O Comitê Olímpico Internacional (COI) vem passando por uma
série de turbulências provocada por casos de corrupção envolvendo alguns de
seus membros nos últimos meses. O último escândalo veio do Brasil, com a
suposta compra de votos para que o Rio de Janeiro pudesse ser eleita como
cidade sede dos Jogos Olímpicos de 2016. As investigações, que estão em
prosseguimento no Brasil, culminaram com a prisão de Carlos Arthur Nuzman,
presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do comitê organizador Rio
2016, acusado de ser o mentor das transações. Tentando evitar novos casos de
corrupção, o COI está obrigando que os seus membros se inscrevam em um novo
conjunto de "princípios éticos" que regem seu comportamento em
questões como conflitos de interesses, aceitação de presentes e uso de
ingressos para os Jogos Olímpicos.
As novas regras, que são muito mais detalhadas do que as
anteriormente publicadas no Código de Ética da entidade, foram introduzidas em
um momento em que há investigações sobre possíveis compras de votos em campanhas
de candidaturas para sucessivas edições dos Jogos Olímpicos. Lembretes estão
sendo enviados aos membros do COI para assinar o novo documento que contém 27
páginas. O documento deve estar preenchido no início das reuniões da Comissão
do COI, que ocorrerá em Lausanne em 5 de novembro. É obrigatório que todos os
membros assinem.
O presidente do COI, Thomas Bach, também defendeu mudanças
nos procedimentos de ética. Para Bach, essas mudanças devem ser discutidas logo
na sequência do processo de implementação da Agenda 2020, que visa a redução de
custos na realização dos Jogos. Ele não
indicou se o COI planeja implementar mais reformas abrangentes que foram
recomendadas depois de uma revisão independente de boa governança publicada por
uma escola de negócios da Suíça em julho.
Nuzman foi oficialmente acusado pelo Ministério Público
Federal de corrupção, evasão fiscal, lavagem de dinheiro e de liderar uma
organização criminosa que teve conexão com a candidatura bem-sucedida da cidade
carioca em 2009 para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. Nuzman é
suspeito de ser o principal vínculo entre Arthur Cesar de Menezes Soares Filho,
um empresário apelidado de "Rei Arthur", e o ex-presidente da
Federação Internacional de Atletismo (IAAF), o senegalês Lamine Diack, um dos membros
africanos mais influente do COI.
De acordo com as investigações, Nuzman teria fornecido pelo
menos 1,5 milhão de dólares através de uma empresa criada pelo filho de Diack,
Papa Massata, para ajudar na troca por votos dos membros africanos em apoio ao
Rio 2016. Essas novas regras são mais estritas para os procedimentos das
cidades candidatas, constituindo uma parte fundamental do novo documento que
foi assinado pela ex-presidente da Comissão de Ética do COI, Youssoupha Ndiaye,
em vez de seu sucessor recentemente nomeado, o ex-secretário-geral das Nações
Unidas, Ban Ki-moon.
Foto: AP
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