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Cego após acidente aos dez anos, paraibano é trunfo do judô para as Paralímpiadas em 2016


Willians Araújo tem 22 anos e hoje é uma das esperanças do judô brasileiro para as Paralimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. O sorriso fácil do gigante e a chancela de promessa, porém, demoraram para existir. Sua vida no tatame começou por acaso e trouxe esperança não apenas para a modalidade, como também para o paraibano e sua família, que viveram anos de sofrimento e situação precária.

O judoca perdeu a visão aos dez anos, em sua terra natal, enquanto brincava com armas utilizadas para matar passarinhos. Ainda jovem, veio morar no Rio de Janeiro, no Complexo do Alemão, na Zona Norte, em busca de uma vida melhor. As condições, porém, eram precárias.

- Eu tinha vergonha da minha casa. Chovia e enchia tudo. Acordava e tinham ratos passando pelos meus pés – diz Willians.

O começo da mudança aconteceu de forma despretensiosa. Em um ponto de ônibus, Willians conheceu Terezinha, espécie de "fada madrinha" do judoca. Ela pediu licença para passar e ele, sem enxergar, não percebeu o pedido. Funcionária do Instituto Benjamin Constant, que cuida de deficientes visuais, Terezinha logo percebeu a situação e ofereceu ajuda ao jovem. Ali sua vida mudou.

- Ela falou que eu entrando para a escola poderia praticar esportes, aprender a ler e escrever, depois me formar em alguma universidade e viver como qualquer pessoa normal – lembra o judoca.

No Instituto, Willians, com 13 anos, passou pelo futebol e natação, mas se encontrou mesmo foi no judô. Em um ano na modalidade, foi campeão de uma Paralimpíadas escolar. O título foi a porta de entrada para o alto rendimento. Em um torneio, mesmo na faixa amarela, foi terceiro lugar lutando contra rivais na faixa preta.

O paraibano evoluiu a ponto de chegar até a seleção brasileira paralímpica. Em Londres 2012, disputou os Jogos Paralímpicos, e conseguiu um quinto lugar. Agora, depois de ajudar a família a ter uma vida melhor através do esporte, ele quer ainda mais. Em 2016, Willians quer o pódio nas Paralimpíadas do Rio de Janeiro. Para isso, quer seguir bem, como fez no último Mundial, nos Estados Unidos, ficando com o bronze no individual e o ouro por equipes.

- Meu foco é todo voltado para 2016. Eu vivo pensando, durmo pensando e acordo pensando nas Paralimpíadas de 2016, no Brasil.

Orgulhoso do caminho que seguiu, Willians sorri mesmo é quando se lembra de tudo que passou e das condições de vida que conseguiu dar para os pais, os tirando da situação precária que viviam.

- Meu maior troféu foi dar uma casa para meus pais e tirar eles de uma área de risco. Hoje, conseguem viver tranquilamente – diz Willians, que também ajuda a pagar a faculdade de pedagogia da irmã.

Foto: Divulgação
Fonte: Globoesporte.com

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