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Vitoriosas nas areias, Larissa e Talita almejam o ouro do vôlei de praia em casa nos Jogos de 2016


O dia marcante é 28 agosto de 2015: Larissa e Talita venceram as quartas de final do Grand Slam de Olsztyn, na Polônia, e atingiram uma pontuação que não poderia mais ser superada por nenhum time na corrida olímpica brasileira. Naquela data, as duas garantiram presença nos Jogos Olímpicos Rio 2016.

Passados alguns dias, que incluíram a vitória no torneio da Polônia e também no Rio Open, a ficha começa a cair: a primeira parte do objetivo foi cumprida. Mas Jogos Olímpicos não são novidade para Larissa e Talita. Se a parceria nasceu em 2014, já no meio do ciclo para os Jogos de 2016, a experiência em Olimpíadas data de muito mais tempo. Ambas competiram nas edições de Pequim 2008 e Londres 2012 e acumulam uma bagagem que trouxe serenidade ao time para partir em busca do ouro inédito para as duas.

Jogando com Ana Paula – já que Juliana se machucou às vésperas da competição –, Larissa ficou em quinto lugar em Pequim. Na mesma edição, Talita chegou à semifinal com Renata e perdeu a vaga para a final para as futuras campeãs, as norte-americanas Walsh e May. Ela ainda brigou pelo bronze, só que o sonho da medalha olímpica foi embora na derrota para as anfitriãs Zhang e Xue.

“Escapou pelos dedos. Éramos um time mais novo, não tínhamos tanta experiência. Também por algumas coisas que aconteceram durante o processo da Olimpíada, por imaturidade mesmo, por não ter vivido tanto aqui ali. Pode não ter sido o melhor resultado, mas aprendeu-se muita coisa. Uma medalha foi perdida, mas isso faz com que você corra atrás do seu sonho. Só participar não é mais o meu sonho. Hoje eu sonho mais alto: ganhar uma medalha e ganhar uma medalha de ouro”, afirma a sul-mato-grossense Talita, de 33 anos.

Quatro anos depois, Talita ficou em nono em Londres, junto com Maria Elisa. Larissa, por sua vez, chegou à semifinal em 2012 ao lado de Juliana sem ter perdido um set sequer. Mas as norte-americanas Ross e Kessy pararam o time brasileiro. Era preciso superar a frustração para disputar o bronze.

Quando a gente perdeu aquela semifinal foi triste, foi doído, mas sabíamos que tínhamos que buscar uma medalha no dia seguinte. A gente saiu do jogo, voltou para a vila (olímpica) e ninguém dava um pio. Aquele momento foi terrível, mas a gente tinha que se reerguer. Só quem vai para uma Olimpíada sabe o que é isso. É um evento diferente de todos os outros. O gatinho vira leão e o leão vira gatinho e a gente precisava ganhar aquela medalha”, lembra  a capixaba Larissa, também de 33 anos.

O bronze veio, contra a mesma dupla chinesa que tirou o terceiro lugar de Talita em 2008: Zhang e Xue. Larissa conquistou a medalha olímpica e decidiu parar de jogar. Vieram lutas e frustrações pessoais e o esporte voltou para os planos de sua vida. “Tentei engravidar duas vezes e perdi. Eu também tive que resgatar um pouquinho da atleta para me levantar rápido”, conta.

Recorde brasileiro

A parceira escolhida para o retorno em 2014 foi Talita. Foram dois nonos lugares nas primeiras disputas, mas os resultados positivos eram questão de tempo. No Grand Slam de Klagenfurt, na Áustria, em agosto daquele ano, elas venceram o primeiro de muitos campeonatos. Foram 61 vitórias consecutivas, o recorde brasileiro. De 26 torneios disputados, foram 18 ouros.

Considerando somente o Circuito Mundial, das 15 etapas de que participaram, foram a dez decisões e dez primeiros lugares. O desafio, segundo Larissa, é seguir o ritmo, sempre buscando “os 110%”, sem dar muita atenção ao favoritismo.

“O favoritismo é feio dentro de quadra. Por que na Olimpíada o leão vira gatinho e o gatinho vira leão? Não, você não é favorita! Você tem que ganhar para ser favorita! Por isso que não me considero favorita nem melhor do mundo. Eu tenho que me fazer ser dentro de quadra. É isso que a gente busca diariamente. Torneio passado eu ganhei, que maravilha, mas no próximo torneio eu posso ficar em último”, diz Larissa.

Colocar o pé no freio, até os Jogos Olímpicos, não está nos planos. “Vai haver um planejamento. A gente vai ajustar, mas não tem muito o que mudar em ano de Olimpíada. A gente tem que fazer o que já estamos fazendo. Normalmente, jogamos muitos torneios, claro que com sabedoria e inteligência para não se machucar. Mas é importante jogar, adquirir o respeito dos adversários, vencer e chegar bem”, explica.

Para Talita, o sonho particular do ouro olímpico se soma a um outro muito especial: ela quer dar essa alegria ao avô, de 90 anos. E não vê oportunidade melhor do que dentro de casa.

“A motivação vem de vários pontos: daquele meu sonho de querer conquistar uma medalha de ouro, de jogar dentro de casa, de ter tantas pessoas orgulhosas de eu estar lá. Meu avô tem 90 anos e hoje uma das coisas que mais o motiva na vida é a assistir aos meus jogos, acompanhar, conversar com as pessoas sobre isso. Para você suportar diariamente os treinos, para você chegar naquela hora em que você cansa e respirar fundo, é preciso lembrar de tudo isso”, afirma.

Larissa não fica para trás em motivação para trocar a cor da medalha que guarda em casa. O clima de tristeza vivido naquele 7 de agosto em 2012, quando a final olímpica foi embora, passou. A fórmula hoje é simples: menos mágoa e mais trabalho.

“Aprendi que eu não tenho tempo. Eu remoía muito mais, ficava muito mais chateada. Mas a gente não tem tempo pra isso: é um torneio seguido do outro. É como você olhar pra rua e perceber que vários carros vão passar e vai vir o próximo e o próximo... Você tem que estar pronto. O vôlei de praia me deu quase tudo, só falta a medalha de ouro, mas ele me trouxe também isso: a capacidade de aprender a lidar com as situações. A gente não tem tempo para se lamentar. Eu tenho que me levantar e estar pronta”, encerra a atleta.

Foto: Getty Images

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