Próximo de uma decisão final do Comitê Olímpico
Internacional (COI) sobre a participação russa nos Jogos Olímpicos de Inverno
de PyeongChang 2018, o esquema de doping, que culminou com as suspensões do
país em competições internacionais, perdas de medalhas olímpicas e mundiais,
além da suspensão do laboratório antidopagem do país, volta a ficar no centro
das atenções do universo olímpico. Neste sábado o ministro dos Esportes da
Rússia, Pavel Kolobkov, mais uma vez afirmou que seu país é inocente das
alegações de doping institucionalizado e pediu que o COI não negasse a
oportunidade dos atletas de seu país competirem nos Jogos Olímpicos e
Paralímpicos de Inverno que acontecerão em fevereiro.
A pressão sobre o COI para que medidas fortes sejam tomadas
contra a Rússia aumentou ontem depois que a Agência Mundial Antidoping (WADA)
revelou que obtiveram detalhes de um banco de dados chave que confirmariam as
informações publicadas no relatório McLaren. Kolobkov, no entanto, continua a
manter a posição que a Rússia adotou desde o início do caso, de que seu país
não deveria ser punido como um todo e que cada atleta deveria ser tratado
individualmente.
Um Comitê de Investigação interno implantado na Rússia
encarregado de avaliar evidências de doping patrocinado pelo governo local, afirmou
no início desta semana que não havia nenhuma prova do fato e tentou culpar
apenas o ex-diretor do Laboratório de Moscou, Grigory Rodchenkov. Rodchenkov
fugiu para os Estados Unidos em 2015 e forneceu grande parte das evidências
para os dois relatórios encomendados pela WADA e que foram compilados pelo advogado
canadense Richard McLaren. A Rússia agora tenta a sua extradição dos Estados
Unidos por acusações de abuso de sua autoridade.
"Sempre negamos a existência de um sistema de doping
apoiado pelo Estado e as conclusões tiradas pelo Comitê de Investigação (interno)
confirmam nossa posição e prova que a Rússia é inocente do doping em massa. Eu
acredito que essa evidência será levada em consideração quando as decisões
relativas aos atletas russos forem feitas”, afirmou Kolobkov em entrevista
exclusiva concedida ao site Insidethegames.
Ele disse ver como necessário um julgamento individual,
atleta por atleta, e não um julgamento do país de forma única. “É importante
que haja uma abordagem objetiva individual para cada atleta na audiência de
casos. Todo atleta merece uma investigação justa. A responsabilidade não deve
ser coletiva. Estou confiante de que as provas fornecidas pelo Comitê de
Investigação serão levadas em consideração durante as novas decisões dos
principais tomadores de decisão, a saber, a WADA e o COI, pois são organizações
credíveis que tomam decisões com base nos fatos, e essa investigação mostra que
A Rússia tem sido honesta e cooperativa desde o início", afirmou o
ministro.
O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que a crise de
doping está sendo utilizada pelos Estados unidos para tirar vantagem na eleição
russa que acontece no próximo ano, onde ele tentará a reeleição. Os Estados
Unidos é um dos países que querem o banimento total do país dos Jogos de
PyeongChang 2018. "O COI está em uma posição difícil. Eles são fortemente
influenciados por certos estados e organizações que solicitam punição coletiva
pelas ações de indivíduos. Estou confiante de que o COI não será influenciado
por isso, e esta organização credível será capaz de suportar e manter uma falta
de preconceito no caso de cada atleta. Os atletas e o Movimento Olímpico são o
que realmente importa para o COI. Estou confiante de que eles continuarão a
realizar uma investigação completa dos fatos”, disse o ministro.
O ministro voltou a cobrar do COI um julgamento individualizado
e disse confiar na isenção da entidade mundial. "Com menos de 100 dias
para o início dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang 2018, é injusto
colocar atletas limpos nesta posição de incerteza. Esses atletas dedicaram toda
sua vida a perseguir o sonho de ganhar ouro olímpico. As autoridades russas
relevantes forneceram à WADA e ao COI todas as informações necessárias e até
mesmo complementares, onde explicamos nossa visão sobre esta situação e nossa
atitude em relação às informações apresentadas no Relatório McLaren. Nós acreditamos
que uma organização profissional e altamente respeitada, como o COI, avaliará
todas as evidências e chegará à conclusão de que não havia um programa apoiado
pelo Estado e que as ações de certos indivíduos não deveriam resultar na
punição de um coletivo", afirmou Legkov.
O COI estabeleceu duas Comissões lideradas pelo membro do
Conselho Executivo, Denis Oswald, e pelo ex-presidente suíço Samuel Schmid, que
estão investigando as alegações de doping contra a Rússia. Até agora a Comissão
Oswald chegou a seis esquiadores de cross-country, incluindo os medalhistas de
ouro e prata de Sochi 2014, Alexander Legkov e Maxim Vylegzhanin, culpados de
estarem envolvidos em um esquema onde suas amostras de urina foram adulteradas,
evitando assim de serem descobertos nos exames de doping.
Eles tiveram suas medalhas de Sochi caçadas e foram banidos de
participarem de futuras Olimpíadas. Legkov e Vylegzhanin já afirmaram que
pretendem recorrer através da Corte Arbitral do Esporte (CAS).
Mais detalhes sobre as novas evidências que a WADA pode ter
descoberto após a obtenção do banco de dados eletrônico devem ser revelados na
reunião da Diretoria Executiva Diretoria de Fundação, em Seul, na próxima
quarta-feira e quinta-feira, 15 e 16 de novembro.
Foto: Getty Images
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