Um dos nomes mais vencedores do vôlei brasileiro em todos os tempos, Bernardinho está incomodado com as denúncias de corrupção
na gestão da modalidade no País. No entanto, recentemente precisou se
preocupar com outro problema, este de saúde. O treinador da seleção
masculina revelou ter retirado um tumor maligno no rim logo após a
campanha do vice no Mundial da Polônia, que terminou em setembro.
— Cheguei do Mundial na Polônia e num exame de rotina descobri um
tumor no rim direito. Nele havia células malignas. Extirpei o tumor e
estou aparentemente bem. A cirurgia completou três meses — declarou recentemente, em
entrevista à revista Veja.
Bernardinho acredita que as falcatruas do esporte possam ter ajudado a
causar um desgaste que poderia trazer-lhe problemas de saúde.
— Senti que dei minha saúde. Fico ruminando essa história porque há
um ano e 10 meses não tinha problema de saúde. Mas a irresponsabilidade
vai te maltratando e maltratando.
O treinador ainda fez um paralelo entre o tumor retirado e os
constantes casos de corrupção no esporte e na política. — O médico do
Hospital Sírio-Libanês que me atendeu disse assim: "O que tirei do seu
corpo é uma metáfora do que deve ser extraído do país". A sensação que
tenho hoje é essa mesmo: tudo o que está acontecendo com o vôlei é uma
pequena célula doente de um organismo. Pode haver mais.
Recentemente, o relatório da Controladoria-Geral da União (CGU)
confirmou o desvio de pelo menos R$ 30 milhões da verba do patrocínio
durante a gestão do então presidente da Confederação Brasileira de Vôlei
(CBV), Ary Graça, entre 2010 e 2013. O caso resultou na decisão do
Banco do Brasil, maior parceiro da modalidade no País, de cancelar o
patrocínio à entidade.
— Eu me sinto traído. As pessoas dizem que estou por trás dessas
acusações. Não estou por trás de nada. Primeiro porque, se tiver de
fazer algo, faço pela frente. Muito mais que revoltado, hoje estou
triste. O vôlei é um esporte lindo. Dediquei boa parte da minha vida a
uma causa e, com base em todas essas evidências de corrupção, posso
dizer que algumas pessoas se beneficiaram de um trabalho honesto — disse
Bernardinho.
O treinador ainda atacou Ary Graça e o "grupo" que controlava a
CBV. — É um grupo, não foi apenas o Ary Graça. Mas em 2012, quando soube
que ele estava pleiteando a candidatura à presidência da Federação
Internacional, fui ao seu gabinete pela primeira vez e disse: "Doutor
Ary, o senhor hoje dirige a maior confederação esportiva do país fora o
futebol. Quebre esse sistema de poder, profissionalize esse sistema".
Ele dirigia uma empresa com R$ 100 milhões anuais de faturamento e tinha
muito que fazer ainda no esporte brasileiro. Ele não me deu ouvidos.
Foto: FIVB
Fonte: Estadão/Zero Hora
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