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Ciclismo britânico investiga homem que supostamente administrava doping nos Estados Unidos

A British Cycling, entidade que gere o ciclismo na Grã-Bretanha, abriu uma investigação para apurar alegações de que um senhor que supostamente injetou esteroides em adolescentes americanos sem o conhecimento e consentimento dos mesmos, estaria trabalhando com jovens talentos do ciclismo britânico.

Angus Fraser é acusado de administrar drogas para o aumento de desempenho de jovens ciclistas dos Estados Unidos na década de 90, sem o conhecimento e consentimento dos mesmos. O caso foi resolvido fora dos tribunais americanos. Fraser também teria repetido o procedimento de injetar substâncias desconhecidas em pilotos da equipe britânica ANC-Halfords, ainda na década de 80.

O jornal britânico The Guardian apurou que Fraser tentou mudar seu nome para Kris Tolmie. Ele conseguiu credenciamento para eventos de ciclismo como “ajudante”, categoria que geralmente é reservada para mecânicos e soigneurs, para participar do London Six Day (evento anual do ciclismo de pista), em 2015. Acredita-se que ele estava trabalhando com a equipe Revolutions Racing, sediada em Shrewsbury. No evento realizado na pista do velódromo olímpico, o homem foi visto no centro da pista com o lendário Mark Cavendish, além de outros dois jovens ciclistas dinamarqueses. Já no Gent Six Day de 2016 ele foi fotografado em uma cama de massagem ao lado do jovem piloto Chris Lawless, de apenas 22 anos, que é fruto do programa de desenvolvimento do ciclismo britânico e que atualmente compete pela equipe Axeon-Hagens Berman.

Não existe evidências de que Fraser ou qualquer piloto britânico tenham se utilizado de substâncias proibidas ou que tenham burlado de qualquer regra antidopagem, entretanto, a Britsh Cycling admitiu que ter uma pessoa com a reputação de Fraser exposta a jovens pilotos é preocupante.  Um porta-voz da entidade afirmou que o caso vem sendo analisado e que os órgãos competentes foram avisados sobre a situação. "Assim que este assunto foi levado para a nossa atenção, contatamos o clube e, em seguida, as autoridades relevantes, a Agência Antidopagem da Grã-Bretanha (UKAD) e a Unidade de Proteção à Criança da NSPCC. Não há absolutamente nenhum lugar no nosso esporte para o doping ou para aqueles que se aproveitam de pessoas vulneráveis. Estamos trabalhando para estabelecer os fatos e estamos prontos para tomar rapidamente qualquer ação apropriada ", disse.

Stephen Swart, um ciclista da Nova Zelândia que competiu pela equipe britânica ANC-Halfords na década de 80, disse em seu livro Seven Deadly Sins, que relata o uso de drogas e técnicas proibidas por Lance Armstrong, que que todos os ciclistas da equipe tiveram substâncias desconhecidas injetadas em seus corpos por Fraser. "Nós tínhamos uma confiança completa nesse cara porque achamos que ele sabia o que estava fazendo. Como se você fosse ao médico quando está doente, você tem confiança nele. Você acha que não pode ser muito ruim, já que não testava positivo (para doping). E eu não era um ciclista suficientemente grande para ter o direito de fazer perguntas”, afirma Swart.

No ano de 2006 a USA Cycling, que gere o ciclismo nos Estados Unidos, teria pago a dois ciclistas da categoria júnior, Greg Strock e Erich Kaiter, cerca de 250 mil dólares para resolverem fora dos tribunais alegações feitas por eles de que Fraser, juntamente com o seu treinador, René Wenzel, administraram drogas que melhoravam o desempenho dos atletas sem o seu conhecimento. Eles alegaram que Fraser e Wenzel injetaram várias substâncias proibidas nos ciclistas, como cortisona e outros esteroides, além de oferecer anfetaminas e outras drogas em várias ocasiões durante a temporada de 1990.

Anos mais tarde, tanto Strock como Kaiter foram diagnosticados com a doença de Crohn, que afeta o gastrointestinal. Eles afirmam que o a combinação de drogas que foi ministrada aos dois teriam baixado a imunidade do sistema imunológico e mascarado uma doença que poderia ter sido facilmente tratada no início.


Até o momento a USADA, a UKAD e a CPSU informaram para a Brith Cycling que não possuem nenhuma informação sobre Fraser e que não encontraram evidências que ele trabalhasse na capacitação de jovens talentos para a equipe britânica. As investigações seguem em andamento.

Foto: Alamy Stock Photo


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