A tenista Sara Errani culpou o medicamento de sua mãe para o
tratamento de câncer, pelo resultado positivo em seu exame antidoping. De
acordo com Errani, uma contaminação cruzada da substância letrozol, presente em
um medicamento para o tratamento do câncer de mama de sua mãe, teria ocorrido e
assim a substância, em uma quantidade não muito grande, teria entrado em seu
organismo.
Sara Errani, número 98 do mundo, deve pegar um gancho de
dois meses como punição pelo exame positivo, mas servindo como um alerta para a
atleta. Um painel julgou que Sara não teria tido a intenção direta de se dopar,
e a Federação internacional de Tênis (ITF) também concluiu que a violação da
tenista não foi intencional. Entretanto, como todo atleta é responsável por
aquilo que entra em seu corpo, Sara teve uma suspensão de dois meses aplicada e
todos os seus resultados obtidos entre 16 de fevereiro e 7 de junho foram
suspensos, ainda que não tenha tido grande destaque no período. Seus melhores
resultados neste intervalo foi uma semifinal de um torneio no Marrocos e a
segunda rodada de Roland Garros. Com a suspensão, a italiana não poderá
disputar a edição deste ano do US Open, onde já faturou um título de duplas e
chegou nas semifinais do torneio de simples de 2012.
A substância encontrada no organismo de Errani se enquadra
na seção de moduladores hormonais e metabólicos da lista de substâncias proibidas
da Agência Mundial Antidoping (WADA). Por meio de uma carta divulgada em suas
redes sociais, Sara Errani se diz inocente e se mostra triste com o resultado
positivo. “Nunca tomei, na minha vida e durante a minha carreira, qualquer
substância proibida. Estou extremamente decepcionada, mas ao mesmo tempo em paz
com a minha consciência, e consciente de que não fiz nada de errado”, afirma a
tenista.
O medicamento para o tratamento do câncer de sua mãe em que
a substância foi encontrada é o Femara. Errani e outros membros de sua família
acabaram sendo submetidos a testes para descobrirem como o letrozol acabou
entrando em seu organismo. Ela afirma que a contaminação cruzada provavelmente
veio através da manipulação de alimentos onde antes estiveram comprimidos do
medicamento de sua mãe. Segundo ela, essa seria a única opção possível, já que
nunca tomou uma das pílulas por engano e a quantidade pequena em seu organismo
comprovaria isso. "A única opção viável foi que uma contaminação acidental
de alimentos ocorreu em algum momento na casa" assegurou.
Em uma audiência feita pela ITF com Errani, a mãe da
ex-número cinco do ranking mundial esteve presente. Ela admitiu para as
autoridades que teria deixado cair as pílulas da cartela por acidente no chão
ou na bancada em que as refeições são preparadas. “Ela explicou como em ocasiões,
acidentalmente, empurrou dois comprimidos para fora (da cartela) além do
necessário. (...) que essas pílulas eram dispensadas nas proximidades de onde a
comida seria e, de fato, era preparada, criando um risco óbvio de
contaminação", apontam os registros da audiência.
Assim, mãe filha participaram de testes para comprovarem se
os alimentos poderiam incorporar a substância. Durante os testes o letrozol foi
absorvido pela mistura de carne utilizada em um tortellini (pastéis de massa de
farinha de trigo e ovo, recheados com mistura de carnes) feito em temperatura
ambiente. Embora os testes não tenham sido feitos em laboratório, o tribunal
independente considerou que era mais provável que a comida de Errani estivesse
contaminada, e não o contrário. Além disso, o relatório conclui que não existem
provas que o letrozol melhore o desempenho de um jogador de elite mundial do
tênis.
Foto: Adam Pretty/Getty Images Europe
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