é que,
para isso, a cooperação da ABIN com agências de inteligência
internacionais é imprescindível.
O evento reúne, além de ministros de estado – o ministro da
Defesa, Aldo Rebelo; do Esporte, George Hilton; e da Casa Civil, Jaques
Wagner, participam do encerramento, na sexta-feira –, de representantes
do Ministério da Justiça e de técnicos da ABIN, convidados como o
diretor executivo do Comitê de Direção Executiva Antiterrorista da ONU
(CTED), Jean-Paul Laborde, e Hussein Kalout, professor-pesquisador da
Universidade de Havard, nos Estados Unidos, que falarão durante o
seminário sobre aspectos do terrorismo internacional e assuntos ligados à
mídia e a práticas de terrorismo ao redor do mundo.
Esse seminário foi organizado antes dos acontecimentos trágicos de
Paris, que mais uma vez chocaram todos aqueles que acreditam que a
convivência humana possa ser algo mais pacífico e mais democrático do
que esses terríveis incidentes demonstram”, ressaltou Ricardo Berzoini.
“É necessário que, diante de um evento da magnitude das Olimpíadas e
também diante da responsabilidade pública do estado brasileiro para além
dos Jogos Olímpicos, que a sociedade brasileira, especialmente os
agentes do estado brasileiro, civis ou militares, discutam com
profundidade como prevenir e como combater de maneira incansável a
prática do terrorismo, uma prática que no Brasil tem pouco registro de
eventos, mas que, evidentemente, merece toda atenção pela característica
da globalização econômica,
14 episódios
O diretor da ABIN fez uma apresentação em que lembrou como as
práticas terroristas foram frequentes nos últimos dois anos no planeta.
Desde 2013, 14 atentados na Rússia, nos Estados Unidos, na Nigéria, no
Quênia, no Paquistão, na Austrália, na França, na Turquia, na Tunísia,
no Kuwait, no Líbano e em Mali resultaram em quase 1.110 mortes, sem
contar as centenas de feridos.
Wilson Roberto Trezza explicou que a ABIN fez um estudo sobre a
sensibilidade das delegações que estarão no Brasil para os Jogos Rio
2016 em relação a alvos de atentados terroristas. Segundo o estudo,
Canadá, Estados Unidos, Egito, França, Grã-Bretanha, Irã, Iraque,
Israel, Rússia e Síria foram classificados como prioridade “alta” e por
isso deverão ter segurança reforçada para suas delegações durante as
Olimpíadas e Paralimpíadas no Brasil. Alemanha, Austrália, Dinamarca,
Espanha, Holanda, Jordânia e Noruega obtiveram classificação “média” e o
Brasil e demais países, a “baixa”.
Diretor do Departamento de Contraterrorismo da ABIN, Luiz Sallaberry,
ressaltou que a maior preocupação do órgão para os Jogos Rio 2016 é com
a possível ação dos chamados “lobos solitários”.
“Foi o que aconteceu nos atentados à Maratona de Boston”, declarou
Sallaberry. “São pessoas que se encantam pela ideologia dos grupos
terroristas e agem em prol desses grupos sem jamais terem sido ligadas
diretamente a eles”, explicou.
O diretor geral da ABIN revelou que sua agência não encontrou
qualquer indício de que exista uma célula do Estado Islâmico atuando no
Brasil e declarou ainda que atualmente a ABIN trabalha em colaboração
com mais de 80 serviços de inteligência em todos os continentes. Ele
acredita que, devido aos incidentes das últimas semanas, o número deve
chegar a 103 serviços de inteligência ou até superar essa contagem até
os Jogos Rio 2016.
Ao final, Wilson Trezza foi enfático ao ressaltar o papel da ABIN na
prevenção e no combate ao terrorismo no Brasil. “A inteligência é a
primeira linha de defesa de todas as nações. Temos um papel desafiador,
mas nos consideramos à altura desse desafio”, declarou. “Infelizmente,
os acontecimentos das últimas semanas comprovaram a importância desse
evento”, encerrou, referindo-se ao seminário em curso em Brasília.
Foto: Ministério do Esporte
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