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Coluna Surto Mundo Afora #10

Por Bruno Guedes 
 
Terminou 2017. E com ele a carreira do maior da História. De uma ilha do Caribe, famosa por seus sons embalados pela voz ritmada de Bob Marley, um raio estremeceu o céu do mundo inteiro e agora é só lembrança, como as luzes que deixam no céu a cada vez que toca o solo: Usain Bolt.

Entre milhares de competidores dos jogos estudantis que acontecem anualmente na Jamaica, qualquer um sonha, um dia, se tornar aquilo que Bolt foi. Muito mais que ídolo, símbolo de uma Era. Tricampeão olímpico dos 100m e 200m rasos, o velocista, ao pendurar as sapatilhas, saiu do Hall dos mortais e entrou para os da Lenda.

Usain não é mais aquele grandalhão de 1,96m, que por conta dessa altura tinha sérios problemas com a largada mas ultrapassa todos, até mesmo as expectativas, do meio pro fim. Bolt agora está ao lado de Emil Zatopék, Abebe Bikila, Jesse Owens e muitos outros que fizeram do atletismo o símbolo dos Jogos Olímpicos. Saiu das pistas, entrou pra História.

Na milenar China, de Imperadores e mitos, construiu no Ninho do Pássaro o começo do seu Império, pulverizando recorde, críticas e anonimato. Na Terra da Rainha, quatro anos depois, já reinava soberano e com súditos do mundo inteiro. Mas foi na Cidade Maravilhosa, famosa por suas festas e gente simples, que seu povo finalmente pode reverenciá-lo. Descalço, como um simples sonhador das corridas estudantis, o raio riscou pela última vez. Ou seria marketing, expondo aos olhos do planeta as centenas de marcas que querem seu nome junto ao maior de todos os tempos?

A lembrança que ficará de 2017 será confusa. Sim, porque ainda está tudo misturado em nossas mentes. Seu inconfundível raio com os braços, seu sorriso a cada apresentação, seu jeito de brincar com as câmeras e fiscais, seu carisma que levou milhões de pessoas a torcerem não por sua vitória, mas por estar ali, correndo. Um raio com tanto brilho, de luz tão intensa, que ofuscou as estrelas ao seu lado. Mesmo que tenham procurado criar um conto de fadas a cada corrida, com um vilão injustamente atribuído a Justin Gatlin, sempre vencido pelo super herói jamaicano. Quase sempre...

Quis o destino que, assim como seu nome, o raio terminasse no chão. O semblante de dor e espanto contrastou com a carreira. O corpo vencido pela ação do tempo. Tempo este que é implacável até mesmo com os raios, fazendo com que seus brilhos e intensidades tenham duração limitadas enquanto nós podemos vê-los...

Só que Bolt é atemporal. Suas medalhas o fizeram assim. Quantos milhões o viram assim nesses anos todos. Quantos outros o veem assim como inspiração. E quantos verão a partir de agora. 

Mas acabou. Assim como o ano. E bem como os vencedores das Olimpíadas antigas, os louros da vitória e o status de semi-deuses estão com Usain Bolt. Só que agora ele não estará no Olimpo, ao lado de Zeus. Estará para sempre nos livros de História. E bem como um raio, iluminando a inspiração de muitas gerações.
Fotos: Getty Images/AP

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