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Dirigente esportivo da Rússia afirma que delator do esquema de doping do país deveria ser executado

Desde que Grigory Rodchenkov, que comandava o laboratório antidopagem da Rússia, denunciou o esquema de doping sistemático patrocinado pelo governo do país ele se tornou uma pessoa no grata na Rússia, para muitos o inimigo número um. Alvo de revolta de vários dirigentes esportivos e do governo russo, que estuda até pedir sua extradição dos Estados Unidos, Rodchenkov é considerado um traidor de seu país. Esta semana foi dada mais uma prova de que o ex-diretor do laboratório não é bem-vindo em seu país natal. Um alto funcionário do Comitê Olímpico russo afirmou que o delator deveria ser executado como punição.

Leonid Tyagachev, que foi chefe do Comitê Olímpico da Rússia de 2001 a 2010, e continua sendo seu presidente de honra, fez as observações sobre Rodchenkov durante uma entrevista para uma estação de rádio russa. Ele afirmou que o delator deveria ser executado. "Rodchenkov deveria ser baleado por mentir, como Stalin teria feito", afirmou.

Rodchenkov foi chefe do laboratório antidoping de Moscou entre 2005 e 2015 e se tornou um dos personagens centrais na luta contra o doping da Agência Mundial Antidopagem (WADA) quando no ano passado, depois de fugir para os EUA, afirmou ter ajudado dezenas de atletas russos em um sistema de doping patrocinado pelo estado. Ele manipulava coquetéis de drogas proibidas dissolvidas em uísque ou vermute para os atletas do país.

Rodchenkov afirmou que agentes dos serviços de segurança da Rússia ajudaram os especialistas antidoping locais a trocarem amostras de urina contaminadas por amostras limpas, tendo encontrado uma maneira de fraudar os frascos que armazenam as amostras, que são projetadas para serem invioláveis. As revelações de Rodchenkov mancharam e botaram em xeque a performance da Rússia em suas Olimpíadas de inverno disputadas em casa, onde o país terminou na liderança do quadro de medalhas com 33 no total, incluindo 13 douradas.

Duas investigações encomendadas pela WADA revelaram o doping generalizado no país e o Comitê Olímpico Internacional (COI) decidirá no próximo mês se os atletas russos poderão competir nos Jogos de Inverno de PyeongChang 2018, na Coréia do Sul. Informações recentes apontam que Rodchenkov teria fornecido evidências adicionais aos pesquisadores sobre a natureza do programa de doping.

No início desta semana a WADA afirmou que ainda não irá devolver o credenciamento da Agência Antidopagem da Rússia (RUSADA), já que o país ainda não cumpriu as demandas exigidas pelo órgão, incluindo a confissão do esquema.

De forma paralela, as autoridades russas abriram uma investigação contra Rodchenkov e o descreveram como uma figura desonesta, e que não faria parte do programa estatal. Na semana passada um canal de televisão russo falou com dois atletas locais que admitiram tomar substâncias proibidas entregues por Rodchenkov, mas o relatório tratou Rodchenkov como um inconformista fora de controle.

Dirigentes russos, incluindo o presidente Vladimir Putin, fizeram declarações semelhantes, admitindo problemas com o doping, mas negando um programa de dopagem patrocinado pelo Estado. O porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, chamou as alegações de Rodchenkov de "calúnia por um vira-casacas".
Tygachev disse que o esporte russo provou que está limpo e que, se o COI fizesse demandas irreais, a Rússia simplesmente boicotaria as Olimpíadas. "Somos um país suficientemente forte e mostramos ao mundo o quão grande estamos no esporte. Tudo mostra que somos pessoas decentes no caminho certo e se as pessoas tentam nos ofender injustamente, não precisamos deles e não precisamos de suas Olimpíadas. Não vamos implorar de joelhos ", afirmou o dirigente.


As declarações de Tygachev de que Rodchenkov deveria ser executado traz à luz dois casos de mortes envolvendo dirigentes do antidoping da Rússia, que morreram de forma misteriosa. O ex-diretor executivo da agência antidopagem russa, Nikita Kamayev, morreu em fevereiro passado devido a um aparente ataque cardíaco. Ele tinha 52 anos e não se queixava de problemas cardíacos. Ele teria entrado em contato com um jornalista pouco antes de sua morte se oferecendo para falar sobre o doping do país. Já Vyacheslav Sinev, diretor geral da agência entre 2008 e 2010, morreu por causas desconhecidas no mesmo mês.

Foto: Stanilav Krasilnikov/TASS


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