"É um tanto complicado definir qual seria o meu momento olímpico. A primeira memória é dos jogos de Barcelona, em 1992. Tudo era mágico, da flecha na abertura ao “dream team” norte-americano nas quadras de basquete, passando pelo ouro do Brasil no vôlei masculino.
Atlanta, por sua vez, teve o mais emblemático torneio de futebol desde 1928. A gloriosa Nigéria passando pelos gigantes Brasil e Argentina foi algo histórico em uma modalidade coadjuvante no evento. No mesmo ano, os duelos entre cubanas e brasileiras nas quadras de vôlei ficaram para a história: pelos grandes jogos e pelas cenas lamentáveis.
Contudo, talvez o meu momento olímpico tenha sido em 2004, na maratona em Atenas, onde Vanderlei Cordeiro de Lima protagonizou uma epopeia digna dos melhores roteiristas de cinema. Já veterano, com então 33 anos, o brasileiro surgiu como um raio e vinha dominando a prova quando o irlandês Cornelius Horan apareceu do nada e segurou o fundista brasileiro. Horan já havia aprontado uma patacoada semelhante no Grande Prêmio da Inglaterra de 2003.
Lembro de estar vendo TV e gritar “Que filho da p*…! Ferrou com o cara!” De fato, o tempo perdido custou o ouro à Vanderlei. A medalha ficou com o italiano Stefano Baldini. Ainda assim, Vanderlei garantiu seu lugar no pódio com a medalha de bronze. O norte-americano Mebrahtom Keflezighi ficou com a prata.
A verdade é que, a exemplo do que aconteceu à Grabrielle Andersen e Joan Benoit vinte anos antes, Vanderlei Cordeiro de Lima entrou para a história, enquanto o campeão Baldini é quase uma nota de rodapé naquele capítulo escrito em ruas gregas. "
Caio Costa, jornalista do NordesTV/Band
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