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Coluna Surto Mundo Afora #4

 Por Bruno Guedes
Na última sexta-feira, dia 6 de outubro, a Argentina e os seus atletas celebraram a contagem regressiva de um ano para os Jogos Olímpicos da Juventude Buenos Aires 2018. O evento, que estreou no calendário internacional em 2010, em Singapura, é uma espécie de "categoria de base" das Olimpíadas de Verão e acontecem sempre dois anos após as mesmas. Porém, para os argentinos, será um teste fundamental para que os nossos vizinhos consigam mostrar ao mundo que podem sediar algo maior. E duas entidades estão na mira desta demonstração: Comitê Olímpico Internacional (COI) e FIFA.

Antes da última rodada das Eliminatórias 2018, no dia 4, os presidentes da Argentina, Mauricio Macri, do Paraguai, Horacio Cartes, e do Uruguai, Tabaré Vázquez, se reuniram com o da Fifa, Gianni Infantino, para apresentar uma candidatura conjunta dos três países para sediar a Copa do Mundo de 2030. Porém a estratégia, pelo menos do lado sul do Rio da Prata, é consolidar a sua relevância para receber grandes eventos esportivos deste porte. A ideia é que os Jogos da Juventude que acontecerão entre 6 e 18 de outubro do próximo ano, se bem realizados, sirvam como uma espécie de "trampolim" para oficializarem o torneio de futebol e ser principal postulante a sede das Olimpíadas 2032. Para isso, nossos hermanos pegam como exemplo o Brasil.

Assim como o Rio de Janeiro, Buenos Aires concorreu para sediar os Jogos de 2004 mas não ganhou. Entretanto, em 2007 o Rio recebeu o Panamericano com muito sucesso e no mesmo ano o país foi confirmado como anfitrião da Copa do Mundo de 2014. Dois anos depois foi a vez de trazer os primeiros Jogos Olímpicos para a América do Sul, estes que agora estão sendo investigados por compra de votos na eleição de 2009. De acordo com os argentinos, o bom desempenho do Pan, a escolha para organização e a proximidade na preparação da Copa, foram fundamentais para o sucesso brasileiro. Um pensamento que eles querem repetir. 

Para a FIFA, entidade máxima do futebol mundial, a rotatividade na escolha dos países sede pode ser um trunfo importante para a tríplice candidatura. Além disso, a data marcaria os 100 anos da primeira Copa do Mundo, o que poderia ser outro aliado. A confirmação ou não, porém, só virá às vésperas de 2022. Este tempo seria vital para que a Argentina pudesse viabilizar a sua aspiração olímpica, que só seria escolhida no ano seguinte. Por ora, apenas a cidade portenha manifestou interesse em 2032.

Segundo o presidente do Comitê Olímpico Argentino, Gerardo Werthein, "o COI vê a Argentina com bons olhos", disse em entrevista a jornalistas na última semana. O presidente do COI, Tomas Bach teve um encontro, em abril deste ano com Mauricio Macri. Apesar da discussão ter sido sobre os Jogos Olímpicos da Juventude 2018, àquela altura o chefe máximo da entidade chegou a elogiar a candidatura de 2004, lembrando da ocasião com otimismo na visão dos argentinos: "Sei do que falo, porque fui presidente da comissão avaliadora da candidatura de Buenos Aires 2004 e vi um grandioso projetos naqueles tempos. Mas que eram complexos no campo político", declarou ao jornal La Nacion à época.

Vale lembrar, entretanto, que em 2008 o mundo foi sacudido por uma terrível crise. Diversos países europeus foram à beira da falência e tiveram que recorrer à ajuda internacional. O Brasil, país que ainda não tinha sofrido com a bolha econômica causada pelo estímulo do seu mercado, acabou sendo uma "aldeia de salvação. E poucos candidatos se interessaram em desprender dinheiro de áreas básicas para custear um evento como as Olimpíadas. Um ano antes delas, uma profunda depressão política e econômica abateu o país e jogou a opinião pública contra a escolha. A Argentina vive um momento de reestruturação econômica após um período enorme de recessão. 
E são estas esferas de infraestrutura e planejamento que preocupam na possível candidatura. O principal questionamento dos que são contra é sobre a as cifras que giram em torno de uma organização deste tamanho. Neven Ilic, presidente da ODEPA, a Organização Desportiva Pan-Americana, enxerga com "entusiasmo a possibilidade dos sulamericanos". O dirigente chileno disse não crer que o exemplo negativo da Rio 2016 pese sobre os argentinos. Para Neven, "quando foram escolhidos os Jogos de 2016 a realidade política e econômica era uma e, durante eles, outra", afirmou após coletiva em Lima, no Peru, sede do Pan de 2019.

Na Argentina ainda tratam como apenas um sonho. De acordo com o correspondente da Globo News em Buenos Aires, Ariel Palácios, o debate ainda não tem muito de concreto no país por enquanto. Em rápida conversa com a coluna, o jornalista contou que ainda é um assunto "meio nas nuvens" pelos lados de lá. Soledad Escudero, de 14 anos e praticante de hóquei na grama, é uma das que podem sonhar em jogar as Olimpíadas em casa. Porém também diz que há pouca discussão ainda sobre o tema até mesmo entre os atletas: "Seria lindo poder competir dentro do meu país, mas não sei até onde isso pode de fato acontecer. O que escutamos, por aqui, é que há uma vontade. Torço para se realizar", finaliza esperançosa a jovem atleta, filha de uma geração que espera ser parte da História Olímpica.
Fotos: COI

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