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Para a posteridade






A Confederação Brasileira de Vôlei deu um tiro no pé, quando dispensou Juliana da seleção nacional (termo estranho para uma modalidade praticada por duplas, que são formadas, muitas vezes, no quintal de casa ou na areia mais próxima). Ela se queixava do método de treinamento e do fato de não poder mais escolher parceria para jogar, já que, agora, a CBV pode mudar a configuração das duplas sempre que lhe convir.

No boxe, uma queda de braço fora dos ringues entre atleta e dirigentes custou a vaga de Adriana Araújo na seleção, uma medalhista nas últimas olimpíadas. A Confederação Brasileira de Boxe diz que ela se reapresentou fora de forma. Mas é verdade, também, que a boxeadora não parou de criticar a entidade nem com o bronze que ganhou em Londres.

Joanna Maranhão, desde há muito, critica a administração eterna de Coaracy Nunes na Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos e, vira e mexe, fica fora de algum programa de incentivo aos atletas que precise da chancela da CBDA. Por exemplo, ela não vai ser beneficiada pelo programa do Governo Federal que vai investir cerca de R$ 1 bilhão no esporte olímpico, mesmo sendo a melhor nadadora do país e com vaga certa em duas provas para o mundial de Barcelona.

Sorte melhor teve Arthur Zanetti, que se queixou das condições de treinamento, deixou em aberto a possibilidade de defender outro país e conseguiu, da Confederação Brasileira de Ginástica, aparelhagem decente para preparação.

Esse talvez seja o maior legado que as Olimpíadas de 2016 deixam para o esporte brasileiro. Não as instalações, já que muitas são provisórias, outras vão virar casa de show e algumas serão riscadas do mapa (quando não, subutilizadas). Nem o gosto pela prática esportiva, porque nada tem sido feita pelo esporte de base, mas tudo por uma questão de pouca importância, que é ser potência no quadro de medalhas. E esse legado também não vai ser o crescimento do esporte de alto rendimento brasileiro, já que, para 2020, o investimento não vai chegar nem perto do que se tem hoje. O legado, senhores e senhoras, é a informação.

Atleta perdendo duelo para cartola sempre existiu, dinheiro mal investido no esporte idem, assim como ginásios e estádios sem manutenção e gente mal intencionada cuidando de clubes e federações. Nada disso é novo.

A novidade é que as Olimpíadas do Rio trouxeram ao público e à imprensa um interesse pelo esporte que vai além do placar, da marca e da medalha. Não se pode negar a ação fiscalizadora da imprensa, quando divulga um prejuízo acumulado dos Jogos de daqui a quatro anos já na ordem de R$ 150 milhões, e quando mostra que praças tradicionais, como o Parque Júlio Delamare e o Estádio Célio de Barros, correm o risco de demolição.

É graças aos Jogos de 2016 que o torcedor está descobrindo que esporte é mote político, que as verbas que sustentam a prática acabam saindo do bolso dele mesmo e que dirigente esportivo, salvo exceções notabilíssimas, não é um abnegado que cede parte de seu tempo para prover o esporte que ama.

O fim da ingenuidade ou da indiferença do público esportivo brasileiro é um legado pelo qual a turma de fraque e cartola não esperava. Que pelo menos essa herança das olimpíadas brasileiras perdure, já que o mais deve ser de areia.

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