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SurtoRetrô do Rio 2016 - 12 de Agosto

Uma semana de Jogos. Tudo havia passado muito rápido, quase metade daqueles dias incríveis que o Rio vivia já haviam acontecido. E muito mais ainda ia acontecer, afinal, esta sexta-feira marcava o inicio do atletismo, modalidade mais tradicional dos Jogos e junto com ela, a ansiedade enorme do mundo inteiro para ver Usain Bolt. O sétimo dia olímpico nos presenteou ainda com mais uma medalha, novamente com o bom e velho judô.


Sexta-Feira, 12 de Agosto de 2016.

Nos tatames da Arena Carioca II estavam depositadas grandes expectativas de medalhas para o Brasil nesses Jogos Olímpicos, principalmente, pois se tratava de uma modalidade que trazia medalhas para nós desde Los Angeles-84. Com um ouro de Rafaela Silva e um bronze de Mayra Aguiar, faltava uma medalha para o judô masculino do Brasil que não queria passar em branco pela primeira vez em 32 anos. O sul-matogrossense Rafael Silva judoca peso pesado de 2m03 de altura e 165 quilos, conseguiu muito bem suportar a pressão de ser o último judoca masculino do Brasil e lutou bravamente em busca de sua segunda medalha de bronze olímpica. Lutando muito bem, perdeu apenas para o francês Teddy Riner nas quartas de final, voltou na repescagem vencendo o holandês Roy Meyer e posteriormente o uzbeque Abdullo Tangriev na disputa do bronze, repetindo seu resultado de Londres-12 e conquistando a quarta medalha brasileira nos Jogos do Rio. Teddy Riner, algoz do brasileiro, possui uma das maiores hegemonias do esporte mundial, sendo sua última derrota na categoria +100 kg na semi-final de Pequim 2008. De lá pra cá, seis ouros em campeonatos mundiais e dois ouros olímpicos, incluíndo o do Rio.

Como já dissemos, o atletismo iniciava sua participação nos Jogos Olímpicos do Rio, e já com recorde mundial na primeira final de pista. Almaz Ayana da Etiópia venceu os 10.000 metros com o tempo de 29m17s45, nova melhor marca da história superando e muito o tempo da sua compatriota Tirunesh Dibaba de 29m54s66. Outras duas finais no atletismo aconteceram nesse dia, com ótimas participações brasileiras. Na final da marcha atlética de 20 km, vitória do chinês Zheng Wang, com o brasileiro Caio Bonfim em quarto lugar a menos de 4 segundos do bronze. Já na final do arremesso de peso feminino, ouro para os Estados Unidos com Michelle Carter, superando a favorita neozelandesa Valerie Adams. A brasileira Geisa Arcanjo terminou em nono lugar.

Se o atletismo estava começando, a natação estava terminando. E como já é de tradição, o penúltimo dia de disputas teve muita história incrível para contar, uma delas obviamente envolvendo Michael Phelps, que desta vez não venceu. Na final dos 100 metros borboleta, o jovem Joseph Schooling bateu na frente em uma prova disputadíssima conquistando o primeiro ouro da história de Cingapura, um pequeno país no sudeste asiático, deixando Phelps em segundo num raríssimo triplo empate pela medalha de prata junto com Lazlo Cseh da Hungria e Chad Le Clos da África do Sul. O mais legal de tudo é que Joseph sempre foi muito fã de Phelps, guardando sempre consigo uma foto que tirou com o nadador americano durante os Jogos de Pequim-08, quando era apenas um fã do esporte com sonhos olímpicos,acompanhando os feitos históricos de Phelps nas piscinas do Cubo D'água.


Outros três grandes feitos envolveram americanos naquela noite. Na final dos 50 metros nado livre, prova que não tinha César Cielo e que contava com o excelente Bruno Fratus voltando de lesão, o ouro ficou em uma disputa emocionante entre americanos e franceses. A medalha dourada foi para Anthony Ervin, nadador de 35 anos, que se tornava o campeão olímpico individual mais velho da história da natação. Ervin, conquistava o bicampeonato na prova que havia vencido em Sydney 2000 com 19 anos. Dentre todos esses 16 anos que separaram um ouro de outro, o atleta enfrentou problemas com drogas, alcoolismo, depressão e tentativas de suicídio até reencontrar o amor pelo esporte e usa-lo na sua reabilitação. O ouro de Anthony no Rio é mais uma prova do esporte que todos podemos recomeçar e superar dias ruins. Bruno Fratus terminou em sexto lugar e a natação brasileira continuava sem medalhas. Nos 800 livre feminino o monstro Katie Ledecky destruia seu recorde mundial na prova dos 800 metros nado livre marcando o tempo de 8m04s79, marca inacreditável principalmente se compararmos com o tempo de Jasmin Carlin da Grã Bretanha, vice com 8m16s86.

O outro ouro do dia também veio para os Estados Unidos, com Maya Dirado batendo a dama de ferro Katinka Hosszú na final dos 200 metros costas, resultado que emocionou demais a americana com seu primeiro ouro individual.

Na final das duplas masculinas de tênis, o ex-número 1 do mundo e um dos maiores tenistas de todos os tempos, Rafael Nadal, conquistou o ouro para a Espanha junto com seu parceiro e amigo de infância Marc López. A vitória foi contra a dupla romena Horia Tecau e Florin Mergea. Nadal, dono de títulos em todos os torneios Grand Slam, chorou e vibrou muito com a medalha de ouro, a segunda na sua carreira, já que também o ouro olímpico do torneio de simples em Pequim-08

No tiro esportivo, categoria skeet feminino, a americana Kim Rhode entrou para a história ao se tornar a primeira mulher a conquistar seis medalhas olímpicas em seis edições consecutivas. Ouro em Atlanta-96, Atenas-04 e Londres-12, prata em Pequim-08 e bronze em Sydney-00 e Rio-16.

A seleção brasileira de handebol venceu o carismático time de Angola por 28 x 24 e garantiu vaga nas quartas de final. A seleção feminina de futebol avançou para a semi do torneio de futebol feminino. Após empatar em 0 x 0 a partida foi decidida em uma emocionante disputa de pênaltis por 7 x 6 para as brasileiras. Ainda no futebol feminino, eliminação das americanas favoritas e tricampeãs olímpicas do torneio, o time de Hope Solo perdeu para a Suécia nos pênaltis (4 x 3) .No pólo aquático masculino, primeira derrota da equipe por 9 x 4 para a Grécia. Vitórias também das duplas femininas de vôlei de praia, Larissa/ Thalita e Agatha/Bárbara venceram respectivamente duplas da China e Alemanha.

Outra grande notícia do dia veio com o baiano Robson Conceição no boxe que, ao vencer a luta de quartas de final Hashid Tojibaev, avançou para a semifinal do torneio e garantiu no mínimo a medalha de bronze.

O Surto Olímpico tem a honra de receber hoje o depoimento de Tiago Maranhão, repórter e apresentador dos Canais SporTV, que conta para nós como foi aquele sétimo dia de disputas olímpicas pra ele, especialmente com a estréia do atletismo, um de seus esportes favoritos.

Por Tiago Maranhão

Era o melhor parque de diversões do mundo. Minha Disney. E o melhor, eu tinha um passe livre pra curtir todas as atrações.

Um gigantesco circo que chegou na cidade com dia pra ir embora. E quando esse carnaval terminasse, só reapareceria quatro anos depois. Em outra parte do mundo. Eu sabia bem disso, já tinha vivido essa experiência outras vezes, sempre longe de casa, então iria aproveitar cada minuto. E fiz isso.

Dividia meu dia basicamente entre o Estádio Olímpico e o Parque Olímpico. Nesse 12 de agosto, acordei cedo e segui para o Engenhão, vi de pé a flutuante etíope Almaz Ayana quebrar o recorde mundial dos 10.000m, era o último dia do heptatlo feminino, das super mulheres como Jess Ennis-Hill. 

O Atletismo é, de longe, o esporte que mais gosto de acompanhar profissionalmente. Tenho verdadeiro fascínio, em particular, pelas provas de pista.

Depois das sessões da manhã do atletismo, eu pegava o ônibus da imprensa e passava minhas horas livres no parque olímpico. Com um pouco de sorte, conseguia ver um bom jogo de basquete. Assisti a partidas do Brasil, dos Estados Unidos, Espanha, Servia.

Rodava pelo parque pra ver as atrações preparadas pelos patrocinadores, encontrar amigos e colegas da imprensa. Nosso ponto de encontro favorito era o estádio aquático. Eu sempre dava uma passada na cabine do Sportv pra dar um abraço no Milton Leite e no coach Pussieldi, depois tentava garantir um lugar no espaço sempre lotado dos jornalistas.

Todo mundo torcia. Torcia pelas zebras, torcia pelos favoritos. Torcia pelos brasileiros e pelos países com as torcidas mais simpáticas. Os japoneses com gritos agudos e bem ensaiados. Os holandeses ruidosos e sorridentes, os italianos por afinidade cultural.

E a gente se deslumbrava e aplaudia os fenômenos. Nesse dia, fizemos barulho pra húngara Katinka Hosszu e os americanos Michael Phelps e Katie Ledecky, super astros dos Jogos.

Daqui a pouco eles iriam embora. E tudo bem, porque os jogos estavam só na metade, ainda tinha muito Bolt, Mo Farah e Thiago Braz pela frente. Que saudade!


Fotos: Agência Reuters


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