Muitos conhecem a lenda criada em torno de uma das
filhas do último czar russo, Nicolau II. Durante a Revolução Russa, a família
imperial foi mantida em cativeiro em 1917 e, depois de um ano, foi executada.
Mas dizem que a pequena Anastácia conseguiu fugir do cativeiro poucas horas
antes do destino trágico de sua família e conseguiu chegar à Europa Oriental.
Esse mito da sobrevivência de Anastácia deu-se
início com o fato do corpo da menina não estar na sepultura onde os corpos de
sua família estavam enterrados. Passaram a acreditar que ela estava viva e que
estava em busca de sua avó. A mãe de Nicolau II, Maria Feodorovna, conseguiu
fugir antes da captura de sua família e abrigou-se em seu antigo castelo, na
Dinamarca, até sua morte, em 1928. Durante esse período, diversas pessoas,
principalmente os russos refugiados começaram a procurar mulheres que se
assemelhavam fisicamente com a Anastácia para levar para a aflita Maria.
A partir dessa busca, Anna Anderson (foto abaixo) apareceu. Ela
afirmou até momentos antes de sua morte que era a verdadeira Anastácia
Romanova, herdeira da Rússia. Durante décadas as opiniões sobre suas
declarações eram divididas, principalmente pela demora de se apresentar
publicamente. Alguns se simpatizavam com a mulher e acreditavam que ela era de
fato Anastácia e que demorou para revelar sua verdadeira identidade por medo e
trauma. Outros acreditavam que ela não passava de uma impostora e que a verdade
czarina estava morta há muitos anos. Anna morreu em 1984 e foi cremada deixando uma
dúvida que perduraria por 10 anos. Com o avanço das pesquisas de DNA,
cientistas conseguiram algumas amostras e concluíram que ela não possuía
nenhuma ligação com a família imperial.
Durante o século XX, muitas outras mulheres apareceram
afirmando pertencerem aos Romanov, mais precisamente, Anastácia. Mas, assim
como Anna Anderson, suas declarações eram apenas mentiras.
O caso de Anastácia repercutiu numa animação popular
chamada Anastacia, lançada em 1997 nos Estados Unidos. Ela conta a história de
Anastácia e sua avó em 1916, no começo da Revolução Russa. As duas conseguiram
sair do Palácio e estavam tentando fugir no trem, mas com o tumulto as duas se
separam. Maria seguiu para a Europa Ocidental e Anastácia perdeu a memória e passou
alguns anos de sua vida num orfanato. Sua avó continua a buscá-la e ofereceu
uma grande recompensa. No desenrolar da trama, as duas se reencontram em Paris
com ajuda de Dimitri, um antigo empregado do palácio que tinha ajudado as duas
na fuga durante a invasão dos revolucionários. No começo, a avó não acredita
que a moça é Anastácia por ter sido enganada diversas vezes antes e pelo fato
da jovem não se lembrar de seu passado. Maria somente percebe que é sua neta
que está diante dos seus olhos quando vê um pingente de seu colar que é, na
verdade, a chave de um de seus Ovos Fabérge, quando ela gira, uma música começa
a tocar e Anastácia recorda de todo o seu passado. É considerado um dos
melhores filmes sobre princesas em geral apesar do baixo orçamento para a sua
produção. Além disso, é classificado como o melhor filme sobre princesas que
não foi produzido pela Disney.
Apesar de toda a beleza e encanto nas buscas pela
jovem Anastácia, a realidade está bem distante da lenda urbana criada.
Em uma vasta busca na região onde a família russa
foi executada, em 1991, encontraram o corpo da jovem Anastácia junto dos
demais. O corpo que estava faltando era de Maria, uma de suas irmãs mais
velhas. Mas não era apenas o dela. O jovem Alexei também não estava presente na
sepultura. Por mais de um século, acreditaram que os dois tinham sobrevivido,
que graças a Alexei a família Romanov iria retornar. Mesmo com a declaração do governo russo de
que a Anastácia estava morta, muitos acreditaram que era um equívoco do país,
que estavam confundindo as duas meninas, que ela havia conseguido fugir e o
corpo analisado era o de Maria.
Apenas em 2007 um arqueólogo russo encontrou dois
corpos queimados próximo ao local onde se encontravam os Romanov. Depois de
oito meses de pesquisas e testes, eles foram identificados como filhos de
Nicolau II, Maria e Alexei.
Com a declaração oficial da Rússia em 2008, uma das
maiores lendas urbana mundiais terminou. Toda a família Romanov, Nicolau II,
sua mulher Alexandra e seus cinco filhos Olga, Tatiana, Maria, Anastácia e
Alexei, foi executada em 17 de julho de 1918, dando o fim a linhagem mais
famosa de czares da Rússia.
Abaixo, segue um vídeo de um trecho da animação Anastácia:
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