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Coluna Lógos Olympikus - A Preparação para os próximos Jogos Olímpicos

Por Juvenal Dias

A Olimpíada é o maior evento esportivo da face da Terra. Ok, todo mundo já sabe. Mas para que este acontecimento seja realizado de maneira bem sucedida um aspecto é imprescindível: preparação. Muita gente é envolvida, muitos profissionais que trabalham duro, não são apenas os quase onze mil esportistas que estão lá para fazer o seu melhor. A cidade que irá receber se mobiliza muito tempo antes, haja vista Los Angeles que terá mais de uma década para se preparar, algo inédito na história dos Jogos. Dirigentes, patrocinadores, jornalistas, árbitros sem contar aqueles que deixam tudo pronto antes, que constroem as instalações.

Outro aspecto a ser preparado são as modalidades que farão parte do programa olímpico. Para Tóquio já foi anunciado a inclusão de cinco modalidades, Beisebol/Softbol, Caratê, Escalada, Skate e Surfe. Para Paris e Los Angeles outros esportes querem ser incluídos. A questão é que para isso precisa-se de lugares de treinamento e competição. No caso japonês, são instalações completamente diferentes dos locais das “modalidades tradicionais”. Tudo bem que estádio de beisebol não falta na terra do sol nascente e caratê deva ser na mesma arena de judô, taekwondô ou luta olímpica. Mas as diversas vertentes de Skate precisam de um lugar próprio, as paredes de escalada não sei se seria aproveitável um local de boxe ou levantamento de peso, por exemplo, sem contar o surfe. A capital japonesa não tem praias, o local mais provável será Chiba, cerca de 40 km da sede, ou seja terá que deslocar pessoas, construir arquibancadas, oferecer hotéis. Tradicionalmente sabemos que o Japão é um exemplo de organização e cumpre com prazos, até por questão de honra própria. Mas tudo isso demanda um custo, que tem se tornado cada vez maior e menos atrativo.

Tóquio, Paris e Los Angeles são cidades financeiramente fortes, acostumadas a receber eventos esportivos importantes, por isso já possuem algumas estruturas que certamente serão utilizadas, mesmo para esportes como o golfe ou rúgbi, que são muito especificas, ou para outros como Squash e Boliche, que pleiteiam o status de olímpicos. Mas é difícil fechar as contas com tantas possibilidades. Particularmente, gostaria de ver futsal, futebol de areia, handebol de areia, wakeboard, kung fu e tantas outras modalidades fazendo parte desta grande festa, no entanto isso seria inviável, pensando em locomoção, ingressos, possibilidade de esvaziar outras modalidades e até para o público acompanhar, seja pela televisão ou in loco. Lembro de todo o planejamento que fiz para ver o máximo de esportes diferentes no Rio, como foi trabalhoso para comprar ingressos que fossem baratos e ao mesmo tempo contemplasse a vontade de ver grandes esportistas sem que perdesse um acontecimento por estar em outro.

Não tenho noção de como outros profissionais se preparam para os Jogos, posso falar como jornalista que fez parte da cobertura do Rio e que pretende fazer parte de muitas outras edições nos locais onde forem realizados. Já acompanhava esportes olímpicos antes, por paixão, depois por ofício. Desde que se tornou uma realidade o sonho de estar presente a uma Olimpíada, fico ainda mais atento a todo o movimento olímpico, novidades de competições e regulamentos, resultados relevantes de brasileiros em campeonatos mundiais, casos de doping, entender regras das “novas modalidades”, quem pode se destacar, quais atletas são favoritos. No surfe, por exemplo, o Brasil teve excelente desempenho na etapa de Trestles, Califórnia (local que inclusive pode servir para competição, caso a modalidade seja mantida até 2028), com vitória de Silvana Lima e Filipe Toledo. Hoje isso significaria dois ouros para a conta brasileira. Óbvio que é só uma conjectura, mas é um exemplo do que é preciso estar atento sendo um jornalista. Outra vertente que essa profissão exige é entender das diversas culturas por onde o esporte se encaminha e para isso, nada melhor que aprender a língua nativa. Acredito que é fundamental, até para a carreira jornalística como um todo, comunicar-se minimamente com as pessoas através de sua língua local, inclusive para descobrir personagens que possam trazer histórias relevantes a seu público. Não sei se estarei efetivamente em Tóquio, se estarei trabalhando em um local que possibilite me mandar para o outro lado do mundo, mas estou me preparando, toda terça e quinta-feira pego minha mala, minhas anotações e vou para aula, aprender algo diferente, entender sobre costumes e idioma diferentes. No mínimo, é um pouco mais de cultura adquirida. É parte da preparação.

Assim me despeço, “おやすみなさい, すぐに会いましょう。” Calma, está escrito “Oyasuminasai, sugu ni aimashoo” que quer dizer: “Boa noite, até breve”.


foto: Divulgação

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