Blog Curling Brasil (@curlingblogbra)
Novamente, gostaríamos de agradecer ao Surto olímpico a
oportunidade de comentar sobre o esporte que tanto gostamos e que tentamos nos
aprimorar um pouco mais a cada dia. Como sempre, este contará com nossas
opiniões, de outros fãs, além das informações que lemos e ouvimos de alguns
profissionais do esporte.
Sobre
o local do torneio: O curling é o segundo esporte mais popular do
Canadá (só perde para Hóquei no gelo), por esta razão houve um grande público
presente, principalmente nos jogos da equipe anfitriã. Mesmo com a geração das
imagens da WCF mostrando muitas crianças no público, os jogadores
(principalmente Jiri Snítil, capitão da República Tcheca, em tweet)
afirmaram que não havia jovens no público (inclusive ele brincou com a
situação, se eles deveriam brigar ou jogarem como vieram ao mundo). Lembramo-nos
da crítica dos mais velhos de quem estava representando o Canadá seriam
“ciborgues”, em função de serem equipes muito jovens. É, tem muito que
discutir: afinal, atrair os jovens ou priorizar os fãs mais velhos? Qual o
melhor equilíbrio?
Sobre
o torneio em si: Não foram vistos problemas com em relação
ao gelo, porém foram encontrados problemas no circuito de detecção de largada
de quatro pedras lançadas durante o mundial. Isso já tinha acontecido na final
do mundial feminino e na temporada passada, e tem gerado discussão em função do
equipamento ser caro e do que foi explanado em reportagem no Toronto Sun em que
jogadores que se “deitam” para lançar a pedra (chamados de “tuck sliders”, como
o Ryan Fry do Canadá) seriam altamente
prejudicados. Não sabemos em que pé anda a discussão do
uso ou não do sensor, mas acreditamos que deve ser pensado no problema para os
eventos de pré-olímpico e olimpíada.
Sobre
as equipes:
Finlândia: Sem
tanto prestígio quanto seu compatriota do sobrenome com quinze letras, a equipe
de Aku Kauste, que conseguiu a vaga para este mundial desafiando a França, só
ganhou duas partidas, porém foi responsável por momentos no início do
campeonato (jogando na defesa e dando trabalho para as equipes quando não
tinham a vantagem, entretanto os erros do capitão terminavam com a estratégia
com o martelo) e pela zebra: ganhou da equipe Escocesa, o que não acontecia há
um bom tempo.
Japão:
Equipe que retornou aos campeonatos mundiais, após três anos apenas
participando do World Curling Tour, acabou por uma participação tímida, embora
tenha ganhado de duas equipes fortes como Canadá e Suécia, as quais o time
enfrenta em torneios do WCT.
Rússia:
Parece
que ao chegar neste mundial, conseguiram por em prática o plano de investir
para obter bons resultados em Sochi. Entretanto, o que esperar da equipe na
futura competição parece-me meio obscuro, como foi todo o mundial, onde na
última rodada não se sabia quem iria vencer. Mas a equipe de Drozdov não
ofereceu muitos riscos às equipes mais experientes.
EUA: Embora
sendo uma equipe “inexperiente” em campeonatos mundiais, teve destaque com
cinco vitórias, deixando os americanos orgulhosos. Entretanto, não foi o
suficiente para garantir o país na vaga direta às olimpíadas, tendo de disputar
o pré-olímpico.
República
Tcheca: No Ano passado, teve um péssimo desempenho no mundial, mostrando
muito desequilíbrio, embora a equipe obtivesse um 4º lugar no Europeu de 2011. Em
2012, foram os medalhistas de bronze no Europeu e conseguiram mostrar esta
evolução, mostrando um jogo mais sólido. Não fosse a derrota para a Suíça na
última rodada, dariam trabalho na classificação final. O capitão havia afirmado
no início do campeonato que eles estavam prontos para enfrentar as equipes
europeias, não conhecendo as asiáticas e norte-americanas. Contra equipes
europeias, foram 3 vitórias e 4 derrotas, enfrentando equipes não europeias,
apenas perdeu para a China, destacando a inédita vitória contra o Canadá.
Suíça:
Equipe
jovem, que havia representado o país no campeonato europeu de 2011, fez boas
partidas com jogadas precisas do capitão Michel. Porém, o time acabava se
perdendo na estratégia, colocando muitas pedras dentro aa casa (estratégia que
pode ser uma “faca de dois gumes”, podendo marcar muitos pontos ou ser roubado no
martelo). Sempre jogavam pressionados no último end, algumas vezes com o
relógio quase estourando (isso desequilibra uma equipe), entretanto foram
melhores que os compatriotas que, em casa no ano passado, tiveram o pior
desempenho do país em um bom tempo.
Noruega:
Equipe que esteve acostumada a estar na fase final desde 2010, jogou sem seu
‘’original’’ terceiro jogador (Torger Nergård, que não participou por problemas
pessoais) e neste campeonato mostrou um desempenho abaixo do esperado, ficando
de fora dos Playoffs (sexta colocação, atrás da equipe chinesa). Esperava-se
mais da equipe atual vice-campeã Europeia, levando em consideração que em 2010,
quando Ulsrud não pode jogar, a equipe com Thomas Løvold ganhou a medalha de
prata (mas também Christoffer Svae estava 100%, sem a lesão no braço).
China:
Equipe que amadureceu, claramente visando que irão jogar em casa em 2014, mostrando
mais consistência e melhorando seu desempenho em nível internacional (antes do
mundial, também venceram um torneio canadense, em Grande Praire). Fez boas
partidas diante de grandes equipes e ficou por uma vitória de ir para a fase de
playoffs.
Dinamarca: Ficaram
em sétimo lugar no mundial do ano passado e neste evoluíram bastante, terminando
a fase Round Robin em terceiro lugar.
Com a perda para o Canadá nos Playoffs, foram para a disputa do bronze contra a
Escócia com vontade de vencer, porém perderam por pouco e no geral
surpreenderam muitos com uma bela campanha. Quando a equipe ficou em 2º lugar
no Europeu de 2011, foi uma comoção mundial por terem perdido a vaga para o
mundial de 2012, que este desempenho coroou a confiança do país nesta equipe
para Sochi. A Dinamarca não chegava à fase de Playoffs desde 1990, quando o pai
de Rasmus (Tommy Stjerne, que inclusive deu seu ar da graça em transmissão no
Youtube) tinha conseguido este feito.
Escócia: A
equipe de Tom Brewster já foi duas vezes vice-campeã mundial (2011 e 2012),
porém veio modificada para este mundial, com a adição de David Murdoch como capitão.
Houve uma alternância de posições, somente mantendo Murdoch fixo. Com isso, o
time mostrou um pouco de desentrosamento com alguns momentos de bom desempenho,
ainda assim o grupo terminou em primeiro lugar na fase de grupos. Porém um
desequilíbrio de Brewster na partida contra a Suécia e a mudança de time na
semifinal, fez com que a equipe fosse para a disputa do bronze. Muitos
comentaram como “sofrível” ver Tom e Dave jogando em um mesmo time, que não
seria benéfico para o curling se fossem escolhidos os melhores jogadores para
as competições oficiais. Mas como disse o Marcelo Mello em transmissão, há
tempo ainda para que Sören Gran (que deve
ter ficado com uma pontinha de arrependimento não estar mais na Suécia hehe)
e acertar esta equipe para ganhar alguma medalha em Sochi (mas na opinião da
Ana, o David Murdoch deve procurar uma equipe que se acerte com ele e deixe a
equipe do Tom ao seu passo).
Canadá:
Começaram muito bem o campeonato, porém nas partidas contra a República Tcheca
e Japão, demonstrou o quanto a equipe estava despreparada, inclusive Jacobs
relatou uma estafa
mental depois de tantos jogos. Poderiam ter terminado a fase Round Robin em primeiro, porém perderam
duas partidas seguidas para Dinamarca e Suécia, terminando em quarto. Isto não
abalou a equipe que fez duas pelas partidas na fase dos Playoffs, porém na disputa
pelo campeonato tiveram alguns erros diante de uma Suécia que errava menos e
perderam a partida. Na entrevista depois do jogo percebeu-se a tristeza e
decepção nas palavras de Jacobs que disse que eles jogaram bem a partida, porém
perderam. (Calma, Jacobs é somente seu
primeiro campeonato mundial). Esta equipe mostrou ser solida e no futuro,
com mais experiência internacional, terá um destaque ainda maior. Entretanto há
o questionamento de que, quando Martin, Howard, Stoughton e os outros baluartes
do curling vitorioso do Canadá estiverem gozando da aposentadoria (como o Randy
Ferbey), não teriam equipes à altura deles para substituir com maestria. É
aguardar e ver o que o Canadá vai fazer e reagir.
Suécia:
Equipe que está mais experiente que nos campeonatos passados, os atuais campões
europeus começaram o campeonato tendo muita dificuldade para vencer seus jogos
(há quem diga que foi “salto alto” por terem vencido o Victoria Curling Classic
na semana anterior, onde equipes mundiais participaram, incluso times
canadenses). Porém quando chegaram à última rodada com a possibilidade de
disputar várias partidas de Tiebreak, conseguiram vencer duas partidas
importantes contra Dinamarca e Canadá. Edin no playoff 1-2 incrivelmente chegou
a 100%, mostrando que vinham pra título. Jogaram com excelência na final, para
conseguir o Título que não vinha desde 2004 para a Suécia (no mesmo ano em que
a equipe de Edin foi campeã juvenil). Um campeonato merecido para uma equipe
que mostrou mais solidez e experiência na parte decisiva. A
equipe sueca vinha sempre se destacando desde as olimpíadas de 2010 (só não
disputou o mundial de 2010 por terem perdido o nacional para a equipe do Per
Carlsén) e com o programa de treinamento que é desenvolvido na Suécia, com
certeza se não vencerem em Sochi, chegarão muito perto disso.
Sobre
a transmissão: Como no campeonato feminino, o fato da WCF
disponibilizar os jogos extras e os que não eram transmitidos pelo Sportv, foi
ótimo pro pessoal ligado na web e possibilitou muitos a acompanharem mais de
perto (Inclusive a presidente da WCF Kate Cainthless mencionou a larga
audiência no Brasil). Mas queixas eram constantes, principalmente na fase
final, onde o Sportv não transmitia e a WCF trancava (por exemplo a disputa do
bronze) e também com as gafes dos narradores, que eram constantemente
criticados pelas expressões enfadonhas, nem o Marcelo Mello escapou da língua
ferrenha de alguns espectadores. O nosso blog se isenta destas opiniões, no
entanto concorda que os narradores brasileiros precisam melhorar. Nunca nossos
brasucas chegarão ao estilo Vic Rauter, Linda Moore e Russ Howard da TSN ou aos
outros trios da CBC e do Sportsnet, ou até mesmo ao Armin Harder, Logan Gray e
ao Luke Coley que narraram os jogos na WCF e estão constantemente em outros
streams, até porque são veteranos e estão bebendo na fonte. Mas um dia, temos
esperanças que com o trabalho de formiga que o Marcelo faz, encontraremos nosso
estilo de narração (mas Ana treme em pensar que certas emissoras novatas vão
maltratar o coitado em Sochi).
Olimpíadas:
Os
classificados no masculino para Sochi são Canadá, Grã Bretanha (Escócia), Suécia,
Noruega, China, Dinamarca e Suíça. O pré-olímpico masculino, assim como no
feminino, será em Füssen, Alemanha (de 11 a 15 de dezembro) com as seleções de Estados
Unidos da América, Nova Zelândia, República Tcheca, França, Alemanha, Japão,
Finlândia e Coreia do Sul, que disputarão por duas vagas.
Ufa, terminamos nossa participação no Surto Olímpico. Mas
o curling não parou a temporada, está acontecendo em Fredericton (Canadá) o
campeonato de duplas mistas e o sênior. O de duplas mistas está transmitindo no
canal do YouTube oficial http://www.youtube.com/worldcurlingtv. É bom
conferir, pois participam alguns jogadores que atuam também nas ligas
profissionais, bem como duplas bem conhecidas e uma diversidade maior de países
(sem contar que o Brasil pode livremente participar se tiver equipe pra tal,
todos os países ligados á WCF podem, não há critérios de disputa), além de a
entidade lutar para que a modalidade também se torne olímpica. Convidamos a
assistir.
E claro, agradecer aos mais de 450 seguidores do Twitter
e mais de 70 do Facebook que colaboraram com suas opiniões e nos procuraram com
suas dúvidas. De coração, esperamos que nosso aprendizado ajude no seu. E um
HARD pra todo mundo :)
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