Uma lista contendo o nome de 300 atletas russos foi entregue
para as Federações Internacionais pela Agência Mundial Antidopagem (WADA) em
Lausanne, na última semana. A lista foi obtida através do banco de dados do Laboratório
de Moscou e estima-se que todos os atletas presentes nela tenham testado
positivo para doping, ainda que os exames entre abril de 2012 e setembro de
2015 tenham dado negativo para substâncias proibidas.
O diretor de inteligência e investigações da WADA (I &
I), Günter Younger, informou os representantes de mais de 25 Federações
internacionais sobre os nomes dos atletas sob suspeita. A WAda afirma estar
confiante de que novas evidências garantirão que os casos que "já atingiram
um ponto morto" possam ser retomados e novos casos possam ser iniciados
através dessas novas evidências. As evidências também poderão servir para
punição dos atletas. Entre os atletas identificados estão alguns que poderão competir
nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang no próximo ano.
Na ocasião estavam presentes 60 representantes das
federações internacionais de esportes de verão e de inverno, além de
funcionários do Comitê Olímpico Internacional, do Comitê Paralímpico
Internacional (IPC) e de outras organizações antidopagens não especificadas.
A obtenção do último mês da base de dados do Sistema de
Gerenciamento de Informações do Laboratório (LIMS), alcançado sem a cooperação
russa, foi saudada como um grande avanço na investigação em curso sobre doping
institucional e adulteração de amostras pelo maior país do mundo.
Acredita-se que grande parte das evidencias tenham sido fornecidas
pelo ex-diretor do laboratório de Moscou, Grigory Rodchenkov, a principal fonte
de informações no relatório McLaren, uma investigação independente contratada
pela WADA.
Na lista inicial conseguida pela WADA foram encontrados os
nomes de quase 10.000 atletas. Agora a lista foi reduzida a 200 atletas de
elites que disputam competições a nível internacional. "O Departamento de
I & I desde então reconstituiu arduamente o banco de dados, determinou sua
autenticidade, descobriu e analisou seu conteúdo oculto e determinou que
informações valiosas poderiam ser compartilhadas com essas organizações para
complementar seu processo de gerenciamento de resultados, iniciado pelos
resultados do relatório McLaren, investigação independente da WADA”, afirmou a
WADA em um comunicado.
Uma cópia da base de dados contendo as informações das amostras
dos atletas foi entregue para a Comissão Schmid, montada pelo COI, na semana
passada, o que culminou com o veredito da comissão que havia uma
"manipulação sistêmica" do sistema antidopagem em eventos esportivos
disputados no país, incluindo Sochi 2014. Como punição ao país, o COI anunciou
no início do mês que o país não poderá disputara os Jogos de PyeongChang 2018,
e os atletas russos que quiserem competir terão que atuar sob uma bandeira
neutra.
"As Federações Internacionais podem considerar a equipe
I & I da WADA como seu parceiro colaborativo na busca de suas investigações.
Agora é momento para eles acompanharem diligentemente essa nova inteligência. Estaremos
disponíveis para aconselhar e orientar cada Federação no tratamento de seus
respectivos casos", disse Younger após a reunião.
Embora os dados LIMS por si só nem sempre sejam suficientes
para estabelecer uma violação das regras antidoping, esta (o banco de dados do
laboratório de Moscou) é uma evidência muito credível que pode ser usada em
combinação com outras evidências para formar um caso suficientemente forte. Ao
triangular os dados do LIMS com os e-mails da investigação McLaren, declarações
juradas, evidências forenses e o que foi relatado no ADAMS (Anti-Doping
Administration and Management System), os casos que podem ter atingido um ponto
morto podem ser retomados e novos casos podem ser iniciados”, disse a WADA.
Foto: Getty Images
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