O evento-teste do Tênis de Mesa para os Jogos Olímpicos Rio 2016, que aconteceu na última semana, na
capital carioca, reuniu os principais nomes da seleção brasileira na
mesa, mas também trouxe ao Brasil a visita de quem comanda o esporte a
nível mundial: Thomas Weikert, presidente da Federação Internacional de
Tênis de Mesa (ITTF).
Em
solo brasileiro pela primeira vez, o alemão se mostrou feliz pelo
evento reunir os principais representantes do país sede e apontou a
chance de uma medalha que seria inédita, em casa.
"Eu
estou feliz que os atletas brasileiros estão aqui, porque eles
melhoraram e melhoraram muito. Nós olharemos o chaveamento daqui a
alguns meses e talvez para os homens haja uma chance de medalha, nas
equipes", afirmou Weikert.
O
otimismo do dirigente se deve principalmente ao novo patamar atingido
pelo tênis de mesa brasileiro depois dos Jogos de Londres (2012). Desde
então, país obteve seus melhores resultados da história em Campeonatos
Mundiais (incluindo paralímpicos), Jogos Olímpicos da Juventude, Jogos
Pan e Parapan-Americanos, Circuito Mundial.
"As
jogadoras também estão melhorando. A Bruna Takahashi foi excelente no
Desafio Mundial de Cadetes, eu também estava lá e a vi aqui no Rio
novamente. Todos têm um bom treinamento, participam de vários eventos do
Circuito Mundial, os homens jogam na Europa. O Rio só está a oito meses
de distância, se tivessem mais tempo seria melhor, mas acho que será um
bom campeonato para eles e no futuro podem crescer ainda mais",
apostou.
Aos
olhos de Weikert, o torneio no Rio de Janeiro atingiu as expectativas
do que se propunha, visando otimizar o trabalho dos organizadores do
Comitê Rio 2016 com a modalidade na hora em que os melhores do mundo
estiverem aqui.
"É
um evento-teste, e, como tal, ele serve, para experimentar os aspectos
técnicos, ou seja: mesas, cor, o prédio, o piso - pela primeira vez no
tênis de mesa, verde. Acho que as cores estão legais, elas se adequam às
cores do Rio para as Olimpíadas e estou confiante de que, se houver
quaisquer problemas, nós os resolveremos", disse o alemão, que não
lamentou a ausência de mais jogadores top, já que a temporada do esporte não acabou e importantes compromissos se aproximam.
"Eles
estão se preparando para grandes competições, além das Olimpíadas,
campeonatos mundiais, o Grand Finals em dezembro, em Lisboa, o Aberto da
Suécia foi uma semana antes, então é difícil para os jogadores,
especialmente os europeus e os chineses, virem aqui", ponderou.
A Alemanha e o futuro do tênis de mesa brasileiro
Recentemente,
o medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos da Juventude, Hugo
Calderano, e o experiente tricampeão pan-americano e quinto na Copa do
Mundo deste ano, Gustavo Tsuboi, tem sido dois expoentes da modalidade.
Além da medalha de prata no Aberto do Catar, melhor resultado da
história das Américas num evento da série Super, a segunda mais difícil
do Circuito, eles têm em comum a ida para a Alemanha como grande trunfo
em suas carreiras.
Nos dias atuais, a Bundesliga (nome
oficial da Liga Nacional Alemã) talvez seja a mais disputada da Europa,
reunindo nomes como os anfitriões Dimitrij Ovtcharov (4º colocado no
ranking mundial) e Timo Boll (8º), o croata Andrej Gacina (20º), o
português Tiago Apolonia (24º), o grego Panagiotis Gionis (27º) e o
francês Simon Gauzy (28º) - este último companheiro de clube de
Calderano no Liebherr Ochsenhausen.
E
o presidente Thomas Weikert sabe muito bem o que representa fazer parte
da elite do tênis de mesa alemão: afinal, ele mesmo empunhou e empunha a
raquete até hoje, quando encontra tempo.
"Joguei
alguns anos na Bundesliga, nos anos 1980. No momento, jogo na quinta
divisão da Alemanha e tento treinar pelo menos duas ou três vezes por
mês, mas é difícil (risos). Eles têm um ótimo treinamento, porque a
Alemanha tem alguns centros: em Ochsenhausen, por exemplo, é um centro
privado e uma referência no tênis de mesa alemão. Temos também a sede do
tênis de mesa nacional em Dusseldorf, onde os jogadores de base moram,
treinam e vão à escola", contou Weikert, que dirigiu a Federação Alemã
por dez anos, até 2015.
Além
de Calderano, Tsuboi e Eric Jouti (que atua em divisões inferiores),
Thiago Monteiro foi um dos primeiros a atuar na Europa e atualmente joga
nos Istres, da Pro A - a primeira divisão da Liga Francesa.
Cazuo Matsumoto joga na Polônia, enquanto Lin Gui está na Áustria. Com o
crescimento do tênis de mesa brasileiro, a ITTF tem interesse que todo o
bloco continental evolua paralelamente.
"Eu
tive uma longa reunião com o presidente Alaor e discutimos alguns
aspectos em que a ITTF pode ajudar e outros em que os brasileiros podem
nos ajudar, porque a ITTF tem o programa de desenvolvimento e está
interessada em que as parcerias na América Latina estejam melhorando.
Não só no Brasil, claro", contou Thomas.
O
grande objetivo é que, após os Jogos Olímpicos no Rio, a modalidade
esteja bem mais difundida e, assim, conquiste mais espaço na mídia,
valorizando todos os envolvidos. Para tal, várias ações serão
desenvolvidas na capital fluminense.
"Nós
temos interesses aqui, esse é um grande mercado e queremos o tênis de
mesa na televisão. Nós temos algumas ideias para promoção, porque
estamos interessados aqui em termos casa cheia nos Jogos. Podemos
promover o tênis de mesa aqui, talvez também com alguns jogadores
europeus, vamos ver", concluiu Weikert, deixando bons presságios para os
amantes do esporte.
Foto: RGB Studios
0 Comentários