No final da noite de domingo, a Comissão
dos Atletas dos Esportes Aquáticos, publicou uma nota contrária aos dirigentes
que teriam pedido a suspensão brasileira do Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos
de Budapest. Os dirigentes não reconhecem a eleição da CBDA e enviaram uma
carta ao president da Federação Internacional de Natação (FINA) para que os
atletas fossem impedidos de competir sob as cores e hino do Brasil.
No início de junho a Confederação
Brasileira de Esportes Aquáticos (CBDA) elegeu seu novo presidente, Miguel
Cagnoni, após um turbulento processo eleitoral que se arrastou por meses. Como
a CBDA passava por um processo de investigação e intervenção, devido a prisão
do até então presidente Coaracy Nunes, a Federação Internacional de Natação (FINA)
um dia antes da votação disse que não reconhecia a eleição brasileira e ameaçou
suspender o país do Mundial de Budapeste, que viria a ser disputado no final de
julho. Após entrarem em acordo com a FINA, que impôs medidas para que a nova
diretoria fosse reconhecida, os nadadores foram liberados a competirem sob a
bandeira brasileira.
No mundial os atletas conquistaram oito
medalhas no total, sendo duas delas de ouro. Puderam usar os uniformes
nacionais, ouviram o hino nacional e exibiram a bandeira brasileira. No
entanto, já no fim do mundial, surgiu a informação de que presidentes de
federações estaduais, não satisfeitos com o resultado das eleições, teriam
escrito uma carta para Julio Maglione, presidente da FINA, pedindo que a
entidade não reconhecesse a eleição, e para que os atletas brasileiros fossem proibidos
de competir sob a bandeira brasileira, suspendendo o país da competição.
A carta divulgada nesse domingo expõe
justamente o descontentamento dos atletas brasileiros ao tomarem conhecimento
da carta e das ações de alguns dirigentes. A carta fala sobre a dificuldade que
a nova diretoria da CBDA e os próprios atletas tiveram em sensibilizar a FINA para
que o país não fosse suspenso do mundial. Os atletas ressaltaram ainda a
legalidade da eleição da nova presidência, e das possíveis sanções a quem
quebra as regras da FINA, o que seria o caso da administração anterior.
Sem citar nomes ou federações, a carta firma
que a comunidade aquática já está com problemas suficientes para serem
resolvidos. “Faço registrar que não precisamos de mais problemas
que enfrentamos e estamos resolvendo, pois precisamos nos unir, arrumar a casa,
fazer o que tem de ser feito para que possamos reescrever o presente e
vislumbrar um futuro promissor (…)”.
A carta aberta foi assinada pelo presidente
da Comissão dos Atletas, o nadador Leonardo de Deus, e compartilhada por
diversos atletas, como César Cielo e Joanna Maranhão. Ao fim do texto, os
atletas pedem uma maior união da comunidade aquática e que as pessoas não
atrapalhem, mas sim ajudem na resolução dos problemas. “Nós atletas pedimos para que acabem com tudo isso e olhem para o
futuro e o novo horizonte que está surgindo, pois é isso que nos move e motiva.
O momento é de união e precisamos de todos” comcluiram.
Abaixo a íntegra da carta dos atletas:
“Comunidade
Esportiva Brasileira,
Nós
atletas brasileiros dos Desportos Aquáticos ainda estamos comemorando a
felicidade em ter disputado o XVII Mundial de Desportos Aquáticos, realizado em
Budapeste, Hungria no mês de julho de 2017. Ainda estamos comemorando os
positivos resultados e vitórias que obtivemos, que para alguns podem não ter
muito significado mas sim para nós atletas, pois é indescritível entrar numa
arena de competição, ouvir o seu nome, o nome do seu país e poder competir
vestindo as cores da nossa bandeira, chegar no lugar mais alto do pódio e junto
com o mundo inteiro ouvir o nosso hino nacional do Brasil.
Esta
condição só foi possível porque a atual administração da CBDA e nós atletas
muito nos esforçamos para sensibilizar a FINA – Federação Internacional de
Natação, autorizar o Brasil participar do importante evento, à medida que lhes
enviamos uma carta explicando toda a condição crítica que nossos esportes
aquáticos se encontravam, pois, na carta, pedíamos que reconhecessem o pleito
das eleições da CBDA e nos dessem a oportunidade competirmos pelo Brasil, e,
posteriormente cumpríssemos as imposições daquela Federação Internacional, o
que fosse necessário fazermos administrativamente e legalmente na CBDA.
É público
que durante o mundial o Sr. Júlio Maglione – Presidente da FINA, divulgou para
a mídia internacional que a CBDA está se reorganizando e espera que faça o
dever de casa, cumpra as orientações a ela direcionadas, para que tudo seja
validado e volte à normalidade.
Nesta,
aproveitamos a oportunidade de agradecer o apoio que tivemos da FINA, na figura
do seu presidente o Sr. Julio César Maglione, por permitir que nós atletas
pudéssemos representar nosso Brasil, no 17th FINA World Championships Budapest
(HUN) e, da mesma maneira, aos Correios, nosso maior patrocinador, por
acreditar na nova equipe da CBDA e em nós atletas dos Desportes Aquáticos
Brasileiros que lá estávamos “molhando a camisa”.
Na
importante competição, mesmo com uma equipe pequena pudemos acompanhar a
positiva retomada de potência aquática que somos, pois, apesar das dificuldades
atuais, tivemos a oportunidade de mostrar o que não mostramos na Rio2016, que
foi a capacidade de nos superar e buscar voltar ao lugar de uma importante
natação de destaque mundial, a medida que mostramos resultados expressivos nas
Maratonas Aquáticas com características de resistência e fôlego de lutar até o
fim, da velocidade de rapidamente nos recuperar de uma situação difícil e nos
superar assim como nas provas de 50m em piscinas, e o maior de todos esses
exemplos, que é o de união de um time, que juntos com todos brasileiros
torcemos e nos emocionamos com nosso revezamento 4×100 livre, medalha de prata,
resultado que nos deu esperança de que estamos no caminho certo de trabalhar
como um time, despidos de interesses que não sejam o nosso bem comum e dos
nossos Esportes Aquáticos.
Mesmo com
os expressivos resultados em meio as dificuldades do pós olimpíada Rio2016, dos
problemas de descrédito que os esportes aquáticos tem enfrentado, do esforço da
atual administração, dos nossos patrocinadores e de nós atletas dos esportes
aquáticos, para nossa total surpresa, no meio da importante competição mundial
de desportos aquáticos, de maneira surpreendente
o Brasil foi informado que a FINA havia recebido um pedido de pessoas
insatisfeitas e não reconhecessem as eleições a qual a justiça brasileira e nós
Comissão de Atletas reconhecemos.
Faço
registrar que não precisamos de mais problemas que enfrentamos e estamos
resolvendo, pois precisamos nos unir, arrumar a casa, fazer o que tem de ser feito
para que possamos reescrever o presente e vislumbrar um futuro promissor,
pavimentar uma estrada com base sólida para que venham investimentos e tenhamos
visibilidade positiva nas mídias, termos mais praticantes de natação e mais
crianças nadando e despertando para outras modalidades aquáticas, enfim, que
haja uma melhora na base do esporte brasileiro com a necessária transparência,
gestão participativa e legalidade.
Precisamos
repensar muita coisa sobre a nossa capacitação e melhoria nas condições de trabalho
de nossos treinadores, da nossa arbitragem, dos equipamentos aquáticos para que
surjam novas oportunidades, além de buscar novas soluções e caminhos para que
possamos seguir com esperança e motivação para fazer aquilo que amamos de
maneira limpa e correta, seguindo o “Fair Play” e a honestidade.
Nesta
Carta Aberta registro que é o momento importante de unir os amantes do esporte,
colaboradores, atletas, clubes, federações e confederação e mesmo aqueles
insatisfeitos, em torno dos nossos Desportos Aquáticos. Após expressar todo
esse sentimento de nós atletas, novamente peço que não nos atrapalhem, e sim
nos ajudem.
Aliás, ao
contrário do que se fala, nós atletas estamos defendendo os interesses do
esporte na essência da legalidade e buscando cumprir o que estabelece as regras
da FINA, no item C. 2 SANÇÕES – onde constam as sanções aplicáveis àqueles que
violem de maneira deliberada o estabelecido no documento, pois o item C 12.1
estabelece que qualquer membro, entidade de um membro ou membros individuais de
uma entidade pode ser sancionada, e o item “C 12.1.3 – por trazer o esporte em
descrédito.”
Ao
exposto, pedimos àqueles insatisfeitos que não se posicionem como um obstáculo
ao progresso e ao equilíbrio que precisamos. É urgente que possamos agir com
responsabilidade, e àqueles insatisfeitos nos ajudem a virar logo esta página
mal escrita do nosso esporte, não apaguem o que construímos e não lutem para
dividir e separar, mas sim, unir, agregar, compartilhar e somar.
Nós
atletas pedimos para que acabem com tudo isso e olhem para o futuro e o novo
horizonte que está surgindo, pois é isso que nos move e motiva. O momento é de
união e precisamos de todos.
“ União,
Transparência, Gestão Participativa e Legalidade”
Agradecemos
a todos pela torcida,
Muito Obrigado…
São Paulo,
06, de agosto de 2017
Leonardo
Gomes de Deus
Presidente
da Comissão de Atletas dos Desportos Aquáticos"
Foto: Divulgação CBDA
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